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Estruturas rochosas de 3,5 bilhões de anos são um dos mais antigos sinais de vida na Terra

Traduzido por Julio Batista
Original de

Rochas em camadas na Austrália Ocidental são algumas das primeiras formas de vida conhecidas da Terra, de acordo com um novo estudo.

Os fósseis em questão são estromatólitos, rochas em camadas que são formadas pelas excreções de micróbios fotossintéticos. Os estromatólitos mais antigos que os cientistas concordam que foram feitos por organismos vivos datam de 3,43 bilhões de anos, mas também existem espécimes mais antigos. Na Formação Dresser da Austrália Ocidental, foram encontrados estromatólitos que datam de 3,48 bilhões de anos.

No entanto, bilhões de anos eliminaram vestígios de matéria orgânica nesses estromatólitos mais antigos, levantando questões sobre se eles foram realmente formados por micróbios ou se podem ter sido feitos por outros processos geológicos.

O veredicto do novo estudo: foi pela vida antiga.

“Conseguimos encontrar certas microestruturas específicas dentro de camadas particulares dessas rochas que são fortemente indicativas de processos biológicos”, disse Keyron Hickman-Lewis, paleontólogo do Museu de História Natural de Londres, que liderou a pesquisa.

Tapetes microbianos

As descobertas podem ter implicações para a busca por vida em Marte, disse Hickman-Lewis à Live Science. Os estromatólitos na Formação Dresser são incrustados em óxido de ferro a partir da reação do ferro com o oxigênio na atmosfera. A superfície de Marte é similarmente oxidada – daí a cor laranja enferrujada – mas suas rochas podem conter estruturas semelhantes deixadas pela antiga vida marciana, disse Hickman-Lewis.

Hickman-Lewis e sua equipe examinaram estromatólitos da Austrália Ocidental descobertos pela primeira vez em 2000 pela coautora do estudo Frances Westall no Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) na França. Eles usaram uma variedade de técnicas de imagem 2D e 3D de alta resolução para examinar as camadas do estromatólito em uma escala fina.

O que eles viram sugeriu o crescimento biológico em toda a sua glória e complexidade. Os pesquisadores observaram camadas irregulares, incluindo pequenas formas de cúpula que são indicativas de fotossíntese, já que os micróbios com mais acesso a luz solar crescerão mais vigorosamente do que aqueles que não estão tão expostos. Eles também viram estruturas colunares típicas dos estromatólitos modernos, que ainda são encontrados em alguns locais ao redor do mundo.

“Os tapetes microbianos fornecem camadas que são desiguais em sua espessura e tendem a ser ‘enrugadas’ ou sobem e descem em escalas espaciais muito pequenas”, disse Linda Kah, uma sedimentologista e geoquímica da Universidade do Tennessee (EUA) que não esteve envolvida no novo estudo. Juntando todas as pistas estruturais, ela disse à Live Science, “você acaba com o que parece ser as características de um tapete microbiano”.

Micróbios marcianos? 

A evidência de que os estromatólitos da Formação Dresser são sinais de vida antiga não os torna a vida mais antiga do planeta. Essa (possível) honra pode ir para estromatólitos encontrados em rochas de 3,7 bilhões de anos na Groenlândia, ou possivelmente para microfósseis do Canadá que podem ter até 4,29 bilhões de anos. É muito difícil distinguir a vida biológica de processos não orgânicos nessas rochas muito antigas, no entanto, essas descobertas e outras de um período semelhante são controversas.

Com base nos minerais dos estromatólitos, os tapetes microbianos da Austrália Ocidental provavelmente se formaram em uma lagoa rasa alimentada por fontes hidrotermais que também estavam conectadas ao oceano, relataram os pesquisadores em 4 de novembro na revista Geology.

As técnicas usadas para estudar os estromatólitos da Austrália Ocidental podem ser úteis para buscar vida em Marte, disse Hickman-Lewis, especialmente se as amostras de Marte puderem ser devolvidas à Terra.

Os cientistas devem “considerar algumas das análises aqui como um teste das análises que teremos que fazer em cerca de uma década, quando tivermos materiais de Marte”.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.