Traduzido por Julio Batista
Original de Grace Mayer para o Business Insider
Imagine que você está pensando em um peixinho dourado.
Agora, e se a Inteligência Artificial pudesse interpretar o que você está pensando e transformar isso em uma imagem gerada por IA de um peixinho dourado – ou pelo menos uma versão bem próxima disso?
Pode soar como algo saído da ficção científica, mas um estudo de pré-publicado em novembro tentou fazer exatamente isso, produzindo algumas imagens fascinantes geradas por IA no processo.
As imagens que você verá abaixo à esquerda mostram a imagem de referência que foi mostrada aos participantes do estudo. As imagens à direita são o que a IA gerou após analisar as varreduras cerebrais dos participantes.
As imagens mostram que a tecnologia – projetada para reconstruir imagens a partir da leitura da atividade cerebral humana registrada – não é perfeita. Mas uma equipe de pesquisadores da Universidade de Stanford, da Universidade Nacional de Singapura e da Universidade Chinesa de Hong Kong está cada vez mais perto de conseguir esse feito.
Em um experimento, a equipe coletou dados da atividade cerebral dos participantes enquanto viam imagens. Enquanto a equipe de pesquisadores coletou amostras de muitos participantes, o estudo publicou resultados de fotos de IA de apenas um dos participantes envolvidos no estudo.
Os pesquisadores descobriram que a IA foi capaz de gerar imagens que correspondiam aos atributos das fotos originais – como cor e textura – e ao tema geral em 84% das vezes, informou a NBC.
Um modelo de IA foi então alimentado com os dados e imagens reconstruídas com base nos pensamentos dos participantes enquanto eles estavam dentro de uma máquina de ressonância magnética funcional (fMRI). A equipe publicou suas descobertas – incluindo as fotos resultantes – em um paper em novembro.
O trabalho da equipe está focado em entender a atividade das varreduras do cérebro humano e, finalmente, usar esses dados para decifrar o que uma pessoa está pensando. Mas, para gerar essas imagens, o modelo de IA usado no experimento precisou passar por horas de treinamento.
O modelo de IA, conhecido como Mind-Vis, foi treinado em um grande conjunto de dados pré-existente com mais de 160.000 varreduras cerebrais.
Para a segunda parte de seu treinamento, a IA foi treinada em outro conjunto de dados de um pequeno grupo de participantes cuja atividade cerebral foi registrada por uma máquina fMRI à medida que as imagens eram mostradas.
A partir disso, o modelo de IA aprendeu a vincular atividades cerebrais específicas com a visualização de recursos de imagem – como cor, forma, textura. Para treinar o modelo de IA, a atividade cerebral de cada participante também teve que ser analisada por 20 horas, informou a NBC.
Para o experimento real, os participantes dentro de uma máquina de fMRI viram mais uma vez uma série de novas imagens, e sua atividade cerebral foi registrada pela máquina. Depois de tudo isso, a IA foi capaz de gerar imagens com base nas avaliações feitas a partir da atividade cerebral dos participantes.
Este experimento é apenas um dos vários experimentos semelhantes de atividade cerebral e imagem de IA que surgiram nos últimos anos.
No início de março, a Vice noticiou sobre um grupo de pesquisadores da Universidade de Osaka, no Japão, que conduziu um experimento com objetivos semelhantes. Os resultados do experimento foram divulgados em dezembro. Mas em seu paper, os pesquisadores explicaram que seu estudo não envolveu o treinamento de um modelo de IA para criar as imagens.
Em 2019, o Futurism relatou um experimento de uma equipe na Rússia, onde uma IA esboça o que uma pessoa, que está usando uma touca de eletrodo, está vendo naquele momento.
A tecnologia ainda tem um longo caminho a percorrer antes que possa ser amplamente utilizada. Mas Zijiao Chen, estudante de doutorado na Universidade Nacional de Singapura e um dos pesquisadores do estudo, escreveu em um e-mail ao Insider que, à medida que a tecnologia for desenvolvida, ela poderá ser usada em medicina, psicologia e neurociência.
Tratamentos para pessoas com distúrbios neurológicos poderiam ser criados com essa tecnologia, escreveu Chen. Por exemplo, pessoas que não são capazes de se comunicar verbalmente podem se comunicar com seus pensamentos.
Chen escreveu que sua equipe espera que, à medida que a tecnologia melhorar, as pessoas eventualmente possam “controlar um computador apenas pensando nos comandos em vez de digitar nos teclados”.
Em um mundo perfeito, Chen acrescentou que poderíamos chegar a um ponto em que os telefones não seriam mais necessários para se comunicar. Em vez disso, as pessoas poderiam enviar mensagens apenas pensando.