Ontem, dia 08 de fevereiro de 2020, fui surpreendido com um texto que me trouxe diferentes reações.
Esse texto se apresentava como um manifesto em defesa do uso da hidroxicloroquina em pacientes não-graves de COVID-19. Além do tema do texto, o que me deixou mais intrigado foi esse manifesto ter sido assinado por 30 cientistas de diversas áreas e ter sido redigido por ninguém mais, ninguém menos, que o Prof. Marcos Eberlin.
Para quem não conhece quem é o Prof. Marcos Eberlin, ele é, como se apresenta no próprio texto, um químico e bioquímico que vem trabalhando com Espectrometria de Massas. Como busca enaltecer nesse mesmo texto, afirma que já atuou em várias áreas da medicina e de análises clínicas e que seu grupo desenvolveu um método inovador e rápido de diagnóstico de zika. Além disso, lembra que sua filha desenvolveu uma caneta para diagnóstico seguro de câncer e, juntos, trabalharam em um método rápido de diagnóstico para o coronavírus. Reforça que já atuou com pesquisas por mais de 40 anos, coordenou um grupo de pesquisas com mais de 55 doutores e pós-doutores, já orientou mais de 200 deles, e publicou mais de 1.000 artigos científicos com quase 25 mil citações. Por último, se apresenta como um dos cientistas brasileiros mais produtivos da ciência brasileira contemporânea.
Um lindo currículo e uma bela apresentação pessoal, não? Com certeza renderia aplausos e um buquê de flores. Quem sabe uma estrelinha na testa?
Mas toda essa apresentação pomposa tem um objetivo que é exibido em alguns parágrafos abaixo:
Com a autoridade científica que meus feitos me outorgam, não tenho dúvidas em declarar que o Senhor Ministro da Saúde, Henrique Mandetta, equivoca-se tremendamente ao clamar por consenso científico nas atuais circunstâncias.
Resumo. Sua apresentação curricular tem como objetivo a famosa falácia de apelo à autoridade para desmerecer a posição do ministro da Saúde, sem a necessidade de discutir realmente dados científicos. Como se os artigos que ele publicou e as citações que recebeu fossem justificativa suficiente para que estivesse certo. Como se fosse um especialista em cloroquina por notório saber.
Um criacionista discutindo ciência
Um dos pontos interessantes da apresentação do Prof. Eberlin é que ele possivelmente esqueceu de apresentar uma de suas linhas de pesquisa.
Além de atuar na área de Espectrometria de Massas, o Prof. Eberlin é o proponente mais famoso da corrente criacionista denominada Design Inteligente. Além de proponente, o Prof. Eberlin é o presidente da Sociedade Brasileira de Design Inteligente e atualmente é coordenador do Núcleo Discovery-Mackenzie, uma parceria entre a Universidade Presbiteriana Mackenzie e o Discovery Institute, o braço direito do movimento do Design Inteligente americano.
O Prof. Eberlin deixa escapar de forma extremamente tímida essa sua área de atuação no texto, junto de uma critica também tímida direcionada a Teoria da Evolução:
Atuo, também, em uma área da ciência que estuda nossas origens, na qual uma teoria é apresentada como pleno consenso científico; entretanto, mesmo em meio a este “consenso”, ainda reinam mais dúvidas do que certezas.
Para os que não estão familiarizados com o termo, o Design Inteligente nada mais é que a versão mais recente e refinada do velho Criacionismo, repaginado e com uma nova roupagem. Suas principais reivindicações são que certas características do universo e dos seres vivos são melhor explicadas por uma causa inteligente, e não por um processo não-direcionado (e não estocástico) como a seleção natural; e que é possível a inferência inequívoca de projeto sem que se façam necessários conhecimentos sobre o projetista, seus objetivos ou sobre os métodos por esse empregados na execução do projeto.
Embora seus defensores neguem conexões religiosas, quase sempre enfatizando-o como imbuído de caráter puramente científico, o Design Inteligente mantém em seus alicerces uma forma moderna do tradicional argumento teleológico para a existência de Deus, modificado para evitar especificações sobre a natureza ou identidade do criador.
