Traduzido por Carlos Germano
Original de Ethan Freedman para a Live Science
Humanos e jovens tubarões-brancos nadam nas mesmas águas quase todos os dias, ao longo de algumas praias no sul da Califórnia. No entanto, as mordidas continuam sendo raras.
“Acho que o que finalmente fizemos foi colocar um prego no caixão do velho mito de que, se você estiver na água com um tubarão-branco, ele irá atacá-lo”, disse o co-autor do estudo Chris Lowe, biólogo marinho na California State University, Long Beach. Os pesquisadores publicaram suas descobertas em 2 de junho na revista PLOS ONE.
Ataques de tubarão são extremamente raros. Em 2022, houve 41 mordidas não provocadas e uma fatalidade relatada nos EUA, conforme o Arquivo Internacional de Ataques de Tubarão da Universidade da Flórida.
No entanto, o risco percebido entre o público é alto, disseram os autores do estudo. Parte do problema, é que há muito poucos dados mostrando com que frequência tubarões e humanos se aproximam.
Para descobrir, o pesquisador subiu um drone sobre as praias do sul da Califórnia todos os meses durante dois anos, observando onde na água eles avistaram pessoas e grandes tubarões-brancos (Carcharodon carcharias).
A maioria dos jovens tubarões-brancos estavam em dois locais: Carpinteria, que fica ao sul de Santa Bárbara; e Del Mar, ao norte de San Diego. Ao longo dessas praias, a equipe de pesquisa detectou uma interação humano-tubarão em 97% dos dias em que o drone foi usado.
Os tubarões estavam todos localizados do outro lado da quebra da onda – a linha onde as ondas começam a crescer – mas muitas pessoas também. Enquanto os praticantes de bodyboarders tendem a ficar do lado da praia na quebra da onda, nadadores, surfistas e praticantes de paddle board são frequentemente vistos após a quebra da onda – muitas vezes perto de tubarões-brancos.
No entanto, ao longo do estudo, houve apenas um relato não oficial de uma mordida de tubarão-branco ao longo dessas praias, disse Lowe. Alguns meses depois, houve um registro adicional de mordida, acrescentou.
Os jovens tubarões-brancos provavelmente estão mais focados em comer animais como arraias, que vivem no fundo do oceano, disse Lowe. E mesmo que esses jovens tubarões ainda possam crescer até cerca de 2,7 metros de comprimento antes de atingirem a idade adulta, eles podem ter medo dos humanos, complementou.
Os pesquisadores ainda buscam entender por que os tubarões-brancos juvenis estavam se reunindo em torno de Carpinteria e Del Mar. Uma das razões pode ser a abundância de comida, disse Lowe. Mas esses jovens tubarões também podem ficar na costa porque não há muitos tubarões-brancos adultos por perto para ameaçá-los.
Os tubarões-brancos adultos, que podem atingir até 6 metros de comprimento, tendem a viver mais perto das ilhas costeiras e mais ao norte, onde podem encontrar mais focas e leões marinhos, disse Lowe.
Mas com os juvenis do sul da Califórnia, as descobertas mostram que os encontros com tubarões são extremamente comuns e não necessariamente perigosos. É possível alguém nadar perto de um desses tubarões-brancos juvenis sem saber – Lowe disse que muitas vezes avistavam tubarões ao lado ou mesmo embaixo de alguém que parecia não perceber a presença do peixe gigante.
“Durante anos, temos dito que não achamos que os tubarões sejam tão perigosos para as pessoas quanto as pessoas pensam ou como foram ensinadas a acreditar”, disse Lowe. “E o que esta pesquisa mostra, pela primeira vez, é que isso é verdade.”