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Pulso de radiação UV desempenhou um papel em um evento de extinção em massa, revela pólen fossilizado

Traduzido por Julio Batista
Original de Jennifer Nalewicki para a Live Science

Um pulso letal de radiação ultravioleta (UV) pode ter desempenhado um papel no maior evento de extinção em massa da Terra, revelam grãos de pólen fossilizados.

O pólen que data da época do evento de extinção em massa Permiano-Triássico, cerca de 250 milhões de anos atrás, produziu compostos de “filtro solar” que protegem contra a radiação UV-B nociva, segundo a análise. Naquela época, aproximadamente 80% de todas as espécies marinhas e terrestres morreram.

Para o estudo, publicado em 6 de janeiro na revista Science Advances, uma equipe de cientistas internacionais desenvolveu um novo método de usar um feixe de laser para examinar os minúsculos grãos, que medem cerca de metade da largura de um fio de cabelo humano e foram encontrados embutidos em rochas desenterradas no sul do Tibete, de acordo com um comunicado.

As plantas dependem da fotossíntese para converter a luz solar em energia, mas também precisam de um mecanismo para bloquear a radiação UV-B nociva.

“Assim como a UV-B é ruim para nós, é igualmente ruim para as plantas”, disse Barry Lomax, co-autor do estudo e professor de paleobiologia vegetal na Universidade de Nottingham, no Reino Unido, à Live Science. “Em vez de ir [à farmácia], as plantas podem alterar sua química e fazer sua própria versão equivalente de compostos protetores solares. Sua estrutura química atua para dissipar os comprimentos de onda de alta energia da luz UV-B e impede que ela penetre nos tecidos preservados dos grãos de pólen”.

Nesse caso, o pico de radiação não “matou as plantas completamente, mas as retardou diminuindo sua capacidade de fotossintetizar, o que as tornou estéreis com o tempo”, disse Lomax. “Você então acaba com a extinção causada pela falta de reprodução sexual, em vez da UV-B fritar as plantas instantaneamente.”

Os especialistas há muito tempo teorizam que a extinção do Permiano-Triássico, classificada como um dos cinco maiores eventos de extinção na Terra, foi uma resposta a uma “emergência paleoclimática” causada pela erupção do Trapps Siberianos, um grande evento vulcânico onde hoje é a atual Sibéria. O incidente catastrófico forçou plumas de carbono enterradas no interior da Terra até a estratosfera, resultando em um evento de aquecimento global que “levou a um colapso na camada de ozônio da Terra”, segundo os pesquisadores.

O grão de pólen usado no trabalho. Ele mede cerca de metade da largura de um fio de cabelo humano. (Créditos: Liu Feng/Instituto de Geologia e Paleontologia de Nanquim)

“E quando você dissipa a camada de ozônio, é quando você acaba com mais UV-Bs”, disse Lomax.

Em sua pesquisa, os cientistas também descobriram uma ligação entre a explosão de radiação UV-B e como ela mudou a química dos tecidos das plantas, o que levou a “uma perda de diversidade de insetos”, disse Lomax.

“Neste caso, os tecidos vegetais tornaram-se menos palatáveis ​​para os herbívoros e menos digeríveis”, disse Lomax.

Como as folhas das plantas tinham menos nitrogênio, elas não eram nutritivas o suficiente para os insetos que as comiam. Isso pode explicar por que as populações de insetos despencaram durante esse evento de extinção.

“Muitas vezes os insetos saem ilesos durante os eventos de extinção em massa, mas não foi o caso aqui”, disse Lomax.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.