Publicado na ScienceAlert
Dubai anunciou no dia 1 de fevereiro a criação de um “tribunal espacial” para resolver disputas comerciais, à medida que os Emirados Árabes Unidos – que também está enviando uma sonda a Marte – aumentam sua presença no setor espacial.
O tribunal terá como base os tribunais do Centro Financeiro Internacional de Dubai (DIFC), um centro de arbitragem independente de inspiração britânica baseado no direito consuetudinário.
A legislação espacial é regida por convenções e resoluções internacionais, incluindo o Tratado do Espaço Sideral da ONU, que entrou em vigor em 1967. Vários estados também assinaram acordos bilaterais ou multilaterais para regular suas atividades espaciais.
No entanto, enquanto até recentemente o campo era quase exclusivamente domínio de nações e instituições, o espaço se tornou uma questão comercial que envolve cada vez mais empresas privadas.
“Uma indústria espacial integrada, apoiada por recursos humanos, infraestrutura e pesquisa científica, está surgindo”, disse Zaki Azmi, presidente do Tribunal de Justiça do DIFC, em um comunicado.
“A Corte Espacial é uma iniciativa global que operará de forma paralela, ajudando a construir uma nova rede de apoio judicial para atender às rigorosas demandas comerciais da exploração espacial internacional no século 21.”
Criados em 2004, os Tribunais do DIFC já atraíam muitas empresas estrangeiras para arbitrar suas disputas comerciais, mas ainda não possuíam tribunais especializados nas atividades espaciais de empresas privadas.
Azmi disse que à medida que o comércio espacial se torna mais global, os complexos acordos comerciais que os regem “também exigirão um sistema judicial igualmente inovador para acompanhar o ritmo”.
Os Emirados Árabes Unidos, que abrangem sete emirados, incluindo Dubai, investiram pesadamente no setor espacial nos últimos anos.
Depois de enviar seu primeiro astronauta ao espaço em 2019, o país lançou no ano passado uma sonda chamada “Hope” em direção a Marte. Deve chegar ao seu destino na próxima semana.
“Isso foi para nós uma revelação de que precisamos fornecer aos Emirados Árabes Unidos a infraestrutura certa (em caso de disputas)”, disse Amna Al Owais, registradora-chefe dos tribunais do DIFC, à Agence France-Presse.
“Queremos definir o cenário em termos do que os tribunais poderão fazer. Acreditamos que haverá um grande apoio para isso”, disse ela, citando como exemplos desacordos sobre compras de satélites ou colisões entre dispositivos no espaço.
As empresas e instituições sediadas nos Emirados Árabes Unidos e no exterior agora terão a opção de concordar em levar queixas ao tribunal, com novos contratos potencialmente especificando o novo “tribunal espacial” como o fórum para resolução de disputas.
A nação rica em petróleo, cujos arranha-céus colossais e megaprojetos a colocaram no mapa mundial, espera que novas indústrias espaciais possam ser um impulso para seu futuro econômico.
Também está mirando outras novas fronteiras – turismo espacial e mineração – e fez planos para também ajudar a regular essas indústrias emergentes.