Pular para o conteúdo

Símbolos pictos misteriosos descobertos na Escócia são um ‘achado único na vida’

Por Laura Geggel
Publicado na Live Science

Arqueólogos na Escócia derramaram “lágrimas genuínas” ao descobrir uma pedra coberta de esculturas geométricas que os pictos, os nativos da região, projetaram há cerca de 1.500 anos.

A equipe inesperadamente encontrou a pedra esculpida de 1,7 metros de comprimento enquanto fazia um levantamento geofísico em Aberlemno, uma vila com raízes pictas.

A pedra tem várias formas geométricas mostrando símbolos pictos abstratos, como ovais triplos, um pente e espelho, uma lua crescente e discos duplos. Alguns dos símbolos esculpidos se sobrepõem, sugerindo que foram esculpidos em diferentes períodos de tempo, disseram os pesquisadores.

As esculturas geométricas pictas nesta pedra datam do quinto ou sexto séculos d.C. Crédito: Universidade de Aberdeen.

Não está claro o que todos os símbolos significam, mas o “melhor palpite é que eles são um sistema de nomenclatura representando nomes pictos”, disse Gordon Noble, líder da escavação e professor de arqueologia da Universidade de Aberdeen, à Live Science em um e-mail.

“É o achado único na vida, genuinamente”, disse James O’Driscoll, arqueólogo da Universidade de Aberdeen, na Escócia, que ajudou a escavar a pedra, em um vídeo da universidade.

Os pictos – possivelmente nomeados após a palavra latina para pintado, ou “picti” – eram pessoas de tradição guerreira que viviam nos tempos antigos e medievais em partes do que hoje é a Escócia. Eles são em parte a razão pela qual o Império Romano nunca conquistou a Escócia.

A nova descoberta é uma entre as cerca de 200 pedras conhecidas pelos arqueólogos.

Outras pedras com símbolos pictos também são de Aberlemno, que é conhecida por suas pedras eretas únicas, incluindo uma placa que pode retratar cenas da Batalha de Nechtansmere, uma vitória picta sobre o reino anglo-saxão da Nortúmbria em 685 d.C.; que está ligada a criação do que se tornaria a Escócia.

A descoberta aconteceu no início de 2020, quando os arqueólogos estavam pesquisando a área como parte do projeto Comparative Kingship, uma investigação de cinco anos sobre os primeiros reinos medievais do norte da Grã-Bretanha e da Irlanda.

Enquanto movia o equipamento de imagem pela grama, a equipe notou anomalias sugerindo que os restos de um assentamento estavam no subsolo.

Para saber mais, os arqueólogos cavaram um pequena buraco para ver o que estava escondido sob seus pés. Para sua surpresa, eles encontraram a pedra picta esculpida.

“Eu apenas passei minha mão e havia um símbolo”, disse Zack Hinckley, arqueólogo da Universidade de Aberdeen que participou da escavação, no vídeo. “E tivemos um surto”.

Detalhe com um close de um espelho esculpido em uma pedra de símbolos pictos descoberta em um campo em Aberlemno. Crédito: Universidade de Aberdeen.

A equipe esperava escavar e estudar imediatamente a pedra, mas as medidas restritivas para combater a COVID-19 fizeram eles adiar seus planos. Finalmente, após meses de espera, eles conseguiram remover e examinar a pedra, datando as esculturas do quinto ou sexto século d.C.

É raro encontrar pedras pictas esculpidas. “Elas são ocasionalmente desenterradas por fazendeiros arando campos ou durante a construção de estradas, mas quando conseguimos analisá-las, muito do que as cerca já foi perturbado”, disse Noble em comunicado.

“Encontrar algo assim enquanto cavava um pequeno poço experimental é absolutamente notável, e nenhum de nós podia acreditar em nossa sorte”, acrescentou Noble.

Como eles encontraram a rocha intacta no solo, eles foram capazes de “examinar e datar as camadas abaixo dela e extrair informações muito mais detalhadas sem perder evidências vitais”, disse ele.

A placa foi posteriormente reaproveitada como pavimentadora em uma construção do século XI ou XII, de acordo com a datação por radiocarbono, e colocada ao lado de outras pavimentadoras, incluindo algumas com arte rupestre da Idade do Bronze.

A construção “data depois do período picto – na era do Reino de Alba, o precursor da Escócia medieval”, disse Noble à Live Science.

A pedra está agora no Laboratório de Conservação Graciela Ainsworth, em Edimburgo, onde os cientistas planejam investigar mais o artefato.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.