Diferente do que o Prof. Eberlin tenta parecer, o Design Inteligente não é uma teoria científica, não conseguindo nem chegar a uma hipótese válida. A Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, por exemplo, declarou que “o criacionismo, design inteligente e outras alegações de intervenção sobrenatural na origem da vida” não são ciências porque não podem ser testadas e validadas através do método científico. A Associação de Professores de Ciências dos Estados Unidos (National Science Teachers Association) e a Associação Americana para o Avanço da Ciência (American Association for the Advancement of Science) também classificaram esses movimentos como pseudociência. A Sociedade Brasileira de Genética (SBG) publicou oficialmente que não há qualquer respaldo científico no Design Inteligente e outras (pseudo)teorias criacionistas, explicando que esta posição é consensual na comunidade científica. Esse manifesto foi endossado pela Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE) e afirmou que o “prejuízo que pode advir dessa postura obscurantista é incalculável, especialmente na sociedade do conhecimento em que vivemos no começo do século XXI”.
Um criacionista da Terra Jovem
Outro fato que o Prof. Marcos Eberlin esquece de citar no seu resumo curricular são suas concepções sobre diferentes fatos científicos, o que inclui negar toda e qualquer evidência da Teoria Sintética da Evolução.
Como qualquer proponente do Design Inteligente, o Prof. Eberlin vem tentando desconstruir a teoria evolutiva baseado em narrativas alicerçadas principalmente em argumentos negativos e na famosa falácia do Deus das Lacunas. Assim como todos proponentes do Design Inteligente, mesmo possuindo um longo currículo de publicações e se autodeclarando “um dos cientistas brasileiros mais produtivos da ciência brasileira contemporânea”, o Prof. Eberlin NUNCA publicou sequer um artigo onde apresente suas concepções sobre o Design para os seus pares. Outro fato interessante é que ele NUNCA inseriu sua atuação dentro da dita “linha de pesquisa do DI” em seu Currículo Lattes, omitindo todos os eventos de que participou e palestras ministradas.
Falando em palestras, outro ponto interessante são justamente suas inúmeras palestras disponíveis no YouTube, que demonstram sua defesa de diversos conceitos pseudocientíficos e embasados em um literalismo bíblico condizente com os criacionistas da Terra Jovem.
Dois exemplos são as suas palestras Noé, a Arca, os Dinossauros e o Dilúvio: Fato ou Boato? e 10 evidências científicas do Dilúvio e da Arca, disponíveis na integra no YouTube.
Durante mais de uma hora de palestra, o Prof. Eberlin se aproveita de sua titulação para defender, por exemplo, que a história da Arca de Noé seria um fato científico. Para validar suas afirmações, assim como faz na carta, o Prof. Eberlin apresenta em seu primeiro slide a quantidade de artigos que publicou, sua antiga posição na Unicamp e seu vinculo com a Academia Brasileira e Paulista de Ciência. Mesmo dizendo que todas as evidências científicas validam a literalidade da passagem bíblica de Noé, Eberlin não apresenta sequer uma dessas evidências. Nenhum artigo. Nada. Sua palavra, respaldada pelo seu currículo, é a única evidência necessária.
No decorrer do vídeo, Eberlin afirma para sua plateia que apresentará 10 questões e evidências científicas sobre o Dilúvio e a Arca, e apenas uma questão teológica, tentando demonstrar que ali seria transmitido um conhecimento científico e que seria validado pela comunidade de pesquisa.
Depois dessa introdução, diversas informações sem qualquer embasamento científico são repassadas. Pangea e Deriva Continental expressa para se adequar com a narrativa do Dilúvio. A afirmação que o tamanho de uma ovelha seria a média corresponde ao tamanho de todos os animais existentes e conhecidos. Afirmações sobre dinossauros convivendo com humanos e sendo colocados nessa mesma Arca. A falta de capacidade de reconhecer que uma charge exibida não apresentava um Tiranossauro rex. A afirmação que só existiam 50 espécies de dinossauros e que a maioria dessas eram de organismos pequenos. A afirmação que dinossauro é meio peixe. A defesa constante de uma idade jovem para o planeta Terra. A utilização da mitologia chinesa para afirmar que dinossauros não foram extintos e que viveram até poucos anos atrás. E a afirmação, essa como opinião, de que o Monstro do Lago Ness existe e que é um dinossauro ainda vivo. Além da afirmação de que TODOS OS DINOSSAUROS ERAM VEGETARIANOS antes do Dilúvio.
