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Por que é importante o fato de alguns porcos serem realmente muito bons em videogames

Por Rebecca E. Nordquist
Publicado no The Conversation

Os porcos podem não ser capazes de voar, mas podem jogar videogame. Em um novo estudo, pesquisadores da Universidade Purdue em Indiana (EUA) mostraram que os porcos podem usar uma tela digital e um joystick, operados por seu focinho, para mover o cursor em busca de recompensas.

Esta é uma tarefa complexa. Os animais precisam entender a ligação entre o movimento de um joystick e o que está acontecendo na tela do computador e, em seguida, vincular o que está acontecendo na tela à obtenção de uma recompensa.

Os quatro porcos testados foram capazes de fazer isso até certo ponto, mostrando sua inteligência.

À medida que os pesquisadores aumentavam a dificuldade da tarefa, levando-os a novos “níveis”, os porcos ainda não estavam prontos para competir com crianças em Mario Kart.

Eles não podiam nem competir com os macacos para os quais a tarefa foi originalmente projetada. Isso pode ser porque mover um joystick com o focinho é muito mais difícil do que com os polegares opositores, ou porque os porcos simplesmente não são tão bons quanto os primatas.

Pontuação alta para os porquinhos

Este novo estudo se encaixa bem com o que já sabemos sobre porcos. Eles mostram inteligência notável em uma série de tarefas cognitivas complexas. Eles podem, por exemplo, aprender a responder de forma diferente a sons diferentes e são mestres em tarefas de aprendizagem espacial.

Mas há limites para o que eles podem fazer. O uso de espelhos, por exemplo, não é algo que todos os porcos conseguem dominar e, embora possam usar formas geométricas simples para decidir que resposta dar, reconhecer outros porcos em fotografias é muito difícil.

Isso foi surpreendente, pois outros animais de fazenda como ovelhasbovinos são capazes de reconhecer seus amigos ovelhas e bovinos nas fotografias.

Mas por que nos importamos se os porcos podem brincar no fliperama ou aprender a caçar doces em tarefas de aprendizado espacial? Afinal, eles provavelmente não encontrarão um Xbox em uma fazenda comum. Este estudo faz parte de uma área crescente na pesquisa de bem-estar animal, o estudo da cognição de animais de fazenda.

Inteligência de animais de fazenda

Existem três razões principais pelas quais nos preocupamos com a inteligência dos animais de fazenda. As fazendas estão se tornando lugares cada vez mais complexos para se viver. Os alojamentos em grupo são agora a norma na União Europeia, o que significa que os porcos precisam acompanhar as interações sociais.

As fazendas também estão usando cada vez mais comedouros automatizados que os porcos precisam operar sozinhos e, em algumas fazendas – principalmente as orgânicas – o acesso externo significa que os animais precisam ser capazes de percorrer mais espaços.

Tudo isso é bom para combater o tédio em animais de fazenda e, sem dúvida, melhora o bem-estar dos porcos de fazenda. Mas é importante saber quais são as capacidades desses animais, para ter certeza de que eles podem lidar com todas as mudanças que colocamos em seus caminhos.

Em segundo lugar, existe o conceito ético de “valor intrínseco” – que é o valor de um animal apenas por ser um ser vivo. Em vez de valor monetário como produto agropecuário ou valor para o ser humano como companheiro, este é o valor que ele tem por ser ele mesmo, como um porco, com todas as coisas que os porquinhos fazem, como beber, comer, socialização e inteligência natural.

Se esse tipo de coisa é alterado por práticas agropecuárias como programas de seleção genética e desmame precoce dos porquinhos de suas mães, isso levanta questões éticas. Vale a pena um sistema de criação mais eficiente?

Finalmente, compreender a cognição animal nos dá uma visão fundamental de como os animais percebem o mundo. Essa compreensão pode fomentar mais empatia e promover um melhor manejo dos animais de criação.

Como o teste cognitivo em animais de fazenda é uma área de estudo relativamente nova, ainda há muitos caminhos a serem explorados. Por exemplo, sabemos muito pouco sobre as habilidades cognitivas das galinhas, embora sejam alguns dos animais mais amplamente criados pelos humanos na Terra.

As galinhas parecem ser mais inteligentes do que a maioria de nós acredita.

Também estamos apenas começando a entender como as diferentes práticas de criação usadas em animais de fazenda estão afetando o desenvolvimento cognitivo dos animais.

A criação de espécies sem cuidado materno, os desafios insuficientes e a mistura de grupos sociais podem impactar negativamente a cognição. Conforme o campo de pesquisa cresce, seremos capazes de traduzir isso em aprimoramentos das fazendas para melhorar a vida dos animais de fazenda.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.