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Pesquisa aponta que ingestão de bactérias ajuda a prevenir os sintomas da obesidade

A obesidade tem sido considerada como uma epidemia mundial. Esse quadro favorece o aparecimento de doenças cardiovasculares, como hipertensão, infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca e acidente vascular encefálico. A obesidade também facilita o surgimento de diabetes e dislipidemia.

Dentro desse contexto, as bactérias no intestino têm sido foco de estudo nos últimos anos. Foram descobertos mecanismos inesperáveis que podem explicar a origem de diversas doenças devido a disfunções relacionadas à microbiota intestinal. Isso ocorre porque os microrganismos existentes em nosso corpo são importantes para a síntese de hormônios e neurotransmissores referentes ao funcionamento de relevantes neurônios cuja participação é essencial no controle de funções cognitivas. Além disso, já foi também mostrado que as bactérias da flora intestinal têm papel fundamental no metabolismo.

Nesse sentido, a pesquisa publicada na Scientific Reports realizada na Chonnam National University, Coreia do Sul, teve como objetivo analisar os efeitos da administração de lactobacilos (Lactobacillus amylovorus KU4) em camundongos com obesidade.

Os camundongos foram divididos em dois grupos: controle (dieta normal, 16% do total de calorias obtidas da gordura) e obesidade (45% do total de calorias obtidas da gordura). Os lactobacilos foram administrados por via oral diariamente por 14 semanas.

Os procedimentos metodológicos incluíram análise de sangue, análises do DNA mitocondrial, atividade da citrato sintase, taxa de consumo de oxigênio, imunohistoquímica, ensaios de RT-qPCR, imunotransferência e imunoprecipitação.

Os resultados apontaram que o uso do probiótico melhorou a função mitocondrial, aumentou o número de mitocôndrias nas células, ativou o metabolismo da gordura e protegeu os animais da piora das consequências da obesidade.

Estudos recentes revelaram que os microrganismos intestinais têm papéis importantes na fisiologia do hospedeiro, incluindo a imunidade do hospedeiro e o metabolismo energético. Assim, esses achados são de fundamental valor para o desenvolvimento de novos procedimentos não-invasivos que têm a intenção de tratar e prevenir a obesidade.

Os autores concluíram que a administração de probiótico com base em Lactobacillus amylovorus KU4 promove proteção contra obesidade.

Referência

  • Park, S., Lee, Y., Kang, H. et al. Lactobacillus amylovorus KU4 ameliorates diet-induced obesity in mice by promoting adipose browning through PPARγ signaling. Sci Rep 9, 20152 (2019). https://doi.org/10.1038/s41598-019-56817-w
Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br