Todas essas afirmações em 26 minutos de um vídeo de 1 hora de duração, ou seja, nem relatei todos os absurdos proferidos pelo Prof. Marcos Eberlin como fatos científicos.
O interessante é que o Prof. também faz afirmações absurdas e nega fatos científicos gerados pela própria área da Espectrometria de Massas, como sua negação dos métodos de datação que são validados pela sua área de atuação.
Acredito que seja interessante que todos os que pensam em aceitar o apelo à autoridade científica do Prof. Eberlin assistam suas palestras e vejam como uma pessoa com tantas qualidades científicas pode estar errado, principalmente quando motivado por uma ideologia pessoal, sobre um determinado tema repleto de evidências contrárias.
Um criacionista falando sobre o SARS-CoV-2
Nas últimas semanas, o Prof. Eberlin vem dedicando seu tempo em vídeos sobre o COVID-19 e o SARS-CoV-2 sob a ótica do Design Inteligente. Além dos vídeos que ele disponibiliza em seu YouTube, Eberlin vem participando de Lives do Facebook e Instagram, além de palestras em igrejas, discutindo a pandemia.
Ao se apresentar como uma voz em defesa da cloroquina e utilizar sua formação e vida acadêmica para defender sua posição privilegiada como uma voz que deve ser ouvida, era de se esperar que o autor apresentasse um conhecimento sobre a doença COVID-19 e sobre o vírus SARS-CoV-2. Em um momento extremamente critico para a ciência, também seria esperado que o Prof. abandonasse sua visão puramente ideológica do fazer científico, aceitando as evidências evolutivas sobre o patógeno e suas implicações para o seu tratamento e o desenvolvimento de vacinas. E ao requisitar os direitos que sua autoridade cientifica lhe outorga, esperávamos que não se utilizasse de pura retórica religiosa para explicar um patógeno que vem causando mortes no Mundo inteiro. Mas não é isso o que encontramos.
Em um vídeo publicado em seu canal, o Prof. Eberlin tenta apresentar o SARS-CoV-2 sob as premissas do Design Inteligente. Em um vídeo de 7 minutos, Eberlin ignora toda literatura científica publicada desde o início dessa pandemia. Ao invés de apresentar qualquer informação relevante sobre os vírus e como o SARS-CoV-2 pode ter surgido, como estou fazendo em uma coleção de artigos, sua ação é apenas compará-los com naves espaciais prontas para invadir células. Mesmo sem apresentar qualquer evidências para suas afirmações, Eberlin estabelece que os vírus possuem antevidência e propósito. Utiliza de frases de efeito, como: intenção, propósito, engenharia e sofisticação, para cativar a audiência, sem realmente apresentar qualquer informação científica relevante.
Quando tenta explicar sua posição teológica sobre a intenção do Designer oculto, se aproveita do artigo científico The good viruses: viral mutualistic symbioses, para estabelecer que no início todos os vírus eram bons. E se você acha que a utilização da palavra “início” seria uma alusão ao Gêneses bíblico, não se sinta envergonhado, pois você estará certo.
Eberlin ignora todos os conceitos evolutivos discutidos no artigo para tentar utilizá-lo ao seu favor. O interessante é que ele consegue negar a evolução no vídeo e utilizar as mutações ao longo do tempo como a resposta para que os vírus deixassem de ser bons e passassem a ser maléficos. Nesse caso, Eberlin faz o que todos os proponentes do DI costumam fazer: aceitam a Evolução apenas quando é interessante, subverte os conceitos e ignora quando ela não vai de encontro com sua visão ideológica. O interessante é notar que mesmo de uma forma extremamente amadora, Eberlin chega a utilizar a Seleção Natural para explicar o surgimento das cepas virais em outros vídeos.
Negando o consenso científico
Para quem já o conhece em sua defesa do criacionismo do Design Inteligente, não é nenhuma surpresa sua negação do consenso científico. Afinal, o Prof. Eberlin costuma fazê-lo diariamente para validar suas cosmovisão teológica. Isso ocorre quando o Prof. nega todas as evidências da idade da Terra, como quando defende uma Terra jovem em suas palestras. Também nega diariamente todas as evidências e o consenso científico relacionados com a Teoria da Evolução. Quando não está negando evidências científicas, as subverte para se adequar ao literalismo de suas narrativas bíblicas, como no caso da Deriva Continental e os dados de Biogeografia, todos apresentados em suas palestras.
