Por Bec Crew
Publicado na ScienceAlert
Se você está por dentro da série distópica Black Mirror da Netflix, talvez possa entender o porquê de tanta aversão diante da patente registrada pela Sony – lentes de contato “smart”, com uma câmera embutida que pode gravar, reproduzir e ainda armazenar vídeos bem diante de seus olhos.
Com a Google e a Samsung tendo já preenchido patentes para lentes de contato com minúsculas câmeras acopladas, essas coisas parecem ser inevitáveis e ter o potencial para mudar tudo no modo com que interagimos uns com os outros… para melhor ou para pior.
Então sim, isso significa que no futuro nós todos poderíamos reproduzir gravações de conversas passadas com nossos amigos, família e parceiros para ganhar uma discussão, como no terceiro episódio da primeira temporada de Black Mirror. Mas nós temos mais fé na bondade do ser humano do que o episódio aponta, certo?
Apesar dos potenciais abusos, a tecnologia por trás desses novos olhos “smart” é na realmente incrível. A patente descreve lentes de contato que podem detectar a diferença entre uma piscada voluntária e uma natural, e responde através disso iniciando ou terminando a gravação.
“É fato que o tempo de duração de uma piscada normal é de 0,2 à 0,4 segundos, e desse modo, podemos afirmar que nos casos em que a piscada ultrapassa o tempo de 0,5 segundos, ela é consciente,” assegura o documento de registro da patente.
Mesmo que você possa pensar que a Samsung está a frente da Sony por sua patente de lentes ter vindo a público três semanas antes, a diferença chave é que as lentes da Sony possuem um mecanismo de armazenamento interno.
Quando você grava vídeos usando as lentes de contato hipotéticas da Samsung, a gravação é enviada diretamente para um dispositivo de armazenamento externo, como seu celular. Porém, a patente da Sony descreve uma tecnologia que te permite guardar tudo ali mesmo nas lentes para um acesso mais rápido e fácil aos seus vídeos.
Mas como ela faz tudo isso? Como o portal Tech Story afirma, as lentes estariam equipadas com minúsculos sensores piezoelétricos, que podem medir mudanças na pressão, aceleração, temperatura ou força ao convertê-las em carga elétrica. Estes sensores leriam os movimentos oculares do usuário e então começariam a gravar.
Para ter energia suficiente para sustentar a gravação, as lentes usariam o processo conhecido como indução eletromagnética, onde um condutor passa por um campo magnético, induzindo uma pequena corrente elétrica.
Não obstante, as lentes podem também ser ajustadas conforme a inclinação dos olhos do usuário, e focarem sozinhas quando a imagem ficar borrada.
“A patente da Sony descreve um mostrador com controladores adicionais que podem ser ativados por um ‘sensor de inclinação’,” afirma Rhodi Lee para o portal Tech Times. “As lentes podem ainda ter controle de abertura, foco automático e estabilização de imagem para desfazer na imagem o borrão causado pelo movimento do globo ocular.”
No entanto, todas as patentes de “olhos smart” sejam da Google, Samsung ou Sony ainda estão muito longe de serem verdade.
Porém, como aponta Rhodi Lee, há evidência de que estas companhias estão pensando sobre essa tecnologia há muitos anos, então tudo indica que elas não planejam em desistir dessa inovação agora. O futuro está chegando, e vamos torcer para que não seja completamente desanimador como foi em Black Mirror.
Você pode ler a patente completa aqui.