Pular para o conteúdo

Estrada construída há 7.000 anos é encontrada no fundo do mar Mediterrâneo

Traduzido por Julio Batista
Original de Rebecca Dyer para o ScienceAlert

Arqueólogos desenterraram os restos de uma estrada de 7.000 anos escondida sob camadas de lama do mar na costa sul da Croácia.

Feita no sítio neolítico submerso de Soline, esta emocionante descoberta pode ter ligado o antigo assentamento da cultura Hvar à agora isolada ilha de Korčula.

Outrora uma ilha artificial, o antigo sítio arqueológico de Soline foi descoberto em 2021 pelo arqueólogo Mate Parica, da Universidade de Zadar, na Croácia, enquanto analisava imagens de satélite da área aquática ao redor de Korčula.

Parte da costa da Ilha de Korčula na Croácia. (Créditos: Universidade de Zadar)

Depois de detectar algo que ele pensou que poderia ser feito pelo homem no fundo do oceano, Parica e um colega mergulharam para investigar.

A uma profundidade de 4 a 5 metros no Mar Adriático do Mediterrâneo  eles encontraram paredes de pedra que podem ter feito parte de um antigo assentamento. A massa de terra sobre a qual foi construída estava separada da ilha principal por uma estreita faixa de terra.

“A sorte é que esta área, ao contrário da maior parte do Mediterrâneo, está protegida de grandes ondas, já que muitas ilhas protegem a costa”, disse Parica à Reuters em 2021. “Isso certamente ajudou a preservar o local da destruição natural.”

A estrada pré-histórica recém-descoberta foi protegida de ondas poderosas por milênios graças a essas ilhas também.

Com cerca de 4 metros de largura, a via foi construída com lajes de pedra cuidadosamente empilhadas. Hoje está coberta por uma espessa camada de lama, como seria de esperar de uma estrutura subaquática.

Os pesquisadores acreditam que a cultura neolítica de Hvar, que já habitou o leste do Adriático, construiu o agora submerso assentamento de Soline e a antiga passagem que ligava as ilhas.

Por meio da análise de radiocarbono da madeira preservada, todo o assentamento foi datado em aproximadamente 4.900 a.C.

“As pessoas caminhavam por esta estrada há quase 7.000 anos”, disse a Universidade de Zadar em um comunicado no Facebook sobre sua descoberta mais recente.

Esta notável pesquisa é o resultado da colaboração entre especialistas dos Museus de Dubrovnik, o Museu da Cidade de Kaštela, a Universidade de Zadar, o Museu da Cidade de Korčula, juntamente com a assistência de fotógrafos e mergulhadores.

Baía de Gradina, onde foi encontrado o segundo assentamento submerso. (Créditos Universidade de Zadar)

Este não é o único segredo que Korčula guarda. A mesma equipe de pesquisa descobriu outro assentamento subaquático no lado oposto da ilha que é surpreendentemente semelhante a Soline e produziu alguns artefatos intrigantes da Idade da Pedra.

O arqueólogo da Universidade de Zadar, Igor Borzić, notou recentemente estruturas intrigantes sob as águas da baía. Assim, os pesquisadores que mergulharam no local de Soline foram explorar o fundo do mar e, para sua grande alegria, descobriram um assentamento quase idêntico submerso a uma profundidade de 4 a 5 metros.

“Artefatos neolíticos, como lâminas para laticínios, machados de pedra e fragmentos de oferendas foram encontrados no local”, acrescentou a Universidade de Zadar.

Os novos assentamentos encontrados, como os de Soline e sua estrada ligando o continente a ilha, parecem ter laços com a cultura Hvar.

Cerca de 12.000 anos atrás, a era neolítica, também conhecida como a Nova Idade da Pedra, surgiu em algumas partes do mundo, à medida que passamos gradualmente de um estilo de vida caçador-coletor para a agricultura e a domesticação de animais, resultando em assentamentos mais permanentes de comunidades.

Múltiplos achados arqueológicos, restos de esqueletos, artefatos, modelagem computacional de padrões genéticos e muitas outras fontes, como o queijo croata de 7.200 anos, contribuem para nosso conhecimento dos humanos neolíticos.

Mas os assentamentos insulares do período neolítico não são encontrados com tanta frequência. Portanto, essas são descobertas emocionantes para os arqueólogos, mostrando como nossos ancestrais poderiam se adaptar a diferentes ambientes e construir estradas entre eles.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.