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Estudo linguístico afirma que as línguas são mais barulhentas nos trópicos

Estudo linguístico afirma que as línguas são mais barulhentas nos trópicos

As línguas são um fator-chave nas sociedades humanas. Eles conectam pessoas, servem como veículo para transmitir conhecimentos e ideias, mas também distinguem diferentes grupos de pessoas. As línguas podem, portanto, dizer-nos muito sobre as sociedades que as utilizam. Como as línguas estão em constante mudança, é importante conhecer os fatores que desempenham um papel nisso. Os cientistas podem então reconstruir processos passados ​​com base em línguas.

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Num estudo publicado hoje (5 de dezembro) na revista online PNAS Nexus, o linguista de Kiel, Dr. Søren Wichmann, juntamente com colegas da China, demonstra que as temperaturas ambientes médias influenciam o volume de certos sons da fala. “De modo geral, as línguas nas regiões mais quentes são mais barulhentas do que as das regiões mais frias”, diz o Dr.

A física do ar influencia a fala e a audição

A ideia básica por trás do estudo é que estamos rodeados de ar quando falamos e ouvimos. As palavras faladas são transmitidas pelo ar como ondas sonoras. As propriedades físicas do ar, portanto, influenciam a facilidade de produzir e ouvir a fala.

“Por um lado, a secura do ar frio representa um desafio à produção de sons sonoros, que requerem vibração das cordas vocais. Por outro lado, o ar quente tende a limitar os sons surdos, absorvendo a sua energia de alta frequência” explica o Cientista.

Esses fatores poderiam favorecer um volume maior de determinados sons da fala em climas mais quentes, conhecido como sonoridade em termos científicos.

Extenso banco de dados de fala ajuda na análise

Dr. Wichmann e seus colegas usaram o banco de dados do Automated Similarity Judgment Program (ASJP) para testar se esses fatores realmente têm um efeito no desenvolvimento de línguas. Atualmente contém o vocabulário básico de 5.293 idiomas e está em constante expansão com o apoio do ROOTS Cluster of Excellence.

Dr. Wichmann e seus colegas descobriram que as línguas que ocorrem ao redor do Equador, em particular, têm uma sonoridade média elevada, as línguas na Oceania e na África têm o índice correspondente mais alto. Em contraste, o recorde mundial de baixa sonoridade pertence às línguas Salish, na costa noroeste da América do Norte.

No entanto, existem algumas exceções a esta tendência. Por exemplo, algumas línguas na América Central e no continente do Sudeste Asiático têm uma sonoridade média bastante baixa, embora sejam faladas em regiões muito quentes.

“No geral, porém, conseguimos estabelecer uma relação clara entre a sonoridade média das famílias linguísticas e a temperatura média anual”, enfatiza o Dr. Wichmann. As exceções sugerem que os efeitos da temperatura na sonoridade se desenvolvem apenas lentamente e apenas moldam os sons de uma língua ao longo de séculos ou mesmo milênios.

Novas abordagens de pesquisa para fenômenos das sociedades humanas

Os cientistas estão atualmente discutindo intensamente até que ponto o ambiente molda as línguas. “Durante muito tempo, a investigação assumiu que as estruturas linguísticas são auto-suficientes e não são influenciadas de forma alguma pelo ambiente social ou natural. Estudos mais recentes, incluindo os nossos, estão começando a questionar isto”, diz o Dr. Wichmann.

Estudos como este também poderiam abrir novos caminhos para insights sobre as sociedades humanas, por exemplo, sobre o tema da migração. “Se as línguas se adaptam ao seu ambiente num processo lento que dura milhares de anos, então elas carregam algumas pistas sobre o ambiente das suas línguas predecessoras”, diz o linguista de Kiel.

 

Traduzido por Mateus Lynniker de Phys.Org

Mateus Lynniker

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