Traduzido de NASA
30 de junho de 2014
O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko está lançando o equivalente na Terra a dois copos d’água a cada segundo. As observações foram feitas em 6 de junho de 2014 pelo instrumento de microondas para o orbitador Roseta (MIRO, na sigla em inglês), que está abordo da sonda da Agência Espacial Europeia (ESA). A detecção de vapor d’água tem implicações não apenas para a ciência cometária, mas também para o planejamento da missão à medida que a equipe prepara a sonda para que ela se torne a primeira a orbitar um cometa, em agosto, e a primeira a lançar um módulo pousador em sua superfície, o que está previsto para o dia 11 de novembro.
“Nós já esperávamos ver vapor d’água saindo do cometa, mas ficamos surpresos porque detectamos isso muito cedo”, diz Sam Gulkis, principal pesquisador do instrumento MIRO no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA (JPL), em Pasadena , Califórnia. “Com essa taxa, o cometa encheria uma piscina olímpica em cerca de 100 dias. Entretanto, à medida que o cometa se aproxima do Sol, a taxa de produção de gás aumenta. Com a sonda Roseta teremos um ponto de vista privilegiado para observarmos essas transformações de perto e aprendermos sobre o porquê disso ocorrer, exatamente.”
MIRO detectou primeiro vapor d’água do cometa quando a sonda Roseta estava cerca de 350.000 Km de distância dele. Na ocasião, 67P/C-G estava a 583 milhões de quilômetros do Sol. Após a descoberta inicial de 6 de junho, vapor d’água também foi detectado cada vez que o instrumento MIRO foi apontado para o cometa. Observações continuam a monitorar a variabilidade na taxa de produção e determinar a taxa global de produção de gás, em função da distância ao Sol. Esta taxa também é importante para a equipe de navegação de Roseta que controla a sonda, considerando que esse gás pode alterar a sua trajetória.
“Nosso cometa está vindo de seu repouso no espaço profundo e começando a mostrar um show para os instrumentos de Roseta”, afirma Matt Taylor, cientista do projeto da ESA. ” Os engenheiros da missão usarão os dados de MIRO para ajudá-los a planejar eventos futuros da missão quando estivermos operando em proximidade do núcleo do cometa.”
A sonda está atualmente entre Marte e Júpiter, 420 milhões de quilômetros da Terra e 569 milhões de quilômetros do Sol. Cometas são cápsulas do tempo que contêm material primitivo remanescente da época em que o Sol e seus planetas se formaram. Estudando o gás, a poeira, a estrutura do núcleo e materiais orgânicos associados com o cometa, por observações remotas e no próprio local, a missão deve ser a chave para revelar a história e evolução do nosso Sistema Solar, bem como responder questões sobre a origem de água na Terra e até mesmo sobre a origem da própria vida. Roseta será a primeira missão na história a se encontrar com um cometa, acompanhá-lo à medida que ele orbita o Sol e lançar um módulo em sua superfície.
MIRO é um pequeno e leve espectrômetro, o primeiro de seu tipo lançado ao espaço profundo. A equipe científica do instrumento é composta por 22 cientistas de Estados Unidos, França, Alemanha e Taiwan. Semelhante a um telescópio de rádio terrestre miniaturizado, que foi concebido para estudar a composição, a velocidade e a temperatura dos gases perto ou na superfície do cometa e medir a temperatura do núcleo até uma profundidade de várias polegadas ou centímetros. Estudar a temperatura do núcleo e a evolução da coma e da cauda fornece informações sobre como o cometa evolui à medida que se aproxima e deixa a vizinhança do Sol e aborda questões sobre por que isso acontece. Durante sobrevoos de Rosetta nos asteroides (2867) Steins e (21) Lutetia em 2008 e 2010, respectivamente, o instrumento mediu emissões térmicas destes asteroides e procurou vapor de água.
MIRO é um dos três instrumentos dos EUA a bordo da sonda Roseta. Os outros dois são um espectrômetro ultravioleta chamado Alice e o Ion e Electron Sensor (IES). Eles são parte de um conjunto de 11 instrumentos científicos a bordo da sonda. A NASA forneceu também parte do pacote de eletrônica para o Double Focusing Mass Spectrometer, que é parte do instrumento Rosetta Orbiter Spectrometer for Ion and Neutral Analysis (ROSINA). a Rede de Espaço Profundo da Nasa está apoiando Rede de estação de Solo da ESA para o rastreamento da sonda e navegação.
O instrumento MIRO foi construído no JPL. Os subsistemas de hardware para ele foram fornecidos pelo Instituto Max Planck para Pesquisa no Sistema Solar e pelo d’Etudes du Rayonnement et de la Matiere en Astrophysique do Observatório de Paris. O consórcio também inclui o Laboratoire d’Etudes Spatiales ed d’Instrumentation en Astrophysique do Observatório de Paris.