Traduzido por Julio Batista
Original de Tessa Koumondouros para o ScienceAlert
Primeiro, descobrimos que o ornitorrinco ficaria ótimo em uma rave, agora vombates, bilbies e outros marsupiais podem se juntar à festa da luz negra – com os cientistas descobrindo inesperadamente que todos eles brilham nas cores verdes, azuis e rosas fluorescentes sob a luz ultravioleta.
Nos últimos anos, os cientistas descobriram que a biofluorescência é mais comum entre os mamíferos do que imaginávamos – com esquilos voadores que brilham em rosa chiclete, levando os pesquisadores a ver até onde essa característica existe em nossa herança de mamíferos, verificando monotremados como o ornitorrinco (Ornithorhynchus anatinus) – a mais antiga linhagem de mamíferos ainda viva.
Naturalmente, uma vez que o brilho do ornitorrinco foi revelado, outros pesquisadores como o curador de mamalogia da Museu da Austrália Ocidental, Kenny Travouillon e a bióloga Linette Umbrello, começaram a colocar no UV diferentes espécimes das coleções do museu.
E até agora suas descobertas estão longe de serem decepcionantes, com revelações de vombates de neon e bilbies com orelhas brilhantes.
“Nós só tentamos em cerca de duas dúzias de mamíferos, então não foi uma busca completa.” disse Travouillon ao ScienceAlert. “Provavelmente cerca de um terço deles brilharam.”
Estes incluíam ornitorrincos (que eles checaram duas vezes), equidna, bandicoots e bilbies, gambás e alguns morcegos. As criaturas australianas se juntam a uma série de outros seres vivos que biofluorescem, incluindo insetos, sapos, peixes e fungos.
A biofluorescência ocorre quando um ser vivo absorve radiação de alta energia, como ultravioleta, e emite luz em uma frequência mais baixa. Muitas proteínas foram identificadas que podem fazer isso na pele ou em outros tecidos animais – incluindo ossos e dentes, explicou a cientista forense de vida selvagem do Museu da Austrália Ocidental Greta Frankham ao ScienceAlert.
“Existem compostos químicos em muitas partes diferentes do corpo animal que parecem apresentar fluorescência, então não é surpreendente descobrir que pode haver outros compostos químicos em outras coisas, como pele, que apresentam fluorescência”, disse Frankham.
Os cientistas isolaram algumas dessas moléculas e as usaram para imagens científicas, como a proteína verde fluorescente da água-viva.
Os detalhes exatos de como e porquê a biofluorescência ocorre nesses mamíferos ainda não foram determinados. Mas seja como for, certamente produz alguns resultados surpreendentemente brilhantes sob a luz ultravioleta, como as orelhas e a cauda deste Bilby (Macrotis leucura).
Bilbies são uma espécie noturna e ameaçada de extinção que habita o deserto e que gosta de comer outro animal que brilha sob os raios ultravioleta – escorpiões.
Vombates e o ameaçado bandicoot-listado-oriental (Perameles gunnii) também são espécies noturnas. Muitos dos mamíferos biofluorescentes identificados até agora são noturnos ou crepusculares (mais ativos ao amanhecer e anoitecer), mas a biofluorescência requer uma fonte de luz para que o brilho reemita e há menos luz ultravioleta à noite.
“Talvez eles consigam ver muito mais do que nós”, propôs Travouillon.
“Predadores não parecem brilhar. Acho que é porque se predadores pudessem ser vistos, eles perderiam todas as chances de capturar suas presas.”
Frankham apontou, no entanto, que muitos marsupiais são noturnos, então isso pode não ser necessariamente um fator determinante na evolução dessa característica.
Embora agora haja muita especulação sobre por que alguns mamíferos brilham sob os raios ultravioleta, acabamos de perceber o quão difundido é o fenômeno. Portanto, há muito a fazer antes de obtermos qualquer resposta.
Em resposta à confusão sobre os animais brilhantes nas redes sociais, o biólogo evolucionário da Universidade de Lund (Suécia) Michael Bok advertiu:
“Tenha cuidado ao aplicar relevância ecológica ou visual a isso. Muitos materiais biológicos ficam fluorescentes, mas as condições de iluminação onde é visível para qualquer coisa são incrivelmente antinaturais. É extremamente implausível que este seja um sinal visual.”
Estudos de campo são necessários para examinar se há alguma vantagem ou desvantagem dessa habilidade dentro do ambiente natural desses animais – mas dada a vulnerabilidade de muitas dessas espécies australianas, é provável que valha a pena verificar se essa característica afeta sua ecologia ou não.
“Neste estágio, estamos todos tentando supôr o porquê isso acontece, então testes adicionais serão necessários para realmente entender o que está acontecendo”, disse Travouillon. Ele está planejando testar mais mamíferos com luzes diferentes e ver se realmente existe um padrão com mamíferos noturnos.