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Templo de 1.200 anos dedicado a Thor e a Odin foi descoberto na Noruega

Por Tom Metcalfe
Publicado na Live Science

Os restos de um templo pagão de 1.200 anos dedicado aos deuses nórdicos antigos, como Thor e Odin, foram descobertos na Noruega – uma relíquia rara da religião viking construída alguns séculos antes do cristianismo se tornar dominante por lá.

Arqueólogos dizem que a grande construção de madeira – com cerca de 14 metros de comprimento, 8 metros de largura e 12 metros de altura – data do final do século VIII e foi usada para adoração e sacrifícios aos deuses durante os solstícios de verão e inverno.

A antiga cultura nórdica passou a ser famosa e temida um século depois, depois que bandos de marinheiros e guerreiros nórdicos conhecidos como vikings começaram a negociar, invadir e colonizar por toda a Europa e na Islândia, Groenlândia e Canadá.

Este é o primeiro templo nórdico antigo encontrado no país, disse o arqueólogo Søren Diinhoff, do Museu da Universidade de Bergen.

“Esta é a primeira vez que encontramos um desses edifícios muito especiais e muito belos”, disse Diinhoff ao Live Science. “Nós conhecemos os da Suécia e conhecemos os da Dinamarca… Isso mostra que eles também existiram na Noruega”.

Os nórdicos começaram a construir essas grandes “casas dos deuses”, como são chamadas, no século VI. As casas dos deuses eram muito mais complexas do que os locais de culto simples, que geralmente eram ao ar livre, onde as pessoas costumavam adorar os deuses nórdicos antigos.

“É uma expressão de crença mais forte do que todos os pequenos locais de culto”, disse ele. “Isso provavelmente tem a ver com uma certa classe da sociedade, que os construiu como um verdadeiro show para promover sua ideologia”.

Casa dos deuses

Arqueólogos desenterraram as fundações do antigo edifício no mês passado em Ose, uma vila costeira perto da cidade de Ørsta, no oeste da Noruega, antes dos preparativos para construção de um novo conjunto habitacional.

Buracos de postes mostram sua forma distinta. Crédito: Museu da Universidade de Bergen.

As escavações revelaram vestígios dos primeiros assentamentos agrícolas datados de 2.000 a 2.500 anos atrás, incluindo os restos de duas malocas que teriam sido a parte central de uma pequena fazenda para uma família e seus animais, disse Diinhoff.

Os restos da casa dos deuses em Ose, no entanto, são de uma época posterior, quando a área começou a ser dominada por um grupo de elite de famílias ricas – uma distinção social que surgiu quando as sociedades escandinavas começaram a interagir com as sociedades mais estratificadas do Império Romano e as tribos germânicas do norte da Europa.

“Quando a nova sociedade socialmente estratificada se estabeleceu, na Idade do Ferro Romana, as famílias principais assumiram o controle do culto”, disse ele.

O culto religioso nórdico se tornou mais ideológico e organizado, e as casas dos deuses em Ose foram modeladas baseadas em basílicas cristãs que os viajantes viram nas terras do sul, disse ele.

Como resultado, os templos nórdicos antigos apresentavam uma torre alta e distinta acima do telhado inclinado, que era uma cópia das torres das primeiras igrejas cristãs, disse ele.

Embora a construção de madeira já tenha desaparecido há muito tempo, os orifícios que restam mostram sua forma, incluindo os pilares centrais redondos de sua torre – uma construção muito distinta que só era usada para as casas dos deuses, disse Diinhoff. “Acho que foi algo muito impressionante”.

Adoração antiga

O propósito do local também é revelado por uma concentração de fornos de terra, onde se preparava comida para festas religiosas, e numerosos ossos – restos de sacrifícios de animais.

Uma grande pedra branca em formato de “falo”, representando aproximadamente o órgão genital masculino, também foi encontrada nas proximidades há vários anos e provavelmente fazia parte dos rituais de fertilidade nórdicos antigos, disse Diinhoff.

Cerimônias teriam sido realizadas na casa dos deuses em festivais importantes no calendário religioso, como solstícios de verão e inverno – as noites mais curtas e mais longas do ano, respectivamente.

Carne, bebida e, às vezes, metais preciosos como ouro teriam sido oferecidos a estatuetas de madeira dentro do edifício que representava os deuses nórdicos antigos – em particular, o deus da guerra Odin, o deus da tempestade Thor e o deus da fertilidade Freyr, que eram comumente adorados no antiga religião nórdica e batizaram os nomes em inglês das quartas (Wednesday – derivado da palavra Woden, que significa Odin -, ou Dia de Odin), quintas (Thursday, ou Dia de Thor) e sextas-feiras (Friday, ou Dia de Freyr).

Como os deuses só podiam participar da comida do festival em espírito, a comida e a bebida físicas seriam apreciadas por seus adoradores. “Você tinha um momento de alegria, comia bem e bebia muito”, disse Diinhoff. “Acho que eles se divertiam bastante”.

A religião nórdica antiga foi reprimida a partir do século 11, quando os reis da Noruega impuseram à força a religião cristã e demoliram ou queimaram prédios como a casa dos deuses em Ose para forçar o culto nas novas igrejas cristãs.

Até agora, não há evidências de que a casa dos deuses em Ose fez parte desse expurgo, disse Diinhoff.

Um trabalho futuro poderia revelar que a casa estava entre os edifícios pagãos destruídos na época. “Seria excelente se pudéssemos explicar isso”, disse ele. “Mas ainda não chegamos lá”.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.