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Onde está o túmulo de Alexandre, o Grande?

Uma escultura de Alexandre, o Grande, cavalgando em seu cavalo Bucéfalo, em Thessaloniki, uma cidade portuária na Grécia – Foto: Reprodução/Paul Shark

Traduzido por Carlos Germano
Original de Owen Jarus para o Live Science

Aos 32 anos, Alexandre, o Grande, conquistou um império que se estendia dos Bálcãs até o atual Paquistão, tornando-o soberano de um dos maiores impérios do mundo antigo. Apesar de seu sucesso e fama, é impossível homenageá-lo nos dias de hoje, pois o local de seu descanso é um mistério.

Mas com base em escritos antigos, lendas e descobertas recentes, existem pistas sobre onde Alexandre, o Grande, está enterrado?

O grande general macedônio morreu na Babilônia em 323 a.C, e seu império entrou em colapso logo depois, quando seus generais e oficiais lutaram pelo comando. Um de seus generais, Ptolomeu, assumiu o controle do corpo de Alexandre, o Grande, e o trouxe para Memphis, no Egito, em 321 a.C, escreveu em seu livro “Searching for the Lost Tombs of Egypt”, Chris Naunton, um egiptólogo que é diretor do Robert Anderson Research Charitable Trust, com sede no Reino Unido.

Registros históricos sugerem que o corpo de Alexandre, o Grande, foi provavelmente mantido em Memphis (uma cidade antiga localizada perto do Cairo) até que uma tumba foi construída em Alexandria e seu corpo foi transferido para lá. Não está claro quando isso aconteceu, mas pode ter levado algumas décadas, escreveu Naunton. Registros históricos indicam que no final do século III a.C, outra tumba para Alexandre, conhecida como “Sema” ou “Soma”, foi construída em Alexandria, e esta parece ter sido a última tumba em que Alexandre foi colocado, escreveu Naunton.

Não está claro onde, exatamente, esta tumba se encontra. “A localização pode apontar debaixo d’água – Strabo [o antigo historiador grego] indica que estava no ‘distrito dos palácios’, parte que está submersa. Mas também pode estar mais para o interior – as fontes não nos permitem ter certeza sobre isso”, disse Naunton à Live Science por e-mail.

André Erskine, professor de clássicos da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, também comentou sobre essa incerteza. “As fontes antigas nos dizem que a tumba de Alexandre estava ao lado da dos Ptolomeus, no complexo do palácio, em Alexandria, mas onde, exatamente, ainda não está claro”, disse Erskine ao Live Science por e-mail.

O famoso Mosaico de Alexandre, também conhecido como o Mosaico da Batalha de Issus, foi encontrado na Casa do Fauno, em Pompéia, Itália, e data de cerca de 100 a.C. – Foto: Reprodução/Simone Crespiatico

Naunton disse à Live Science que há uma boa chance de que a tumba de Alexandre, o Grande, não seja encontrada. “Provavelmente não sobreviveu ao tempo – séculos de destruição natural provocada pelo homem, e a presença da cidade moderna que cobre completamente a antiga, provavelmente, garantiu isso”, conta Naunton. Mesmo que restos da tumba sejam encontrados, pode não ser possível identificar a tumba como a de Alexandre, o Grande, acrescentou. Os textos históricos fornecem poucas informações sobre a aparência da tumba, e uma inscrição na tumba pode ser necessária para identificá-la, disse ele.

Embora a localização de sua tumba final seja desconhecida, existem dois possíveis locais preservados, onde o corpo de Alexandre, o Grande, pode ter sido colocado por um tempo. Uma está no leste de Alexandria, e é conhecida como “tumba de alabastro”. Não há inscrição nela, mas é considerável; é possível ter sido a tumba em que Alexandre foi mantido depois que seu corpo foi transferido para Alexandria, pontua Naunton. Parece ser do século III a.C, e algumas partes de seu design são semelhantes a outras tumbas antigas da Macedônia.

Além disso, há um sarcófago construído para Nectanebo II, um faraó forçado a fugir do Egito por volta de 343 a.C, quando os persas invadiram. Há uma lenda que aponta que o corpo de Alexandre ficou nele por um tempo, possivelmente depois que foi trazido pela primeira vez da Babilônia para Memphis.

Em um artigo publicado no outono de 2020, na revista de egiptologia Kmt, Andrew Chugg, um pesquisador independente, argumentou por que esse sarcófago continha temporariamente o corpo de Alexandre. Ele observou a antiga história em que Nectanebo II foi para a Macedônia e engravidou a mãe de Alexandre, tornando-o pai de Alexandre, o Grande. Embora essa história provavelmente seja fictícia, ela mostra uma conexão entre Nectanebo II e Alexandre, escreveu Chugg.

Além disso, Chugg identificou um bloco com escudo estelar (símbolo associado a Alexandre), que agora está no museu de pedra St Apollonia, na Itália, e que ele acredita fazer parte do sarcófago. “Eu mostrei que existe um bloco com esse símbolo no sarcófago de Nectanebo II”, disse Chugg à Live Science em um e-mail, alertando que “a chance de encontrar isso por acaso é de apenas 1%”.

Alguns estudiosos acreditam que a tumba será encontrada. Chugg identificou algumas áreas promissoras em Alexandria. Zahi Hawass, um ex-ministro egípcio de antiguidades, disse à Live Science que a tumba pode estar localizada em uma área conhecida como cemitério latino em El-Shatby, em Alexandria, e que o local de enterro de Alexandre, o Grande, poderá ser encontrado no futuro.

Carlos Germano

Carlos Germano

carlosgermanorf@gmail.com