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Impressionantes tomografias da múmia do ‘Menino de Ouro’ do antigo Egito revelam 49 amuletos escondidos

Traduzido por Julio Batista
Original de Jennifer Nalewicki para a Live Science

Uma tomografia computadorizada incrivelmente detalhada do chamado “Menino de Ouro”, uma múmia do antigo Egito, revelou um tesouro escondido de 49 amuletos, muitos dos quais eram feitos de ouro.

A jovem múmia ganhou seu apelido por causa da deslumbrante exibição de riqueza, que incluía uma máscara facial dourada encontrada no sarcófago da múmia. Os pesquisadores acham que ele tinha cerca de 14 ou 15 anos quando morreu porque seus dentes do siso ainda não haviam surgido.

O Menino de Ouro foi originalmente descoberto em 1916 em um cemitério no sul do Egito e está armazenado no porão do Museu Egípcio no Cairo desde então. A múmia foi “colocada dentro de dois caixões, um caixão externo com uma inscrição grega e um sarcófago interno de madeira”, segundo um comunicado.

Ao analisar as varreduras, os pesquisadores descobriram que as dezenas de amuletos, compostos por 21 formas e tamanhos diferentes, foram estrategicamente colocados sobre seu corpo ou dentro dele.

Esses incluíam “um amuleto de dois dedos ao lado do pênis incircunciso [do menino], um escaravelho de coração de ouro colocado dentro da cavidade torácica e uma língua de ouro dentro da boca”, segundo o comunicado.

A múmia também usava um par de sandálias e uma guirlanda de samambaias cobria seu corpo, de acordo com o comunicado.

“Esta múmia é um retrato das crenças egípcias sobre a morte e a vida após a morte durante o período ptolomaico”, disse Sahar Saleem, o principal autor do estudo e professor de radiologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Cairo, no Egito, disse à Live Science por e-mail.

Embora os pesquisadores não tenham certeza da verdadeira identidade da múmia, com base apenas nos bens do túmulo, eles acham que ele era de alto status socioeconômico.

Os amuletos desempenhavam papéis importantes na vida após a morte.

Uma série de imagens do estudo, incluindo tomografias computadorizadas que “desembrulharam digitalmente” a múmia. (Créditos: SN Saleem, SA Seddik, M. El-Halwagy)

“Os antigos egípcios acreditavam no poder dos amuletos… e eles eram usados ​​para proteção e para fornecer benefícios específicos para os vivos e os mortos”, disse Saleem. “Isso, para eles, seria explicado pela energia. Na ciência moderna, de fato, sabemos diferentes materiais, formas e cores (por exemplo, cristais) fornecem energia com diferentes comprimentos de onda que podem ter um efeito no corpo. Amuletos eram usados ​​pelos antigos egípcios em suas vidas. Embalsamadores colocavam amuletos durante a mumificação para vitalizar o cadáver.”

Por exemplo, a língua da múmia adolescente era coberta de ouro “para permitir que o falecido falasse” e as sandálias “deviam permitir que o falecido saísse da tumba [na vida após a morte]”, disse Saleem.

No entanto, um amuleto em particular se destacou para Saleem: o escaravelho de coração dourado colocado dentro da cavidade do torso. Ela acabou criando uma réplica dele usando uma impressora 3D.

“Foi realmente incrível, especialmente depois que eu imprimi em 3D e consegui segurá-lo em minhas mãos”, disse Saleem. “Havia marcas gravadas atrás que poderiam representar as inscrições e feitiços que os sacerdotes escreveram para proteger o menino durante sua jornada.

Ela acrescentou que o escaravelho do coração media cerca de 4 centímetros e continha versos do “Livro dos Mortos”, um importante texto egípcio antigo que ajudava a guiar o falecido na vida após a morte.

“Foi muito importante na vida após a morte durante o julgamento do falecido e a pesagem do coração contra a pena de Maat (a deusa da verdade)”, disse Saleem. “O escaravelho do coração silenciava o coração [no dia do julgamento] para não testemunhar contra o falecido. Um escaravelho do coração foi colocado dentro da cavidade do torso durante a mumificação para substituir o coração se o corpo fosse privado deste órgão importante por qualquer razão.”

As descobertas foram publicadas em 24 de janeiro na revista Frontiers of Medicine.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.