Traduzido por Julio Batista
Original de Jonathan O’Callaghan para a Science
É um asteroide, cometa ou até mesmo uma nave alienígena? Durante anos, os astrônomos ficaram perplexos com ‘Oumuamua, um objeto misterioso de até 400 metros de comprimento que entrou no Sistema Solar em 2017. Nenhum objeto fora do alcance do nosso Sol havia nos visitado antes, com esse intruso se movendo tão rápido que não poderia ser ligado ao Sol. ‘Oumuamua, como os cientistas o batizaram, também era estranho porque parecia um asteroide, mas se comportava como um cometa.
Agora, uma equipe de pesquisadores diz que ‘Oumuamua era definitivamente um cometa, embora com uma composição incomum. “Podemos explicar muito do comportamento estranho”, disse Jennifer Bergner, química da Universidade da Califórnia, em Berkeley, EUA, que liderou o trabalho, publicado essa semana na Nature.
O estudo é “o modelo mais convincente até agora” para ‘Oumuamua, disse Marco Micheli, astrônomo da Agência Espacial Europeia na Itália, que não esteve envolvido no trabalho. O visitante alienígena, disse ele, na verdade não era tão diferente dos cometas do Sistema Solar.
‘Oumuamua foi visto pela primeira vez em 19 de outubro de 2017. Um telescópio no Havaí o espiou enquanto passava pelo Sol, atingindo uma velocidade máxima de 87 quilômetros por segundo – rápido demais para ter se originado no Sistema Solar. Os astrônomos nomearam o objeto 1I/2017 U1 (‘Oumuamua), havaiano para “um mensageiro de longe que chegou na frente”.
Os telescópios Hubble e Spitzer da NASA descobriram que ‘Oumuamua tinha uma forma estranhamente alongada, semelhante a um charuto, entre 100 metros e 400 metros de comprimento. Ele também acelerou ligeiramente ao deixar o Sistema Solar. Isso pode acontecer com os cometas à medida que eles recuam do material que emitem, explicou Micheli, que liderou o pesquisa inicial sobre a aceleração de ‘Oumuamua em 2018. ‘Oumuamua, no entanto, não mostrou tal material ejetado. Não havia nenhum coma visível de poeira e gás ao redor do objeto, nem qualquer cauda, ambos os quais seriam esperados de um cometa.
Bergner e seu colega Darryl Seligman, astrônomo da Universidade Cornell, acham que agora podem explicar o que aconteceu. Sua modelagem mostra que ‘Oumuamua poderia ter começado a vida como um cometa regular rico em água em torno de uma estrela próxima, antes de ser ejetado. Eles descobriram que os raios cósmicos de alta energia que permeiam a galáxia, emitidos por supernovas e outros eventos energéticos, podem ter transformado até 30% do gelo de água do cometa em hidrogênio, que pode ter ficado preso no gelo de ‘Oumuamua enquanto ele viajava através do espaço interestelar.