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Rosto do antigo faraó egípcio Ramsés II é revelado em reconstrução impressionante

Traduzido por Julio Batista
Original de Tom Metcalfe para a Live Science

O rosto do antigo governante egípcio Ramsés II – possivelmente o faraó retratado no livro bíblico do Êxodo que teria perseguido Moisés e os israelitas – foi reconstruído a partir de seus restos mumificados. E embora o faraó tenha morrido aos 90 anos, seu rosto foi “rejuvenescido” em várias décadas para mostrá-lo em seu auge, por volta dos 45 anos.

“Realizamos um processo de regressão de idade tridimensional para remover alguns dos sinais de envelhecimento, a fim de retratá-lo na meia-idade, no auge de seu poder”, disse Caroline Wilkinson, diretora do Face Lab da Universidade John Moores de Liverpool no Reino Unido à Live Science por e-mail.

O resultado é um retrato do faraó Ramsés II descrito como “belo” por Sahar Saleem, professor de radiologia da Universidade do Cairo, no Egito, e líder do projeto.

“O rei Ramsés II foi um grande guerreiro que governou o Egito por 66 anos”, disse Saleem à revista de radiologia AuntMinnieEurope.com. “Trazer o rosto de Ramsés à vida em sua velhice e quando jovem lembra ao mundo seu status lendário”, disse ela.

Varredura de múmia

A múmia de Ramsés II está agora no Museu Nacional da Civilização Egípcia em Cairo. Foi descoberta em 1881 perto de Luxor, no sul do Egito, e em algum momento depois disso, foi parcialmente desembrulhada para mostrar as feições mumificadas do faraó.

Para a última reconstrução facial, Saleem fez um modelo virtual tridimensional da cabeça e do crânio do faraó a partir de novos dados de tomografia computadorizada – efetivamente, milhares de raios-X reunidos em uma imagem 3D – que Wilkinson usou para reconstruir seu rosto com um software de computador utilizado em investigações criminais.

A nova reconstrução facial foi feita a partir de dados de tomografia computadorizada da múmia de Ramsés II, de 3.000 anos. (Créditos: Face Lab da Universidade John Moores de Liverpool)

Em seguida, Wilkinson usou técnicas de imagens geradas por computador (CGI) para adicionar texturas de pele , olhos e cabelos, com base no que Saleem relatou que teria sido comum entre os egípcios na época – o que mostrava como o faraó parecia quando morreu – e finalmente usou o software de regressão de idade para mostrar como ele provavelmente parecia décadas antes. “A regressão de idade foi desafiadora, já que era em 3D”, disse ela.

A coloração do cabelo e da pele com base no que se pensava ser comum no antigo Egito foi adicionada à reconstrução facial. (Créditos: Face Lab da Universidade John Moores de Liverpool)

Wilkinson explicou que o campo de estimar o rosto de alguém a partir de seu crânio é dominado por duas abordagens: “reconstrução facial aproximada”, que usa dados médios, modelos e perfis biológicos para produzir um rosto “médio”, que pode resultar de vários crânios diferentes; e “reconstrução facial singular”, uma tentativa mais detalhada de determinar a aparência de uma determinada pessoa, com base em padrões anatômicos, medições e análises morfológicas. Um termo relacionado é “representação facial”, que adiciona cores e texturas, disse ela.

Nesse caso, a equipe usou a abordagem mais detalhada. “O rosto de Ramsés II foi produzido usando reconstrução facial 3D e, em seguida, um processo de representação facial 3D”, disse Wilkinson.

A primeira etapa da reconstrução facial foi usar medidas anatômicas e outras técnicas para determinar a aparência do faraó quando ele morreu aos 90 anos. (Créditos: Face Lab da Universidade John Moores de Liverpool)

Famoso faraó

O faraó que teria perseguido Moisés e os israelitas na história do Êxodo nunca é mencionado na Bíblia, mas vários historiadores acham que sua representação se assemelha mais a Ramsés II, que foi um governante célebre no auge do poder egípcio no século 13 a.C.

Como resultado, Ramsés II – também chamado de Ramsés, o Grande – tem sido frequentemente retratado em adaptações literárias e cinematográficas de Êxodo, inclusive no filme de 1956 “Os Dez Mandamentos”.

A múmia de Ramsés II foi encontrada em 1881 no sul do Egito; em algum momento foi parcialmente desembrulhada para mostrar sua cabeça mumificada. (Créditos: G. Elliot Smith; “Catalogue General Antiquites Egyptiennes du Musee du Caire: The Royal Mummies”; Wikimedia Commons)

No entanto, os historiadores americanos Megan Bishop Moore e Brad Kelle escreveram em “Biblical History and Israel’s Past: The Changing Study of the Bible and History (História Bíblica e o Passado de Israel: O Estudo em Mudança da Bíblia e da História, na tradução livre)” (Eerdmans, 2011) que nenhuma evidência arqueológica foi encontrada para apoiar a ideia de que os israelitas foram escravizados no Egito, nem para qualquer um dos outros eventos descritos no Êxodo, incluindo a destruição do exército do faraó enquanto perseguia os israelitas através do Mar Vermelho.

Registros históricos atestam que Ramsés II nasceu por volta de 1303 a.C. da linhagem do faraó Seti I e que se tornou faraó quando seu pai morreu por volta de 1279 a.C. Durante seu reinado, Ramsés II expandiu o império egípcio ao norte alcançando a Síria dos dias modernos e construiu muitas estruturas monumentais, incluindo a expansão do Templo de Karnak. Ele morreu por volta de 1213 a.C.

Ramsés II também influenciou a cultura posterior: ele foi a inspiração para o poema de 1818 “Ozymandias” do poeta inglês Percy Bysshe Shelley, que viu uma enorme estátua quebrada de Ramsés II – conhecido como Ozymandias em grego – no Museu Britânico em Londres, levando-o a escrever as palavras “Contemplem as minhas obras, ó poderosos, e desesperai-vos!”

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.