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Partículas radioativas em sedimentos do Pacífico podem marcar o início de uma nova era

Traduzido por Julio Batista
Original de David Nield para o ScienceAlert

O Antropoceno é o nome que alguns cientistas estão dando à atual época geológica, marcada pelo momento em que a atividade humana começou a ter um impacto significativo na geologia e nos ecossistemas da Terra – principalmente através das mudanças climáticas.

Agora, cientistas pensam que determinaram com precisão o início do Antropoceno através de biomarcadores específicos – material radioativo descoberto em sedimentos marinhos e corais no noroeste do Oceano Pacífico, na costa do Japão.

Esse material é proveniente de testes atômicos realizados na região durante a década de 1950 e representa uma clara mudança no ambiente oceânico.

Com base nos dados coletados, a equipe de pesquisa propõe que a época do Antropoceno começou em 1954.

“Nossa tarefa era encontrar indicações claras de precipitação radioativa desde a década de 1950 até 1963, quando os testes pararam em grande parte. Coletamos amostras da área da baía e há sinais claros de plutônio de precipitação”, disse o geocientista Yusuke Yokoyama, da Universidade de Tóquio no Japão.

“No entanto, também coletamos esqueletos calcários de corais da ilha de Ishigaki, a sudoeste de Okinawa, que continham precipitação. A comparação de sedimentos com corais nos permite datar com mais precisão as assinaturas que vemos nos sedimentos.”

O que torna a coleta e o agrupamento dessas amostras tão difícil é que os sedimentos podem ser dispersos em uma área ampla e movidos com muita facilidade pelas correntes oceânicas e outros fatores. Isso significava que a referência cruzada de sedimentos com corais fixados no local era crucial.

Da mesma forma que as árvores, os corais têm anéis distintos que se correlacionam com anos específicos de crescimento. Embora não forneçam aos cientistas tanta informação sobre o estado da água, são um bom complemento ao material sedimentar em termos de datação.

Uma variedade de técnicas de análise química foram usadas para estudar as porções de sedimentos amostrados em detalhes, incluindo a espectrometria de massa com acelerador, ou AMS na sigla em inglês, que implanta íons acelerados para identificar isótopos individuais no sedimento.

“Foi um desafio analisar plutônio em nossas amostras, pois durante o período em questão, três toneladas de plutônio foram liberadas no mar e na atmosfera, mas essas três toneladas se dispersaram por toda parte. Então, na verdade, estamos procurando por assinaturas incrivelmente pequenas”, disse Yokoyama.

Oficialmente falando, a época geológica em que estamos atualmente é o Holoceno – começou há cerca de 11.700 anos, e cientistas de vários campos pensam que as principais mudanças que vimos nas últimas décadas, principalmente desencadeadas por humanos, precisam ser reconhecidas.

No momento, ninguém pode realmente decidir quando o Antropoceno começou: a revolução industrial talvez, ou o início do aumento das emissões de carbono. Mas para os cientistas por trás deste novo estudo, há um ponto distinto em que ele é reconhecido.

“Este trabalho é importante não apenas para solidificar a definição do Antropoceno, mas também porque o uso bem-sucedido de nosso método significa que ele também pode ser usado para melhorar os modelos oceânicos e climáticos, ou até mesmo ajudar a explorar tsunamis passados ​​e outros perigos geológicos”, disse Yokoyama.

A pesquisa foi publicada em Scientific Reports.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.