Você já se perguntou por que, em um Universo tão vasto e antigo, ainda não encontramos sinais de vida inteligente fora da Terra? Esta intrigante questão é o cerne do Paradoxo de Fermi, que questiona a aparente discrepância entre a alta probabilidade de existência de civilizações extraterrestres e a ausência de evidências concretas de sua presença. Uma das respostas propostas para esse enigma emerge das ideias do falecido físico Stephen Hawking, como explorado no estudo de Douglas Vakoch, publicado na revista Theology and Science, intitulado “Hawking’s fear of an alien invasion may explain the Fermi Paradox”.
Vakoch, presidente da METI International, analisa a hipótese de Hawking de que civilizações avançadas poderiam considerar a humanidade como uma ameaça, levando-as a evitar o contato ou, pior, a nos destruir. Esta preocupação de Hawking, comparada por ele ao impacto da chegada de Colombo na América, reflete o medo de que um encontro com seres extraterrestres possa ser catastrófico.
O estudo de Vakoch aprofunda-se nesse debate, examinando cuidadosamente as declarações de Hawking feitas em documentários. Vakoch contesta a perspectiva de Hawking sobre uma possível invasão alienígena motivada pela necessidade de recursos naturais. Ele argumenta que a abundância de planetas rochosos na galáxia torna menos crível a ideia de uma viagem à Terra por tais recursos.
Os avanços na tecnologia espacial, como o projeto Breakthrough Starshot, e as limitações atuais da humanidade em viajar para outros sistemas estelares, como Gliese 832C, são discutidos ao longo do artigo. Vakoch enfatiza a importância de equilibrar os riscos e benefícios da comunicação com civilizações extraterrestres, propondo discussões em fóruns internacionais e a participação ativa da comunidade científica e do público geral.
Vakoch também destaca um ponto crucial: civilizações capazes de viagens interestelares já teriam a tecnologia para detectar a vida na Terra. Isso sugere que, se tais civilizações tivessem intenções hostis, elas já teriam agido. Assim, a ausência de contato pode ser interpretada como uma escolha deliberada por parte dessas civilizações, possivelmente influenciada pelo mesmo medo de invasões que Hawking expressou.
Contrapondo o medo de uma invasão, Vakoch argumenta que civilizações extraterrestres podem ser pacíficas e curiosas, interessadas em se comunicar conosco. Ele sugere que a comunicação interestelar poderia trazer benefícios mútuos, incluindo a troca de conhecimento científico, cultural e ético. Vakoch defende a continuação do envio de mensagens ao espaço, visando a adesão da humanidade ao que ele chama de “Clube Galáctico”, e reconhece que, apesar de não haver garantias de resposta, a tentativa é valiosa.
De fato, o artigo não apenas aborda o Paradoxo de Fermi sob a perspectiva das preocupações de Hawking, mas também oferece uma visão otimista sobre as possibilidades de comunicação interestelar. Vakoch convida à reflexão sobre nosso lugar no Universo e nosso papel na busca por vida extraterrestre, desafiando-nos a superar nossos medos e a nos abrir para a possibilidade de um contato com outras inteligências, destacando que este é um debate humano essencial, carregado de valores, esperanças e responsabilidades.