A NASA divulgou na última quinta-feira (dia 12) que a sonda Voyager 1 foi o primeiro artefato humano a deixar o Sistema Solar e entrar no espaço interestelar. Esse comunicado veio numa coletiva de imprensa e com um artigo publicado na Science (veja aqui artigo completo, em inglês). Em ambos, a informação de que a sonda teria saído do Sistema Solar não foi veiculada. Porém, depois, no site oficial de notícias da NASA lá estava o título: “Voyager 1 deixou o Sistema Solar“. (Abaixo tradução da nota oficial completa)
A imprensa logo divulgou essa informação errada. Até as prestigiadas publicações internacionais Scientific American, National Geographic, e a respeitada New Scientist noticiaram a suposta saída da Voyager 1 do Sistema Solar. A Nature corretamente diz que a nave entrou no espaço interestelar. Todas os jornais nacionais divulgaram a saída do Sistema Solar.
Mas onde termina o Sistema Solar e onde começa o espaço interestelar?
É consenso entre os cientistas que o Sistema Solar se estende até a parte externa da Nuvem de Oort. A Nuvem de Oort é uma região hipotética (ou seja, ainda não foi observada diretamente) em que, acredita-se existir até 2 trilhões de cometas de longos períodos (que demoram milhares de anos para dar uma volta no Sol). Essa Nuvem é composta de duas partes: a parte interna em forma de disco e uma parte externa em forma esférica, e é essa parte externa que define o limite gravitacional do Sistema Solar, segundo a própria NASA. A Nuvem de Oort está a uma distância estimada entre 5 mil e 100 mil ‘unidades astronômicas’ (na sigla UA, medida de distância usada na astronomia, que equivale a distância Terra-Sol: 150 milhões de km).
Esse é o limite do Sistema Solar.
Já o espaço interestelar começa quando a heliosfera acaba, e essa fronteira chama-se heliopausa. A heliosfera é um bolha de partículas carregadas em torno do Sol. Fora da heliosfera existe uma maior abundância de partículas originadas de antigas explosões em outras estrelas. Como a NASA diz, o espaço interestelar é dominado por plasma e gás ionizado expelido por gigantescas estrelas há milhões de anos.
A sonda Voyager 1 perdeu a capacidade de registrar essas partículas carregadas exteriores de forma direta, o que diria se ela tinha atravessado a ‘heliopausa’. Então, devido a uma erupção solar em março de 2012, que enviou grande quantidade de material solar para o espaço, a sonda pode medir a densidade de plasma ao redor da própria nave. Devido a sua distância do Sol, somente 13 meses (9 de abril 2013) depois esse material solar chegou lá e fez vibrar o plasma local (partículas interestelares) ao redor da nave. Assim, o detector de ondas de plasma da Voyager 1 pôde medir e concluiu que a sonda está rodeada por um plasma local 40 vezes mais forte do que quando ainda estava na heliosfera (quantidade compatível com o esperado no espaço interestelar). E, segundo o estudo publicado, esse aumento é o sinal que faltava para confirmar a entrada da sonda no espaço interestelar: “Não há outra conclusão possível, penso que é forçoso concluir que estamos realmente no meio interestelar”, disse o físico Gary Zank na coletiva de imprensa. Com base nesses dados, a data que a nave atravessou a heliopausa foi dia 25 de agosto de 2012.
Mas então, você poderia concluir: se a sonda Voyager 1 está no espaço interestelar ela necessariamente tem que estar fora do Sistema Solar! Correto?
Continue lendo aqui e veja a tradução completa da nota oficial: http://migre.me/g8dHL