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Estudo da UFRN mostra que Ayahuasca diminui sintomas da depressão

José de Paiva Rebouças de Ascom Instituto do Cérebro/UFRN

Um grupo de cientistas brasileiros realizou o primeiro ensaio randomizado controlado por placebo com ayahuasca em 29 pacientes com depressão e os resultados são animadores. O trabalho, coordenado pelo professor Dráulio Araújo, responsável pelo laboratório de Neuroimagem Funcional do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ICe-UFRN), foi publicado na revista Psychological Medicine, da editora da Universidade de Cambridge (Reino Unido).

Com o título “Efeitos antidepressivos rápidos da ayahuasca psicodélica na depressão resistente ao tratamento: um ensaio randomizado controlado por placebo”, a pesquisa mostra que em comparação ao placebo, a ayahuasca é segura e alivia os sintomas de depressão em pacientes que não responderam aos tratamentos convencionais. Este é o primeiro estudo controlado com ayahuasca para a depressão e os resultados são promissores e interessantes.

Durante a pesquisa, metade dos pacientes foram tratados com ayahuasca e metade com placebo. “Nossos pacientes experimentaram um efeito placebo significativamente alto, mas os efeitos da ayahuasca foram superiores e duraram mais”, explicou João Paulo Maia, psiquiatra do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL-UFRN) e coautor do estudo. Melhoras significativas já foram observadas um dia após a sessão com ayahuasca. “Sete dias após a sessão, o efeito aumentou e 64% dos pacientes responderam à ayahuasca, enquanto 27% responderam ao placebo”, explica Fernanda-Fontes, primeira autora do estudo.

A Organização Mundial de Saúde estima que mais de 300 milhões de pessoas sofram de depressão e cerca de um terço não responde aos antidepressivos atualmente disponíveis. Além disso, a maioria das pessoas só começa a sentir os benefícios positivos desses medicamentos depois de duas semanas de uso.

Estudo recente, não controlado, sugere efeito antidepressivo de início rápido de uma única sessão de ayahuasca em 17 pacientes com depressão refratária ao tratamento. Embora promissores, esses estudos não controlaram o efeito placebo, que pode ser notavelmente alto em ensaios clínicos para depressão, atingindo 30-40% dos pacientes.

“Estamos muito animados com esses novos resultados. Os efeitos foram semelhantes aos que observamos anteriormente, em que os pacientes apresentaram melhora já nas primeiras horas após a ingestão da ayahuasca”, observou Jaime Hallak, professor de psiquiatria da Universidade de São Paulo e coautor do estudo.

Ayahuasca

A ayahuasca é uma bebida tradicionalmente usada para fins de cura e rituais espirituais pelas populações indígenas da floresta amazônica. Começou a ser usada em ambientes religiosos dos pequenos centros urbanos brasileiros em 1930, alcançando grandes cidades nos anos 80 e expandindo-se desde então para várias outras partes do mundo.

“Há outra onda psicodélica a caminho e temos a chance de recuperar o tempo perdido. Estas são substâncias poderosas que devem ser tratadas com grande respeito e usadas em ambientes apropriados e com intenções apropriadas”, concluiu o neurocientista Draulio Araújo.

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