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Fósseis de formigas do tamanho de beija-flores estão desafiando o que sabemos sobre o tamanho dos insetos

Traduzido por Julio Batista
Original de Carly Cassella para o ScienceAlert

Mais de 47 milhões de anos atrás, formigas carnívoras gigantes invadiam as florestas pré-históricas da América do Norte em busca de presas.

‘Gigante’ também não é exagero. Algumas colônias antigas que viviam onde hoje é o estado de Wyoming, nos EUA, eram governadas por rainhas do tamanho de beija-flores.

Essas nem são as maiores formigas que já pisaram na superfície da Terra. A maior rainha das formigas que já existiu foi um parente encontrado em forma de fóssil na Alemanha. Ela tinha a massa corporal de uma carriça, mais de 5 centímetros de comprimento e asas que se estendiam por 16 centímetros. Acredita-se que seu exército de operárias tenha caçado qualquer coisa em seu rastro, incluindo talvez lagartos, mamíferos e pássaros.

Como as formigas modernas, esses insetos antigos eram provavelmente ectotérmicos, o que significa que eles lutavam para sobreviver sem uma quantidade apreciável de calor em seu ambiente. O quanto a temperatura pode cair para impedir que elas prosperem depende muito do tamanho do corpo.

Enquanto os animais que podem modificar suas próprias temperaturas resistem a climas mais frios, maximizando sua massa e minimizando seus revestimentos externos, os animais que precisam absorver o calor de seu ambiente se saem melhor com mais área de superfície e menos volume. Hoje, formigas rainhas maiores são encontradas mais perto dos trópicos, por exemplo.

O fóssil de uma formiga gigante extinta de Wyoming em comparação com o tamanho de um beija-flor. (Créditos: Bruce Archibald)

Então, como as antigas formigas gigantes cruzaram a fria ponte terrestre da Beríngia, que antes ligava a Rússia ao Alasca para ir da Europa ao Wyoming?

Em 2011, os pesquisadores sugeriram que esta ponte terrestre temperada já incluiu um ‘portão’ controlado pelo clima. Durante breves períodos de aquecimento global, esse portão pode ter se aberto para permitir que organismos de sangue frio, como formigas, passassem confortavelmente de um continente para outro.

Um fóssil recém-descoberto de uma antiga rainha das formigas agora complica essa hipótese.

Um fóssil de uma formiga rainha gigante desenterrado na Alemanha, a maior formiga já encontrada. (Créditos: Wikimedia Commons/CC BY 4.0)

Também pertence ao mesmo gênero das formigas gigantes encontradas em Wyoming e na Alemanha, chamadas Titanomyrma.

Mas este foi encontrado na Colúmbia Britânica, no Canadá – o primeiro fóssil desse tipo a aparecer em um clima tão frio.

Os cientistas não podem ter certeza de seu tamanho devido à sua natureza achatada, mas há uma chance de ser tão grande quanto sua contraparte do Wyoming.

“Se fosse uma espécie menor, ela foi adaptada a esta região de clima mais frio por redução de tamanho e espécies gigantescas foram excluídas desse processo como previmos em 2011?” questionou o paleontólogo Bruce Archibald da Universidade de Simon Fraser, Canadá (SFU).

“Ou eram enormes, e nossa ideia da tolerância climática de formigas gigantes, e como elas cruzaram o Ártico, estava errada?”

O fóssil gigante da formiga rainha Titanomyrma descoberto na formação Allenby. (Créditos: Bruce Archibald)

A canadense Titanomyrma não está em ótimas condições, o que significa que não pode ser atribuída a uma espécie específica, mas tem idade próxima a outros fósseis desse tipo encontrados na Europa e Wyoming.

Dependendo de como foi comprimido, o organismo poderia ter originalmente 3 ou 5 centímetros de comprimento.

A estimativa mais curta o tornaria 65% menor do que sua contraparte de Wyoming, apoiando a ideia de que formigas gigantes requerem climas quentes e só poderiam ter passado pelo portão climático da ponte terrestre da Beríngia durante um período de aquecimento global.

A estimativa maior sugere que essas formigas antigas tinham mais tolerância ao frio do que pensávamos e poderiam ter cruzado a ponte terrestre a qualquer momento.

A única maneira de diferenciar entre esses cenários é encontrar mais fósseis.

“Nossas ideias sobre a ecologia de Titanomyrma, e também sobre essa antiga dispersão da vida, precisam de revisão?” questionou Archibald.

“Por enquanto, isso permanece um mistério.”

O estudo foi publicado no The Canadian Entomologist.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.