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Novas evidências mostram que a principal suposição feita na descoberta de energia escura está errada

Por Yonsei University
Publicado na Phys

A evidência mais forte e direta para o universo em expansão acelerada com energia escura é fornecida pelas medições de distância utilizando supernovas do tipo Ia (SN Ia) para as galáxias com alto desvio para o vermelho. Esse resultado é baseado no pressuposto de que a luminosidade corrigida da SN Ia através da padronização empírica não evoluiria com o desvio para o vermelho.

Novas análises e observações feitas por uma equipe de astrônomos da Universidade Yonsei (Seul, Coreia do Sul) em colaboração com pesquisadores da Universidade de Lyon e da KASI, mostram, no entanto, que essa suposição essencial está provavelmente errada. A equipe realizou observações espectroscópicas de alta qualidade (relação sinal-ruído ~175) para cobrir a maior parte das galáxias hospedeiras próximas relatadas pela SN Ia, das quais obtiveram as medições mais diretas e confiáveis da idade da população para essas galáxias hospedeiras. Os astrônomos encontraram uma correlação significativa entre a luminosidade da SN e a idade estelar da população em um nível de exatidão de 99,5%. Como tal, esse é o teste mais direto e rigoroso já feito para a evolução da luminosidade da SN Ia. Como os progenitores da SN nas galáxias hospedeiras estão ficando mais jovens com o desvio para o vermelho, esse resultado indica inevitavelmente um sério viés sistemático com o desvio para o vermelho na cosmologia da SN. Admitida pelos valores apresentados, a evolução da luminosidade da SN é significativa o suficiente para questionar a própria existência de energia escura. Quando a evolução da luminosidade da SN havia sido levada em consideração, a equipe descobriu que a evidência da existência de energia escura simplesmente havia desaparecida (veja a Figura 1).

Figura 1. Crédito: Universidade Yonsei.

Comentando o resultado, o Prof. Young-Wook Lee (Universidade Yonsei, Seul), que liderou o projeto, disse: “Citando Carl Sagan, afirmações extraordinárias exigem evidências extraordinárias, mas não tenho certeza de que temos evidências extraordinárias para a energia escura. Nosso resultado ilustra que a energia escura da cosmologia da SN, que levou ao Prêmio Nobel de Física de 2011, pode ter sido consequência de uma suposição frágil e falsa”.

Outras evidências cosmológicas, como a radiação cósmica de fundo em microondas (CMB) e as oscilações acústicas bariônicas (BAO), também são conhecidas por fornecerem algumas evidências indiretas e “circunstanciais” da energia escura, mas recentemente foi sugerido que o CMB obtido da missão Planck não suporta mais o modelo padrão cosmológico, o que pode exigir nova física (Di Valentino, Melchiorri e Silk 2019). Alguns pesquisadores também mostraram que BAO e outras evidências cosmológicas de baixo desvio para o vermelho podem ser consistentes com um universo não acelerado sem energia escura (ver, por exemplo, Tutusaus et al. 2017). Sobre o problema, o presente resultado, mostrando a evolução da luminosidade imitando a energia escura na cosmologia da SN, é crucial e muito oportuno.

Esse resultado é remanescente do famoso debate de Tinsley-Sandage, na década de 1970, sobre a evolução da luminosidade na cosmologia observacional, que levou ao término do projeto Sandage, originalmente desenvolvido para determinar o destino do universo.

Esse trabalho, baseado no esforço de 9 anos da equipe no telescópio do Observatório Las Campanas e no telescópio do MMT, foi apresentado na 235ª reunião da Sociedade Astronômica Americana, realizada em Honolulu, no dia 5 de janeiro. O artigo foi publicado no The Astrophysical Journal.

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Divulgador Científico há mais de 10 anos. Fundador do Universo Racionalista. Consultor em Segurança da Informação e Penetration Tester. Pós-Graduado em Computação Forense, Cybersecurity, Ethical Hacking e Full Stack Java Developer. Endereço do LinkedIn e do meu site pessoal.