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Inteligência Artificial agora pode aprender a manipular o comportamento humano

Por Jon Whittle
Publicado no The Conversation

A inteligência artificial (IA) está aprendendo mais sobre como trabalhar ao lado dos (e com) humanos. Um estudo recente mostrou como a IA pode aprender a identificar vulnerabilidades nos hábitos e comportamentos humanos e usá-los para influenciar a tomada de decisão humana.

Pode parecer clichê dizer que a IA está transformando todos os aspectos da maneira como vivemos e trabalhamos, mas é verdade. Várias formas de IA estão em ação em áreas tão diversas como o desenvolvimento de vacinas, a gestão ambiental e a administração de escritórios. E embora a IA não possua inteligência e emoções semelhantes às humanas, suas capacidades são poderosas e se desenvolvem rapidamente.

Não há necessidade de se preocupar com rebelião das máquinas ainda, mas esta recente descoberta destaca o poder da IA ​​e ressalta a necessidade de governança adequada para evitar o uso indevido.

Como a IA pode aprender a influenciar o comportamento humano

Uma equipe de pesquisadores do Data61 da CSIRO, o braço digital e o banco de dados da agência científica nacional da Austrália, desenvolveu um método sistemático de encontrar e explorar vulnerabilidades nas maneiras como as pessoas fazem escolhas, usando um tipo de sistema de IA chamado rede neural recorrente e aprendizagem por reforço profundo. Para testar seu modelo, eles realizaram três experimentos nos quais participantes humanos jogavam contra um computador.

O primeiro experimento envolveu os participantes clicando em caixas coloridas vermelhas ou azuis para ganhar uma moeda falsa, com a IA aprendendo os padrões de escolha do participante e os guiando para uma escolha específica. A IA foi bem-sucedida em cerca de 70% das vezes.

No segundo experimento, os participantes foram solicitados a assistir a uma tela e pressionar um botão quando for mostrado um símbolo específico (como um triângulo laranja) e não pressioná-lo quando for mostrado outro (digamos, um círculo azul). Aqui, a IA se propôs a organizar a sequência de símbolos para que os participantes cometessem mais erros, resultando em um aumento de quase 25% nos erros.

O terceiro experimento consistiu em várias rodadas nas quais um participante fingia ser um investidor dando dinheiro a um administrador (a IA). A IA então devolveria uma quantia em dinheiro ao participante, que decidiria quanto investir na próxima rodada. Este jogo era jogado em dois modos diferentes: em um, a IA buscava maximizar quanto dinheiro recebia e, no outro, a IA objetivava uma distribuição justa de dinheiro entre ela e o investidor humano. A IA foi muito bem-sucedida em cada modo.

Em cada experimento, a máquina aprendeu com as respostas dos participantes e identificou e direcionou as vulnerabilidades na tomada de decisão das pessoas. O resultado final foi que a máquina aprendeu a orientar os participantes para ações específicas.

O que a pesquisa significa para o futuro da IA

Esses achados ainda são bastante abstratos e envolvem situações limitadas e irrealistas. Mais pesquisas são necessárias para determinar como essa abordagem pode ser colocada em ação e usada para beneficiar a sociedade.

Mas a pesquisa aumenta nossa compreensão não apenas do que a IA pode fazer, mas também de como as pessoas fazem escolhas. Mostra que as máquinas podem aprender a orientar a tomada de decisões humanas por meio de suas interações com a gente.

A pesquisa tem uma gama enorme de aplicações possíveis, desde o aprimoramento das ciências comportamentais e das políticas públicas para melhorar o bem-estar social, até entender e influenciar como as pessoas adotam hábitos alimentares saudáveis ​​ou fazem uso de fontes de energias renováveis. A IA e o aprendizado de máquina podem ser usados ​​para reconhecer as vulnerabilidades das pessoas em certas situações e ajudá-las a evitar escolhas ruins.

O método também pode ser usado para se defender contra golpistas que buscam nos influenciar. As máquinas podem ser ensinadas a nos alertar quando estamos sendo influenciados online, por exemplo, e nos ajudar a moldar um comportamento para disfarçar nossa vulnerabilidade (por exemplo, não clicando em algumas páginas ou clicando em outras para deixar um rastro falso).

Qual será o próximo passo?

Como qualquer tecnologia, a IA pode ser usada para o bem ou para o mal, e a governança adequada é crucial para garantir que seja implementada de forma responsável. No ano passado, a CSIRO desenvolveu uma Estrutura de Ética de AI para o governo australiano como uma etapa inicial dessa jornada.

A IA e o aprendizado de máquina costumam depender muito de dados, o que significa que é crucial garantir que tenhamos sistemas eficazes para governança e acesso de dados. É essencial implementar processos de consentimento e proteção de privacidade adequados durante a coleta de dados.

As organizações que usam e desenvolvem IA precisam garantir que sabem o que essas tecnologias podem e não podem fazer e estar cientes dos riscos potenciais, bem como dos benefícios.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.