Traduzido por Julio Batista
Original de AFP para o ScienceAlert
Acredita-se que o primeiro esqueleto completo de ictiossauro, que teria sido encontrado pela caçadora de fósseis Mary Anning, tinha sido perdido para sempre quando as bombas alemãs caíram sobre Londres na Segunda Guerra Mundial.
Mas dois moldes de gesso do distinto réptil parecido com um golfinho foram desenterrados, embora não haja registro de que eles tenham sido feitos.
Os pesquisadores Dean Lomax, da Universidade de Manchester, no noroeste da Inglaterra, e Judy Massare, da Universidade Estadual de Nova York, descreveram as descobertas como “historicamente importantes”.
“O espécime foi o primeiro esqueleto de um réptil marinho extinto na literatura científica e o esqueleto de ictiossauro mais completo conhecido na época”, disseram eles.
Um molde, encontrado no Museu Peabody de História Natural da Universidade Yale, nos Estados Unidos, provavelmente é um “molde de um molde” e foi doado à instituição em 1930.
Ele menciona que é um espécime de ictiossauro de Lyme Regis, na costa jurássica de Dorset, sul da Inglaterra, onde Anning e sua família foram caçar fósseis no início do século XIX.
O outro, no Museu de História Natural de Berlim, é descrito apenas como um “molde de gesso de um esqueleto de ictiossauro de um local desconhecido”.
Lomax e Massare escreveram na revista Royal Society Open Science publicada na quarta-feira que o último estava em excelentes condições e provavelmente seria um molde posterior usando métodos mais novos, pois era mais detalhado.
As comparações de ambos os moldes levaram os pesquisadores a concluir que eram do esqueleto perdido de ictiossauro comprado por £ 100 pelo Colégio Real de Cirurgiões depois que ele não conseguiu ser vendido em um leilão por Anning em 1820.
O valor equivale a quase £ 7.500 (R$ 44.000) hoje.
“Considerando que o original foi destruído durante a Segunda Guerra Mundial, é um tanto irônico que o molde em melhores condições esteja no museu de Berlim”, observaram os pesquisadores.
O ictiossauro, cujo nome se traduz em “peixe lagarto”, fazia parte de um grupo que era parente distante de lagartos e cobras.
Eles viveram entre 251 milhões e 65,5 milhões de anos atrás e eram comuns no período Jurássico, que teve início há cerca de 200 milhões de anos.
Fósseis bem preservados foram encontrados na Alemanha e na Inglaterra.
Eles tinham cerca de três metros de comprimento, quatro nadadeiras, olhos grandes, focinho pontudo e fileiras de dentes afiados.
Embora vivessem na água, eles respiravam o ar fora dela e não teriam capacidade de sobreviver em terra.
Ammonite, um filme fictício inspirado na vida de Anning, foi lançado em 2020 estrelado por Kate Winslet.