Sua defesa filosófica da falta de necessidade de consenso na ciência se assemelha a um anarquismo epistemológico, possibilitando que qualquer ideia se faça ou se estabeleça como científica. Da mesma forma, sua defesa de que a metodologia cientifica seja ignorada durante uma crise como a atual pandemia demonstra sua falta de entendimento do fazer científico e dos motivos que o rigor científico se faz cada vez mais necessário para que consigamos atingir resultados promissores com relação ao COVID-19.
Um fato interessante sobre sua pressa para ações relacionadas com a cloroquina é que essa agilidade me parece contrária a visão expressa pelo Prof. sobre a urgência em se tratar da Pandemia. Em diversos posts pessoais, Eberlin vem concordando com todas as posições do presidente Bolsonaro e classificando a atual Pandemia como um problema menor do que apresentado por toda a comunidade científica. Entre as suas postagens, compartilhou um vídeo do Prof. Ricardo Felicio, famoso negacionista brasileiro das mudanças climáticas, que buscava minimizar a gravidade da pandemia e criticar as ações de isolamento. Da mesma forma, o próprio Prof. vem publicando postagens em que apresenta os problemas econômicos como mais graves que o atual COVID-19.
Novamente, uma atitude que vai contra o consenso atual da Academia.
Autoridade científica sem autoridade
Ao analisar todos os posicionamentos expostos pelo Prof. Eberlin, é possível perceber que sua autoridade científica não nos traz qualquer segurança real de que ele não irá falar besteiras ou defender posições irracionais e contrárias aos dados científicos. Da mesma forma, seu autoposicionamento contrário ao consenso científico já o coloca em uma posição em desvantagem, já que o consenso científico vem respaldado por diversos dados publicados e avaliados por profissionais que realmente são especialistas no tema debatido.
Afinal, não adianta ter mais de 1000 artigos publicados e mais de 25 mil citações, se nenhuma delas realmente tem qualquer ligação com o tema debatido, a cloroquina. E isso é valido para todos os 30 signatários do documento.
Suas críticas ao consenso científico baseado na urgência na utilização da cloroquina se mostra ainda mais falha, principalmente quando os exemplos apresentados são avaliados. Em todos os exemplos apresentados, os médicos decidiram usar a cloroquina para o tratamento de pacientes graves e não para o tratamento de pacientes não-graves de COVID-19. Nenhum dos exemplos apresentados se parece com o que é defendido pelos signatários. Além disso, o Brasil já vem utilizando a cloroquina em pacientes graves faz bastante tempo.
A afirmação de que a cloroquina é uma droga com baixo risco vem se mostrando falsa justamente pelas novas evidências obtidas em estudos que o Eberlin diz serem desnecessários no momento.
Pretendo em breve escrever uma revisão sobre os riscos da cloroquina e os motivos que os testes são necessários, mas isso seria um texto de divulgação. Para um pesquisador com um currículo tão expressivo, não seria problemas buscar os últimos artigos lançados e que vem apontando esses riscos.
Além do mais, o Prof. Eberlin e os 30 signatários assumiriam os riscos com relação a liberação do medicamento? Acredito que não.
Evidências mais ou menos positivas
O interessante é a lista apresentada pelos signatários:
a) A cloroquina já é usada há décadas, conhecemos as dosagens, as suas contraindicações.
Realmente. Conhecemos para as patologias que o medicamento foi testado. Sua dosagem e contraindicação tem como referência essas patologias e não o COVID-19. Como já foi apresentado em artigos recentes, a cloroquina parece não ter um efeito significativo no tratamento do COVID-19 e alguns países, como a França, já vem registrando casos de mortes suspeitas pela utilização do medicamento.
b) Africanos a tomam todos os dias, e missionários na África são aconselhados a tomar doses diárias. Muitas vidas na África talvez sejam salvas por essa “feliz coincidência”.
Não faço ideia de onde surgiu essa informação, mas segundo a mídia: “O Centro Africano de Prevenção e Luta contra Doenças da União Africana (CDC-África) desaconselhou hoje (3) o uso de cloroquina ou hidroxicloroquina na prevenção e tratamento de infeções pelo novo coronavírus”.
