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Estudo sugere que a TARDIS do Doctor Who pode ser cientificamente possível

Fãs de Doctor Who podem se alegrar! De acordo com um novo estudo publicado por um par de físicos Whovians, a geometria do espaço-tempo em que a TARDIS faz suas manobras pode existir em nosso próprio universo, permitindo a viagem em todas as direções através do tempo e do espaço. Talvez o aspecto mais excitante desse estudo é sua conclusão — por causa do tamanho absolutamente maciço do universo, em algum lugar lá fora, Gallifreyanos podem de fato existir. Isso mesmo, podem existir verdadeiros Senhores e Senhoras do Tempo, e o Doutor pode muito bem ser real. Eu sei que parece inacreditável, mas continue lendo…

Esse estudo é incrível tanto pelo seu conteúdo quanto por seu design. Os físicos o nomearam de “Traversable Achronal Retrogade Domains In Spacetime” (vá em frente e descubra o acrônimo). É de autoria de Ben Tippett e David Tsang (físicos de verdade) que dizem trabalhar no Instituto Politécnico de Gallifrey e no Instituto Tecnológico de Gallifrey (infelizmente, instituições fantasia). Devido ao nome do estudo e das supostas instituições, eu tenho certeza que Tippett e Tsang são fãs da fantástica série Doctor Who (de fato, não tem sentido ser um cientista crescido se você não pode se divertir às vezes). Na vida real, Tsang é um astrofísico teórico que se graduou em Cornell. Atualmente ele está na Universidade McGill, no Canadá. Tippett é um físico teórico e matemático que atualmente ensina na Universidade da Columbia Britânica.

OK, vamos ao estudo. Caso você não saiba, a geometria do espaço-tempo basicamente  descreve a estrutura do tecido da nossa realidade. Essa geometria governa, obrigatoriamente, a natureza do nosso universo. O espaço-tempo em nosso universo, pelo que sabemos, é construído por três dimensões de espaço e uma dimensão de tempo. A geometria do espaço-tempo e o estudo de sua estrutura são extremamente complicados, e é atualmente uma área importante para pesquisas (a geometria do espaço-tempo é descrita por Minkowski).

Untitled1Para que a TARDIS funcione, ela precisa existir em um universo onde a construção de curvas temporais fechadas (CTCs – Closed timeline curves) são possíveis. Uma curva temporal fechada é definida por casos onde as curvas dimensionais de tempo voltam sobre si mesmas, criando um circuito fechado. Hipoteticamente falando, você poderia entrar nesse circuito (ou construir um ao seu redor) e viajar adiante ou para trás no tempo e espaço como bem entender.

originalA TARDIS proposta no estudo de Tippett e Tsang criaria uma dessas curvas temporais, e então se moveria através do tempo e do espaço com um piloto aventureiro, uma companheira ousada, e Jelly Babies suficientes para andar por aí (okay, talvez não tudo isso… Mas você entendeu a ideia).

UntitleComo em toda boa aventura, há sempre alguns perigos e limitações. Para construir uma bolha da TARDIS, os viajantes precisariam usar uma matéria exótica – matéria que a existência ainda precisa ser provada em nosso universo; e também teria de violar a mecânica clássica. E essa é a parte fácil. Concluir essa tarefa possibilitaria que o veículo TARDIS viajasse em círculos (tanto no espaço quanto no tempo, mas isso é meio tedioso). Para se viajar em meios mais complicados, nós teríamos de cortar duas bolhas TARDIS e conectá-las pelas pontas. Quando você assiste à abertura de Doctor Who, é esse mecanismo que você vê (você está dentro do vórtex temporal/bolha TARDIS e, sempre que a TARDIS muda de direção, você entra em um outro vórtex).

ku-xlargeQual é a pegadinha (sério, tem *mais* um problema)? Quando você conecta duas bolhas TARDIS, é possível que você entre em um lado, e saia em um universo feito de antimatéria (Me desculpe. Me desculpe mesmo).

A coisa mais legal sobre esse estudo da TARDIS é o “The Blue Box White Paper“, que é uma explicação do estudo da TARDIS, escrito para leigos pelos autores originais. O estudo é de fácil compreensão e cheio de muitas outras referências e analogias ao universo Who do que as que eu fui capaz de comprimir nesse artigo.

No fim, podemos dizer aos outros que uma linha reta é a menor distância entre dois pontos, mas não é de maneira alguma a mais interessante. Gerônimo!

OBS: Esse texto é apenas uma brincadeira dos pesquisadores, e bateria de frente com muitos modelos atualmente aceitos. Para uma lista completa com todas as implicações, ler a sessão “Questions For Future Consideration” no PDF.

Carlos Abelardo

Carlos Abelardo

24 anos. Trabalha com divulgação científica desde a adolescência. Hoje é Biólogo, Mestrando em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal de Goiás.