Publicado na ScienceAlert
Enquanto os Estados Unidos se preparam para levar novamente os humanos à Lua nesta década, um dos maiores perigos que os futuros astronautas enfrentarão é a radiação espacial, que pode causar efeitos duradouros na saúde, desde catarata até câncer e doenças neurodegenerativas.
Embora as missões Apollo das décadas de 1960 e 1970 tenham provado que era seguro passar alguns dias na superfície lunar, a NASA não fez medições diárias de radiação que ajudariam os cientistas a quantificar quanto tempo as tripulações poderiam permanecer.
Esta questão foi respondida na sexta-feira, depois que uma equipe sino-alemã publicou na revista Science Advances os resultados de um experimento realizado pelo módulo de pouso Chang’E 4 da China em 2019.
“A radiação da Lua é entre duas e três vezes maior do que a presente na EEI (Estação Espacial Internacional)”, disse à Agence France-Presse o coautor Robert Wimmer-Schweingruber, astrofísico da Universidade de Kiel.
“Isso limita sua estadia para aproximadamente dois meses na superfície da Lua”, acrescentou ele, levando em consideração a exposição à radiação em uma jornada de quase uma semana até lá e uma semana de volta.
Existem várias fontes de exposição à radiação: raios cósmicos galácticos, eventos esporádicos de emissões das partículas solares (por exemplo, erupções solares), e nêutrons e os raios gama de interações entre a radiação espacial e o solo lunar.
A radiação é medida usando a unidade sievert, que quantifica a quantidade absorvida pelos tecidos humanos.
A equipe descobriu que a exposição à radiação na Lua é de 1.369 microsieverts por dia – cerca de 2,6 vezes maior do que a dose diária que a tripulação da Estação Espacial Internacional recebe.
A razão para isso é que a EEI ainda está parcialmente protegida pela bolha magnética protetora da Terra, chamada magnetosfera, que desvia a maior parte da radiação do espaço.
A atmosfera da Terra fornece proteção adicional para os humanos na superfície, mas ficamos mais expostos quanto mais alto subimos.
“Os níveis de radiação que medimos na Lua são cerca de 200 vezes maiores do que na superfície da Terra e de cinco a 10 vezes maiores do que em um voo de Nova York a Frankfurt”, acrescentou Wimmer-Schweingruber.
A NASA está planejando levar humanos à Lua até 2024 sob a missão Artemis e disse que tem planos para uma estadia de longo prazo que incluiria astronautas trabalhando e vivendo na superfície.
Para Wimmer-Schweingruber, há uma solução alternativa se quisermos que os humanos passem mais de dois ou três meses: construir habitats protegidos da radiação revestindo-os com 80 centímetros de solo lunar.