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O menor réptil do mundo cabe na ponta de seus dedos e tem genitais enormes

Por Brandon Specktor
Publicado na Live Science

O menor réptil masculino do mundo pode caber na ponta do seu dedo – se os genitais massivos dele não atrapalhar.

Conheça Brookesia nana, uma espécie extremamente pequena de camaleão das florestas tropicais do norte de Madagascar.

Os pesquisadores recentemente descreveram um macho e uma fêmea da espécie em um estudo publicado em 28 de janeiro na revista Scientific Reports, e eles ficaram surpresos com as dimensões particularmente pequenas do macho.

Medindo apenas 13,5 milímetros do focinho à cloaca (o buraco multiuso que os répteis usam para excreção e reprodução), o macho adulto é o menor réptil adulto já descrito.

Na verdade, o macho B. nana era ainda menor do que sua contraparte fêmea, que tinha um comprimento de 19,2 mm do focinho à cloaca. (Ela não só é mais comprida do que seu companheiro, como também é um pouco mais longa do que a lagartixa Sphaerodactylus ariasae, que atualmente detém o título de menor réptil fêmea, escreveram os pesquisadores).

“Dado que o plano geral do corpo dos répteis é bastante semelhante ao dos mamíferos e dos humanos, é fascinante ver como esses organismos e seus órgãos podem ficar miniaturizados”, disse o autor do estudo Frank Glaw, herpetologista da Coleção de Zoologia do Estado da Baviera em Munique, ao Live Science por e-mail.

Mas nem todo órgão é tão miniaturizado. Lagartos e cobras machos têm um par de órgãos reprodutivos chamados hemipênis – dois órgãos genitais tubulares que ficam invertidos dentro do corpo do homem, até que seja hora de acasalar.

Os hemipênis do B. nana mediam 2,5 mm de comprimento quando totalmente evertidos, ou cerca de 18,5 por cento do comprimento total de seu corpo.

Os genitais do camaleão. (Créditos: Glaw et al., Scientific Reports, 2021)

Surpreendentemente, essa não é uma característica incomum entre os menores lagartos do mundo, escreveram os pesquisadores.

O comprimento genital entre os camaleões relacionados varia de 6,3 por cento a 32,9 por cento do comprimento total do corpo do macho, com uma média de 13,1 por cento em 52 espécies, descobriu a equipe. (Outros animais têm proporções genitais e corporais muito maiores, incluindo patos, cujo comprimento genital pode ser igual ao comprimento do corpo, e cracas, cujos órgãos genitais podem ser oito vezes maiores que seus corpos, observaram os pesquisadores).

“[Isso] revelou um padrão interessante: as espécies menores geralmente têm os tamanhos genitais proporcionalmente maiores”, escreveu em um blog o coautor do estudo Mark Scherz, herpetologista da Universidade de Potsdam, na Alemanha.

Por que isso acontece? De acordo com Scherz, isso pode estar relacionado ao dimorfismo de tamanho entre machos e fêmeas dessas minúsculas espécies de répteis. Mesmo que a fêmea continue maior do que o macho, pode ser que uma “restrição” seja imposta ao tamanho de seus genitais, escreveu Scherz.

Como existem apenas dois espécimes conhecidos de B. nana, é difícil tirar conclusões sólidas sobre essa dinâmica sexual. E os cientistas ainda não sabem o quão ameaçadas estão essas criaturinhas.

Mas como as florestas tropicais de Madagascar enfrentam uma ameaça significativa da invasão das atividades humanas – como o desmatamento e o agronegócio – esses pequenos lagartos também correm perigo, escreveram os pesquisadores.

Sem esforços de conservação significativos, os menores répteis do mundo poderiam facilmente escapar de nossas mãos.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.