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Estudo sugere que poderíamos detectar ondas gravitacionais de megaestruturas alienígenas

Traduzido por Julio Batista
Original de Michelle Starr para o ScienceAlert

A questão de saber se existe vida alienígena inteligente lá fora na galáxia Via Láctea mais ampla poderia ser respondida por ondas gravitacionais.

De acordo com um novo paper escrito por um grupo internacional de cientistas e engenheiros chamado Applied Physics, detectores terrestres como o Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO, na sigla em inglês) deveriam – teoricamente – ser capazes de detectar as ondas gravitacionais geradas pela megatecnologia extraterrestre.

Isso, disseram os pesquisadores, estenderia a busca por inteligência extraterrestre além dos vizinhos mais próximos da Terra para todas as estrelas da galáxia.

O paper, ainda a ser revisado por pares, será submetido aos Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. Atualmente, ele pode ser encontrado no servidor de pré-publicação arXiv.

Se a Terra é a única no Universo a hospedar vida inteligente (ou mesmo vida) é uma das maiores questões em aberto que atormentam a humanidade. Mas nossa capacidade de procurar tecnologias reconhecíveis é limitada a apenas algumas dezenas de milhares de estrelas. Os tipos de ondas eletromagnéticas que usamos para nos comunicar enfraquecem, ou atenuam, à medida que se espalham, tornando praticamente impossível filtrar o ruído além de algumas centenas de anos-luz.

Mas os sinais das ondas gravitacionais são diferentes. Eles não atenuam da mesma forma que os sinais eletromagnéticos e podem ser detectados em distâncias maiores. Então, se houvesse uma civilização alienígena inteligente com tecnologia capaz de gerar ondas gravitacionais poderosas, bem, talvez pudéssemos detectá-la.

As ondas gravitacionais são praticamente a única ferramenta que temos para sondar o cosmos que não depende da luz. Elas são gerados por eventos maciços; aqui na Terra, as ondas gravitacionais que detectamos foram produzidas por colisões entre objetos compactos massivos, buracos negros e estrelas de nêutrons. Quando esses cadáveres estelares se fundem, a fusão e a colisão enviam ondulações no próprio tecido do espaço-tempo – um pouco como a maneira como uma pedra jogada em um lago gera pequenas ondas, exceto em todas as direções e na velocidade da luz.

Na verdade, qualquer objeto com massa que acelera produz ondas gravitacionais. Mas as ondas gravitacionais produzidas por algo tão poderoso quanto um grande foguete ainda seriam muito pequenas para nossas atuais capacidades de detecção. Então, se uma civilização alienígena tivesse tecnologia capaz de produzir ondas gravitacionais que pudéssemos detectar, teria que ser algo impressionante.

Liderados pelo físico Luke Sellers, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, EUA, os pesquisadores começaram a calcular o tamanho e a velocidade de uma espaçonave alienígena que seria detectável pelo LIGO – o que eles chamaram de espaçonave de aceleração rápida e/ou maciça (RAMAcraft, na sigla em inglês).

Eles determinaram que o LIGO é capaz de detectar uma RAMAcraft em torno da massa de Júpiter (317,8 massas terrestres, então podemos descartar a possibilidade de detectar um aem breve), com um motor de dobra que pode acelerar a 10% da velocidade da luz. Se tal espaçonave operasse a cerca de 100 quiloparsecs, ou 326.000 anos-luz, da Terra, poderíamos detectá-la.

Como o disco da Via Láctea tem um diâmetro de até cerca de 260.000 anos-luz, isso cobriria confortavelmente as estrelas de nossa galáxia.

“Nosso estudo de motores de dobra abriu caminho para a detecção de ondas gravitacionais”, disse o físico Gianni Martire, CEO da Applied Physics.

“Este novo método não se limita à faixa tradicional de sinais eletromagnéticos; portanto, já temos a capacidade de sondar todas as 1011 estrelas da Via Láctea em busca de motores de dobra e, em breve, a capacidade de sondar milhares de outras galáxias.”

Os detectores de ondas gravitacionais propostos para desenvolvimento futuro, como o Observatório Interferométrico de Ondas Gravitacionais em Decihertz (DECIGO, na sigla em inglês) e o Observatório do Big Bang, devem ser 100 vezes mais sensíveis que o LIGO e podem, portanto, expandir o volume de pesquisa em 106, disseram os pesquisadores.

Tudo isso são grandes ‘e se?’. Mas agora que as bases foram lançadas, a equipe espera generalizar seus métodos para procurar objetos menores perto de casa. Essas buscas transformariam as ondas gravitacionais em unidades de Detecção e Alcance de RAMAcrafts (RAMADAR, na sigla em inglês).

“A detecção de ondas gravitacionais é uma ciência sofisticada, embora ainda esteja em sua infância”, escreveram os pesquisadores em seu paper.

“Conforme a metodologia é desenvolvida, a sensibilidade dos detectores pode se tornar tal que a detecção desses objetos seja uma ocorrência regular. Dessa forma, seria interessante concluir uma busca completa por esses objetos… Convidamos a comunidade científica para se juntar a nós.”

A pesquisa será submetida aos Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e está disponível no arXiv.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.