Traduzido por Julio Batista
Original de Harry Baker para a Live Science
Cientistas desenterraram os restos fossilizados do maior pinguim já conhecido na Terra, um gigante de 155 quilos que nadou pelos oceanos ao redor do que hoje é a Nova Zelândia há mais de 50 milhões de anos.
Os fósseis desta espécie recém-descoberta, Kumimanu fordycei, foram encontrados ao lado de outros oito espécimes dentro de rochas de uma praia em Otago do Norte, na Ilha Sul da Nova Zelândia. Cinco dos espécimes restantes pertenciam a outra espécie recém-descoberta, Petradyptes stonehousei, um pertencia a outro pinguim gigante conhecido, Kumimanu biceae, e dois não foram identificados. As rochas foram datadas de 59,5 milhões e 55,5 milhões de anos atrás.
Em um estudo publicado em 8 de fevereiro no Journal of Paleontology, os pesquisadores estimaram o peso das duas espécies recém-descobertas com base no tamanho e na densidade de seus ossos em comparação com os dos pinguins modernos. A equipe descobriu que P. stonehousei pesava cerca de 50 quilos, um pouco acima do peso dos pinguins-imperadores (Aptenodytes forsteri) vivos. K. fordeycei pesaria mais de três vezes que o outro, com impressionantes 155 kg. Para comparação, um homem médio de 20 anos nos EUA pesa 90 kg, de acordo com a Healthline (sem um esqueleto quase completo, os pesquisadores não foram capazes de estimar o comprimento do corpo da nova espécie).
“De acordo com nossas análises, K. fordycei é o maior pinguim conhecido atualmente”, disse o autor principal do estudo Daniel Ksepka, paleontólogo e curador do Museu Bruce em Greenwich, Connecticut, EUA, à Live Science por e-mail.
Anteriormente, o maior pinguim registrado era Palaeeudyptes klekowskii, que viveu cerca de 37 milhões de anos atrás na Antártica, pesava 116 kg e tinha cerca de 2 metros de altura, ganhando o apelido de “pinguim colosso”. Outo, chamado K. biceae, pesava cerca de 121 kg e tinha um comprimento corporal de cerca de 1,8 m.
As duas novas espécies provavelmente estavam entre alguns dos primeiros pinguins antigos. A nova descoberta pode esclarecer como o grupo evoluiu ao longo do tempo.
A nova espécie tinha “ossos de nadadeiras relativamente primitivos”, disse Ksepka. “De muitas maneiras [eles] se assemelham aos pássaros que podem tanto voar pelo ar quanto se impulsionar debaixo d’água com suas asas, como as raias-pintadas e papagaios-do-mar” (mas nenhuma das novas espécies podia voar).
Os pinguins provavelmente perderam a capacidade de voar em favor da natação há cerca de 60 milhões de anos, não muito antes do surgimento das novas espécies. Portanto, esses primeiros pinguins ainda não desenvolveram as nadadeiras supereficientes vistas em pinguins antigos mais recentes e em seus parentes vivos.
O tamanho enorme de K. fordycei mostra que o gigantismo evoluiu cedo na linhagem dos pinguins, disse Ksepka. “Isso mostra que as vantagens do tamanho grande, como termorregulação e mergulho mais eficientes, provavelmente exerceram uma pressão seletiva muito forte sobre os pinguins logo depois que eles perderam a capacidade de voo”.
As condições ambientais únicas da antiga Nova Zelândia desempenharam um papel fundamental no surgimento e sucesso dos pinguins gigantes, especulam os pesquisadores.
“A Nova Zelândia é (e tem sido) um ótimo lugar para ser um pinguim”, disse Ksepka. “Existem boas áreas de alimentação no mar alto para aves marinhas, e não havia mamíferos terrestres além de morcegos na Nova Zelândia antes da chegada dos humanos, o que torna as áreas de nidificação mais seguras”.
Pinguins gigantes como K. fordcyei desapareceram há cerca de 27 milhões de anos, segundo a Australian Geographic. O que causou sua extinção ainda é uma “questão não resolvida”, mas é provável que as enormes aves tenham sido superadas por mamíferos marinhos de tamanho semelhante, disse Kspeka.
K. fordcyei pode ser o maior pinguim conhecido até agora, mas é possível que pássaros ainda maiores tenham vagado pela Nova Zelândia.
“O tamanho de K. fordcyei não significa necessariamente que não havia uma espécie ainda maior a ser descoberta”, disse Ksepka.