Traduzido por Julio Batista
Original de Heln Roxburgh (AFP) para o ScienceAlert
Uma sonda espacial chinesa decolou da superfície da Lua para retornar à Terra, um esforço ambicioso para trazer de volta as primeiras amostras lunares em quatro décadas.
Pequim está procurando alcançar os EUA e a Rússia depois de levar décadas para se equiparar aos feitos de seus concorrentes e investiu bilhões em seu programa espacial militar.
A espaçonave Chang’e-5, em homenagem à mítica deusa chinesa da Lua, deixou a Lua às 12h10, horário de Brasília, de quinta-feira, disse a agência espacial da China.
Um módulo carregando rochas lunares e material do solo lunar foi lançado em órbita por um poderoso motor de empuxo, disseram autoridades sobre a missão que pousou na terça-feira na Lua.
Imagens de vídeo da emissora estatal chinesa CCTV mostraram a sonda decolando da superfície da Lua em uma explosão de luz brilhante.
A agência espacial disse que “antes da decolagem, a bandeira chinesa foi hasteada na superfície da Lua”.
Acrescentou que esta foi a primeira vez que a China conseguiu decolar de um corpo extraterrestre.
O módulo, em seguida, deve ser submetido a delicada operação de ligar-se com a parte da nave espacial que deve trazer as amostras de volta à Terra, informou a agência oficial de notícias Xinhua relatou.
Os cientistas esperam que as amostras os ajudem a aprender sobre as origens, a formação e a atividade vulcânica da Lua em sua superfície.
Se a viagem de volta for bem-sucedida, a China será apenas o terceiro país a obter amostras da Lua, depois dos Estados Unidos e da União Soviética nas décadas de 1960 e 1970.
Sonhando com o espaço
Esta é a primeira tentativa desde a missão Luna 24 da União Soviética em 1976.
A missão da espaçonave era coletar dois quilogramas de material em uma área conhecida como Oceanus Procellarum – ou “Oceano de Tempestades” – uma vasta planície de lava até então inexplorada, de acordo com a revista científica Nature.
A Xinhua, que chamou o Chang’e-5 de “uma das missões mais complicadas e desafiadoras da história aeroespacial chinesa“, relatou que a sonda operou por cerca de 19 horas na Lua.
As amostras deveriam ser devolvidas à Terra em uma cápsula programada para pousar na região da Mongólia Interior, no norte da China, de acordo com a agência espacial americana NASA.
Sob o presidente Xi Jinping, os planos para o “sonho espacial” da China, como ele o chama, foram postos em marcha e prioritariamente financiados.
A China espera ter uma estação espacial tripulada até 2022 e, eventualmente, enviar humanos para a Lua.
A China lançou seu primeiro satélite em 1970, enquanto seus voos espaciais humanos vieram décadas depois – com Yang Liwei se tornando o primeiro “taikonauta” (equivalente aos “astronautas” e aos “cosmonautas”) da China em 2003.
Um rover lunar chinês pousou do outro lado da Lua em janeiro de 2019, sendo a primeira no mundo a pousar nessa região e impulsionando as aspirações de Pequim de se tornar uma superpotência espacial.
Essa última sonda lançada está entre uma série de alvos ambiciosos, que incluem a criação de um foguete poderoso capaz de entregar cargas mais pesadas do que as que a NASA e a empresa privada de foguetes SpaceX podem suportar, uma base lunar e uma estação espacial com tripulação permanente.
Os taikonautas e cientistas da China também falaram em missões tripuladas a Marte.
© Agence France-Presse