Por Isobel Asher Hamilton
Publicado no Business Insider
Pessoas que se informam pelo YouTube são mais propensas a acreditarem em teorias da conspiração sobre o coronavírus do que quem recebe suas notícias em outras mídias sociais. Isso concorda com um novo relatório de pesquisadores do King’s College London, que investigou os riscos das teorias da conspiração sobre a pandemia à saúde pública.
O estudo, revisado por pares, foi publicado na revista Psychological Medicine e entrevistou 2.254 pessoas no Reino Unido com idades entre 16 e 70 anos no final de maio.
Os pesquisadores perguntaram aos entrevistados se eles acreditavam se uma série de teorias da conspiração era verdadeira ou falsa, por exemplo:
- Não há evidências concretas de que o coronavírus exista.
- O coronavírus está relacionado ao 5G (uma conspiração popular da Internet).
- O número de pessoas que morrem de coronavírus foi deliberadamente oculto ou exagerado pelas autoridades.
O trabalho descobriu que as pessoas que se informaram pelas mídias sociais tinham muito mais probabilidade de acreditarem em teorias da conspiração e de desrespeitarem as regras de distanciamento social. “O YouTube teve a associação mais forte com crenças conspiratórias, seguido pelo Facebook”, acrescentaram os autores do estudo.
Dos entrevistados que disseram acreditar na existência de um vínculo entre a COVID-19 e o 5G, 60% relataram receber essas informações no YouTube.
As pessoas que confiam nas mídias sociais como fonte de informação também tendem a desrespeitar o distanciamento social
O estudo também descobriu que as pessoas que desrespeitam medidas de distanciamento social têm muito mais probabilidade de confiarem nas mídias sociais como fonte de informação. Os entrevistados que disseram trabalhar ou sair enquanto apresentavam sintomas de coronavírus tinham três vezes mais chances de ter buscado uma grande quantidade de informações no YouTube e no Facebook. Da mesma forma, as pessoas que disseram não seguir as regras estabelecidas pelo governo de distanciamento de dois metros tinham duas vezes mais chances de ter buscado a maior parte das informações no YouTube e no Facebook.
Embora quem receba notícias através das mídias sociais seja mais suscetível às teorias da conspiração, em geral, os entrevistados relataram ter recebido a maior parte das notícias em meios tradicionais.
O perigo físico representado pelos teóricos da conspiração no Reino Unido já foi divulgado na imprensa devido a uma série de ataques criminosos a torres de telefonia celular, motivados pela crença de que a tecnologia móvel 5G está espalhando o coronavírus. Alguns engenheiros de telecomunicações relataram ter encontrado agulhas e lâminas de barbear deixadas como armadilhas atrás de pôsteres em postes de telefone, e um engenheiro teria sido esfaqueado e hospitalizado em abril.