Pular para o conteúdo

Ficção? Revoltas de zumbis podem nos ajudar a prever como futuras pandemias se espalharão

Ficção? Revoltas de zumbis podem nos ajudar a prever como futuras pandemias se espalharão

Nem sempre é preciso olhar para o mundo real para descobrir como as pragas se propagam. Cientistas na Finlândia estão modelando um cenário muito (espero que pelo menos) fictício para ajudar a compreender como os agentes patogênicos se espalham. Especificamente, eles estão olhando para os mortos-vivos cambaleantes – os macabros ressuscitados com gosto por cérebros humanos – zumbis.

Este esforço, que se centra nas interações individuais em vez de num modelo que abrange toda a população, poderá revelar conhecimentos que ajudem na preparação para futuras pandemias, dizem os pesquisadores.

Uma equipe liderada pela matemática Pauliina Ilmonen, da Universidade de Aalto, vem conduzindo modelos de uma revolta de zumbis, alterando os parâmetros para determinar como uma praga de mortos-vivos se espalharia pela Finlândia. Embora os resultados completos ainda não tenham sido publicados, as simulações já estão trazendo alguns insights.

Por exemplo, o intervalo de tempo para conter um surto de zumbis é muito estreito; com apenas um zumbi em Helsinque, precisaríamos agir em apenas sete horas, destruindo o agente “infectado” ou colocando a cidade em quarentena. Depois disso, zumbis invadindo todo o país serão inevitáveis, dizem os pesquisadores.

“Eu não deveria ter achado isso surpreendente, mas fiquei surpreso com a rapidez com que temos que reagir para manter a nossa população viva”, diz Ilmonen. “Isso me fez pensar sobre questões morais como os direitos dos indivíduos versus os direitos de uma população”.

Usar cenários fictícios para entender como as pragas se propagam não é uma ideia totalmente nova. Zumbis têm sido usados ​​para envolver estudantes de medicina em estudos de epidemiologia, por exemplo, bem como em outras disciplinas, como matemática. Até o CDC invocou zumbis em 2011 para uma campanha pública de preparação para uma pandemia.

Um bug que se espalhou pelo jogo multijogador World of Warcraft em 2005, conhecido como incidente do Sangue Corrompido, também ganhou atenção global de epidemiologistas pela forma como parecia modelar a propagação de uma pandemia no mundo real. Sugeriu o poder da simulação para modelar a propagação de doenças infecciosas. Até o videogame de simulação Plague Inc. tem sido usado como ferramenta para estudar a pandemia de COVID-19.

Mas é surpreendentemente complicado projetar uma simulação que funcione de maneira realista.

“Qual é a probabilidade certa de um humano vencer um encontro com um zumbi? O problema é que estamos andando às cegas aqui, porque os dados reais sobre essas questões são severamente limitados”, diz o matemático Lauri Viitasaari, da Universidade de Uppsala.

A matemática Natalia Vesselinova, da Universidade de Aalto, acrescenta: “O grande número de interações entre humanos e zumbis que precisam ser simuladas torna este modelo computacionalmente intensivo”. A solução foi simplificar o modelo para que pudesse funcionar com menos energia, ao mesmo tempo que proporcionava resultados realistas.

Agora que a equipe mostrou que suas simulações funcionam, dizem que podem ser adaptadas para outras regiões do mundo e até mesmo para outros cenários. Por exemplo, poderia ser usado para estudar como circulam rumores e fofocas ou a propagação de desinformação perigosa. Por sua vez, isso poderia ajudar a desenvolver estratégias de mitigação, dizem os pesquisadores.

Certamente parece que os zumbis são um recurso subutilizado em epidemiologia. Estaremos interessados ​​em ver aonde essa linha de investigação leva.

 

Traduzido por Mateus Lynniker de ScienceAlert

Mateus Lynniker

Mateus Lynniker

42 é a resposta para tudo.