Por Juanita Bawagan
Publicado na Science
Nossa galáxia de casa é ainda mais distorcida do que pensávamos. Astrônomos criaram um mapa em 3D do disco da Via Láctea revelando que ela é deformada, não plana.
Para fazer o mapa, os astrônomos olharam para suas estrelas brilhantes e pulsantes chamadas cefeidas. Essas estrelas são até 10.000 vezes mais brilhantes que o Sol, de modo que elas são visíveis através da galáxia e através de nuvens interestelares de gás e poeira. Crucialmente, as cefeidas são “velas padrão”: sua luz aumenta e diminui a uma taxa que corresponde ao seu brilho inerente. Os astrônomos puderam combinar seu verdadeiro brilho com seu brilho aparente, medido da Terra, para calcular a que distância elas estão. Usando um telescópio de 1,3 metros no Observatório Las Campanas, no Chile, os astrônomos monitoraram os pulsos constantes de mais de 2400 estrelas e identificaram sua localização em um modelo 3D da galáxia.
A pesquisa, publicada no início do mês na Science, nos ajuda a ver a galáxia de uma maneira totalmente nova. De cima, a Via Láctea pode ser vista como uma galáxia em forma de espiral, mas esse disco espiral não fica reto no plano galáctico. As estrelas cefeidas se agrupam ao longo de uma curva em forma de S, mostrando que o disco da Via Láctea está mais deformado do que se pensava anteriormente.
Por muitos anos, os astrônomos tiveram que confiar em medições de outras galáxias para inferir o tamanho e a forma da Via Láctea. Mas novos dados, como o mapa das cefeidas e bilhões de estrelas mapeadas pelo satélite europeu Gaia, estão ajudando os astrônomos a encontrar nosso lugar entre as estrelas.