Publicado na Space Today
Não é nenhuma novidade que existem planetas orbitando duas estrelas espalhados por todo o universo. Embora isso seja verdade, não são muitos os que foram detectados até hoje.
E a maior parte desses exoplanetas foram descobertos usando o Telescópio Espacial Kepler, que como devem saber utiliza um dos métodos de detecção, baseado no trânsito do planeta em frente à sua estrela.
Mas todos sabem que não é só esse método que se tem para detectar exoplanetas, existem muitos outros, e um dos mais interessantes, é o método que utiliza um evento de microlente gravitacional para encontrar exoplanetas.
Esses eventos de microlentes gravitacionais são pequenas distorções causadas no espaço-tempo pelas estrelas e exoplanetas, como você deve imaginar não é uma técnica fácil de ser aplicada e por essa razão existe um projeto que só cuida disso, chamado de OGLE, ou Experimento Óptico de Lente Gravitacional.
Em 2007, o OGLE detectou um evento chamado de OGLE-2007-BLG-349, que na verdade era um exoplaneta orbitando uma estrela, porém as análises mostraram que deveria existir um terceiro objeto que não era óbvio nos dados.
O exoplaneta está localizado a 8000 anos-luz de distância da Terra, na direção do centro da Via Láctea, ele é um pouco menos massivo que Saturno e fica a uma distância equivalente ao do cinturão de asteroides do Sol no nosso Sistema Solar, levando 7 anos para orbitar suas estrelas.
Só agora, que utilizando os dados do Telescópio Espacial Hubble, os astrônomos puderam confirmar a existência da segunda estrela no evento de 2007. E com essa confirmação, esse evento, detectado entre 17000 outros eventos, torna-se o primeiro exoplaneta num sistema binário de estrelas detectado pela técnica da microlente gravitacional.
Essa descoberta abre um caminho novo no estudo de exoplanetas.
Enquanto o Kepler consegue encontrar somente planetas mais próximos de estrelas e com uma órbita relativamente estável, a técnica da microlente gravitacional permite detectar exoplanetas com órbitas mais distantes de suas estrelas.
Com isso, pode ser possível começar a se descobrir cada vez mais planetas em sistemas binários de estrelas, e confirmar assim o que muitos astrônomos acreditam, que existam muitos exoplanetas orbitando duas estrelas no universo.
Além disso, como o trabalho foi feito com o Telescópio Espacial Hubble, isso dá uma verdadeira nova luz a esse instrumento impressionante e essencial na astronomia moderna.