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Novo tipo de buraco negro na vizinhança cósmica é o mais próximo já descoberto

Traduzido por Julio Batista
Original de Joanna Thompson para a Live Science

Dois buracos negros descobertos recentemente estão notavelmente próximos da Terra – e podem representar uma categoria anteriormente desconhecida dos misteriosos objetos massivos. Uma equipe internacional de astrônomos descobriu os buracos negros usando dados da missão Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA) combinada com um grupo de telescópios terrestres espalhados por todo o mundo.

Apelidados de Gaia BH1 e Gaia BH2, os dois buracos negros são os mais próximos da Terra descobertos até agora, de acordo com a ESA. Gaia BH1 fica a apenas 1.560 anos-luz de nosso Sistema Solar em direção à constelação de Ofiúco, quase três vezes mais perto do que o detentor do recorde anterior. Gaia BH2 fica a cerca de 3.800 anos-luz de distância, na direção da constelação de Centauro. Ambos são cerca de nove a 10 vezes mais massivos que o nosso Sol e ficam dentro de nossa própria galáxia, a Via Láctea.

Por que demorou tanto para os astrônomos notarem buracos negros tão maciços? Porque eles são praticamente invisíveis. No passado, os cientistas procuravam buracos negros procurando os restos de sua última refeição; quando uma estrela ou nuvem de gás interestelar cai em um buraco negro, ela deixa para trás uma explosão de radiação eletromagnética, que os astrônomos podem detectar para inferir a presença de um buraco negro, de acordo com a NASA.

Um mapa da Via Láctea, revelando as localizações dos buracos negros (black holes) extremamente próximos Gaia BH1 e BH2. (Créditos: ESA/Gaia/DPAC)

Mas ao contrário das descobertas anteriores, Gaia BH1 e 2 são completamente escuros; eles não parecem estar devorando nada no momento, tornando-os “dormentes” ou inativos. Em vez disso, os pesquisadores encontraram os buracos negros rastreando cuidadosamente os movimentos de duas estrelas companheiras parecidas com o Sol orbitando os gigantes cósmicos.

As estrelas exibiam uma leve oscilação enquanto viajavam pelo espaço, indicando que algo com muita gravidade, como outra estrela, as estava puxando. Mas quando os pesquisadores verificaram a área com telescópios, não conseguiram encontrar nada que emitisse radiação. De acordo com a matemática, esses movimentos só faziam sentido se um buraco negro estivesse envolvido.

Embora ambos os sistemas de buracos negros tenham sido descobertos no final de 2022, os astrônomos estão apenas começando a apreciar o quão únicos são os monstros próximos. A nova pesquisa sugere que, ao contrário dos binários de raios-X – pares de estrela com buraco negro que orbitam juntos e emitem raios-X reveladores e radiação de ondas de rádio – Gaia BH1 e Gaia BH2 provavelmente representam uma nova categoria de buraco negro nunca vista antes, de acordo com à ESA.

“O que diferencia esse novo grupo de buracos negros daqueles que já conhecíamos é sua ampla separação de suas estrelas companheiras”, disse Kareem El-Badry, um astrofísico do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian e o descobridor dos novos buracos negros, em um comunicado. Ele acrescentou que esses buracos negros adormecidos “provavelmente têm uma história de formação completamente diferente dos binários de raios-x”.

Os cientistas esperam que o próximo lançamento de dados do Gaia, programado para 2025, revele mais buracos negros dormentes e, com sorte, ajude a esclarecer (metaforicamente) como eles se formaram. A nova pesquisa foi publicada em 30 de março no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.