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Exercício físico leve pode ser melhor do que exercício moderado para gestantes contra a depressão

O risco de depressão é consideravelmente maior no decorrer da gestação. Já foi estimada uma prevalência de depressão de gravidade leve ou maior em 20% das mulheres durante a gravidez e 13% após o parto. O sofrimento psicológico, que é um estado de desconforto emocional acompanhado por sintomas de ansiedade e depressão, também é observado durante a gravidez, sofrimento psicológico grave é observado em 3,1% a 3,4% dos casos e sofrimento psicológico moderado em 28,6% a 34,6% 7. Também foi relatado que a depressão durante a gravidez está associada ao risco potencial aumentado de resultados adversos ao nascimento, como parto prematuro e baixo peso ao nascer. Além disso, sabe-se que a depressão após o parto compromete o funcionamento a rotina das mulheres, como autocuidado, vínculos e interações saudáveis com seus filhos.

Assim, em um estudo publicado na Scientific Reports, conduzido por pesquisadores vinculados à University of Toyama, Japão, avaliou associações entre combinações variadas de atividade física em diferentes intensidades durante a gravidez e sofrimento psicológico e depressão em uma grande amostra de gestantes.

Este estudo utilizou dados de mulheres grávidas residentes no Japão que participaram do Japan Environment and Children’s Study (JECS), um estudo de coorte nacional de nascimento em larga escala em andamento lançado pelo Ministério do Meio Ambiente do Japão em janeiro de 2011.

O número total de participantes analisadas foi 92.743 mulheres.

As variáveis examinadas foram 1) sofrimento psicológico pré-natal (gravidez no meio da tarde) e 2) depressão pós-parto.

A principal variável explicativa foi uma combinação de diferentes intensidades de atividade física durante a gestação. A intensidade da atividade física durante a gravidez foi avaliada com a versão curta traduzida do International Physical Activity Questionnaire (IPAQ). A intensidade da atividade física foi avaliada durante a gravidez no meio da tarde, quando também foi administrada uma medida pré-natal psíquica em hospitais ou clínicas afiliadas aos centros regionais de saúde. Três intensidades diferentes de atividade física (vigorosa, moderada e leve) foram avaliadas em um questionário autorreferido.

As seguintes perguntas foram usadas para avaliar as diferentes intensidades da atividade física: para atividade vigorosa: “Na semana passada, você se envolveu em atividade física vigorosa, incluindo carregar ou mover objetos pesados, andar de bicicleta em morros íngremes, correr ou tocar solteiros em tênis?”

Para atividades moderadas: “Na semana passada, você praticou atividades físicas moderadas, incluindo carregar ou mover objetos leves, brincar e correr com crianças, nadar devagar, jogar duplas no tênis ou jogar golfe sem usar um carrinho de golfe? Por favor, não inclua a caminhada como forma de atividade física moderada”.

Para atividades leves: “Na semana passada, você se envolveu em atividades físicas leves, como caminhar mais de 10 minutos? Por favor, inclua todas as formas de caminhada, incluindo caminhada no trabalho ou na vida cotidiana e caminhada como forma de atividade ou hobby”.

Cada variável foi registrada como variável dummy (sim = 1; não = 0). Essas variáveis não eram mutuamente exclusivas, o que significa que cada participante do estudo poderia se envolver em qualquer combinação das três intensidades diferentes de atividade física.

Os resultados indicaram que as associações entre atividade física e sofrimento psicológico pré-natal e depressão pós-parto variaram, dependendo de quais combinações de diferentes intensidades de atividade física as mulheres praticavam durante a gravidez. Mais comumente, aquelas mulheres que praticavam apenas atividade física leve durante a gravidez eram significativamente menos propensas a passar por um sofrimento psicológico durante a getação, enquanto as mulheres que praticavam uma combinação de todas as atividades físicas leves, moderadas e vigorosas durante a gravidez eram mais propensas a ter problemas psicológicos, angústia durante a gravidez e depressão após o parto.

Portanto, os achados sugerem que exercício leves apresentam melhores resultados sobre a saúde mental de gestantes em comparação com exercícios moderados e vigorosos.

Referência

  • Susukida, R., Usuda, K., Hamazaki, K. et al. Association of prenatal psychological distress and postpartum depression with varying physical activity intensity: Japan Environment and Children’s Study (JECS). Sci Rep 10, 6390 (2020). https://doi.org/10.1038/s41598-020-63268-1
Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br