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Proteger os tigres da Índia também é bom para combater as mudanças climáticas

Traduzido por Julio Batista
Original de Juliette Collen para o Phys. org

Os esforços da Índia para proteger seus tigres ameaçados inadvertidamente ajudaram a evitar uma grande quantidade de emissões de carbono causadoras de mudanças climáticas ao impedir o desmatamento, disse um estudo na quinta-feira.

Três quartos dos tigres selvagens do mundo vivem na Índia, mas a destruição de seu habitat natural fez com que seu número despencasse.

O número de tigres vagando pelas florestas do país caiu de 40.000 quando a Índia conquistou a independência em 1947 para apenas 1.500 em 2006.

No entanto, o seu número ultrapassou os 3.000 este ano, de acordo com os últimos dados oficiais.

Para ajudar na recuperação de seus números em declínio, a Índia designou 52 reservas de tigres onde a exploração madeireira e o desmatamento são fortemente regulamentados.

Aakash Lamba, pesquisador da Universidade Nacional de Singapura e principal autor do novo estudo, disse à AFP que os tigres são uma “espécie guarda-chuva”.

Isso “significa que, ao protegê-los, também protegemos as florestas em que vivem, que abrigam uma incrível diversidade de vida selvagem”, disse à AFP.

As florestas são um “sumidouro de carbono”, o que significa que absorvem mais dióxido de carbono da atmosfera do que emitem, tornando-as uma ferramenta crucial na luta contra as mudanças climáticas.

A Índia, terceiro maior emissor mundial de gases de efeito estufa, prometeu reduzir suas emissões.

Milhões de toneladas

Lamba, que cresceu na Índia, disse que a equipe de pesquisadores procurou estabelecer uma ligação empírica entre a conservação dos tigres e as emissões de carbono.

Eles compararam a taxa de desmatamento nas reservas especiais de tigres com áreas onde os grandes felinos também vivem, mas são menos protegidos.

Mais de 61.000 hectares de floresta foram perdidos em 162 áreas diferentes entre 2001 e 2020, de acordo com o estudo.

Mais de três quartos do desmatamento ocorreu em áreas fora das reservas de tigres.

Dentro das reservas de tigres, quase 6.000 hectares foram salvos do desmatamento entre 2007 e 2020. Isso equivale a mais de um milhão de toneladas de emissões de carbono evitadas, estimou o estudo.

Lamba enfatizou o impacto econômico dessas emissões evitadas em um país que foi duramente atingido pelos efeitos das mudanças climáticas – principalmente a indústria do agronegócio.

Levando em conta o custo social dessas emissões, mais de R$ 460 milhões foram economizados, calcularam os pesquisadores.

Se contabilizado como parte de um esforço de compensação de carbono, o desmatamento evitado chega a mais de US$ 30 milhões, acrescentaram.

“Os benefícios financeiros de evitar as emissões de carbono representam mais de um quarto do gasto anual com a conservação dos tigres na Índia”, disse Lamba.

“Este resultado significativo destaca como os investimentos na conservação da vida selvagem não apenas protegem os ecossistemas e a vida selvagem, mas também beneficiam as sociedades e as economias”.

O estudo foi publicado na revista Nature Ecology & Evolution.

As descobertas vêm depois que um estudo publicado em março sugeriu que proteger ou restaurar um punhado de animais selvagens, como baleias, lobos e lontras, poderia ajudar a capturar 6,4 bilhões de toneladas de dióxido de carbono todos os anos.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.