Se a afirmação é sobre a malária, acho que vale saber que: “O relatório também afirma que a cloroquina, droga mais usada na África no combate à malária — e a mais barata também — já não é mais eficiente contra a doença”.
c) Não há relatos científicos de muitas mortes ou sérios efeitos colaterais pelo uso da HCT.
É bem interessante as palavras “muitas” e “sérios” sendo usadas por um cientista dessa forma. Quanto seriam muitas? Que efeitos colaterais seriam sérios? Existem inúmeros artigos demonstrando efeitos colaterais relacionados com a cloroquina, principalmente relacionados a cardiopatias [*,*,*].
d) Vários estudos fervilham no Brasil e no mundo mostrando sua eficácia. A Prevent os tem aplicado preventivamente em centenas de seus pacientes idosos, com muito sucesso.Uma pesquisa na literatura científica (sciFinder e outros) sobre a HCT retorna muitos registros de seu efeito antiviral, inclusive no tratamento de zika.
Acho que o Prof. Eberlin já deveria saber que o fato de um medicamento funcionar em um vírus não significa que irá funcionar em outro. Pode ser que não saiba pela falta de um conhecimento evolutivo, por exemplo.
Da mesma forma, a realidade é bem diferente do que o Prof. Eberlin diz. Não existe essa realidade de que fervilham estudos demonstrando a eficácia da cloroquina. Todos os primeiros estudos que mostraram eficácia do medicamento tinham sérios problemas metodológicos. O estudo mais famoso sobre a cloroquina, publicado por Didier Raoult, vem sofrendo inúmeras criticas metodológicas da comunidade científica. No entanto, os últimos estudos publicados vem demonstrando que a cloroquina não apresenta um efeito significativo no tratamento do COVID-19.
e) Um dos maiores especialistas em epidemias no Brasil, entre eles um pesquisador sênior e altamente produtivo e respeitado, o Dr. Paolo Zanotto, aconselha fortemente seu uso.
E outros pesquisadores seniores e altamente produtivos no mundo não recomendam o uso da cloroquina. Como pesquisador, o Dr. Paolo Zanotto deve realizar seus experimentos, obter seus resultados e submeter para a avaliação dos pares, demonstrando que todos os estudos que sustentam a não utilização imediata do medicamento estão errados.
A utilização do nome do Prof. Zanotto é apenas mais uma tentativa de apelo à autoridade. O que seria interessante é um trabalho do Prof. Zanotto que sustente essas afirmações. Temos algum? Não. Então…
f) O pior efeito colateral é a morte, e este efeito colateral ronda milhares no Brasil pelo não uso da HCQ+ AZT!
Apelo a emoção. Mais uma falácia para a lista.
g) Vários médicos têm feito uso próprio da HCQ + AZT, em casos “brandos”, inclusive o coordenador da equipe de Governador Dória em SP, o Dr. David Uip. Por que para ele pode, e para o povo, não pode? Um amigo meu, biólogo e cientista, consultou seu médico, tomou e sarou, em poucos dias.
Mais uma soma de duas falácias em uma. Primeiro que o ato de médicos usarem de forma incorreta não deveria ser um argumento positivo. Isso é válido para um desconhecido ou para o Uip. Diversos médicos utilizam morfina para qualquer dor e se tornam dependentes. Já que um médico utiliza seria correto seguir o mesmo principio? Alguns médicos usam maconha medicinal como tratamento amplo, será que o Prof. Eberlin está pronto para a mesma defesa no caso da maconha?
“Um amigo meu”… acho que nem preciso falar.
Quem são os Docentes pela Liberdade?
Para concluir esse texto, acredito que seja interessante nos questionarmos quem afinal são os Docentes pela Liberdade que assinam essa carta junto ao Eberlin.
Segundo a página do grupo:
O DPL é um grupo apartidário, formado por docentes e profissionais de qualquer área, cujo interesse é recuperar a qualidade da educação no Brasil, romper com a hegemonia da esquerda e combater a perseguição ideológica.
Resumo, um grupo formado por docentes de diferentes instituições que dizem combater a perseguição ideológica e a hegemonia da esquerda.
Nesse caso, some essa visão (ideológica) e a pauta criacionista do Eberlin e já sabemos quais serão os próximos passos.