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O ‘Sol Artificial’ da China acaba de quebrar um novo recorde mundial

Por Tessa Koumondouros
Publicado na ScienceAlert

A China alcançou um novo marco nos experimentos feitos pela humanidade para controlar o poder das estrelas.

Na sexta-feira, a máquina de fusão da Academia Chinesa de Ciências atingiu 120 milhões de graus Celsius e permaneceu nessa temperatura por 101 segundos.

A última vez que o EAST (Experimental Advanced Superconducting Tokamak ou HT-7U) aguentou por tanto tempo um turbilhão de plasma foi em 2017, mas a temperatura atingiu apenas 50 milhões °C.

Em 2018, o reator mantinha o gás aquecido além da referência de 100 milhões de graus considerada crucial para a geração de energia, mas só conseguia sustentar o plasma por cerca de 10 segundos.

Agora que manteve o plasma a oito vezes a temperatura do núcleo do Sol de 15 milhões °C por um período tão longo, o novo recorde levou o mundo cada vez mais perto desta fonte de energia limpa indescritível, mas muito procurada.

“O avanço é um progresso significativo e o objetivo final deve ser manter a temperatura em um nível estável por um longo tempo”, disse o físico Li Miao da Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China ao Global Times.

A energia de fusão usa as reações que ocorrem nas profundezas do Sol, comprimindo os átomos de hidrogênio em elementos maiores, como o hélio. Onde o Sol depende da gravidade para forçar os átomos a se unirem, aqui na Terra temos que recorrer a meios menos sutis, aumentando as temperaturas em geradores especialmente construídos para gerar as forças de fusão dos átomos.

Os pesquisadores estimam que a quantidade de deutério – uma forma estável de hidrogênio contendo um próton e um nêutron – em um litro de água do mar poderia produzir o equivalente a 300 litros de gasolina por fusão nuclear.

São necessários cerca de 300 cientistas e engenheiros para manter e operar a instalação experimental que contém o EAST. Este grande tubo de metal em forma de rosquinha tem uma série de bobinas magnéticas usadas para reter fluxos superaquecidos de plasma de hidrogênio girando em torno do núcleo.

O desafio é manter o plasma no lugar por tempo suficiente, em uma quentura infernal suficiente, para que a fusão ocorra. Precisa ser ainda mais quente que o Sol porque a gravidade muito mais forte de nossa estrela ajuda a comprimir os núcleos – algo que não podemos replicar aqui na Terra.

Com o potencial teórico de produzir com segurança tais grandes quantidades de energia sem gases de efeito estufa e quase nenhum resíduo radioativo, a energia de fusão é considerada por alguns como o Santo Graal da energia limpa.

No entanto, no momento a fusão nuclear ainda não é uma certeza, com um ‘sol artificial’ em pleno funcionamento ainda provavelmente estando a décadas de nós. Ainda não chegamos ao ponto em que um reator de fusão pode produzir mais energia do que consome, mas alguns especialistas acham que estamos chegando perto.

A Coreia do Sul manteve o recorde anterior de 100 milhões de graus °C por 20 segundos. Agora, o sol artificial da China também conseguiu atingir 160 milhões de graus °C por 20 segundos, mas ainda há um longo caminho a percorrer para tornar o plasma estável nas altas temperaturas exigidas.

A fusão nuclear é uma grande avanço rumo a uma futura sociedade pós-carbono, mas, enquanto isso, devemos fazer tudo o que pudermos para mudar para tecnologias comprovadas de energia limpa para garantir que possamos alcançar esse futuro.

Não podemos nos dar ao luxo de sentar e esperar por uma solução tecnológica tão atraente e rápida, mas cada passo à frente para a fusão nuclear certamente é motivo de entusiasmo.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.