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Um grande oceano pode existir na subsuperfície de Plutão

Publicado na Space Today

O coração de Plutão continua nos surpreendendo. Desde que a sonda New Horizons sobrevoou o planeta anão as surpresas científicas não param de chegar. A mais recente, é que uma nova pesquisa sugere que exista um oceano de água no subsolo de Plutão.

Na metade oeste do coração de Plutão, está a Planície Sputnik, uma bacia plana feita principalmente de nitrogênio congelado (como já mostrei num vídeo bem recente). O que acontece então é que Plutão rotacional de modo que o coração e o maior satélite de Plutão, Caronte, estão sempre um voltado para o outro, ou seja, gravitacionalmente travados. Essa posição implica deve existir uma anomalia de massa positiva no coração de Plutão, a massa nesse lado deve estar mais concentrada para compensar a força constante de Caronte.

O geólogo da Universidade Brown, Brandon Johnson, líder do estudo, disse que inicialmente isso não fazia sentido, já que o coração de Plutão era um buraco no solo, ou uma anomalia negativa.

Plutão e Caronte.
Plutão e Caronte.

A equipe de Johnson rodou simulações de explosões de asteroides: um asteroide de 200 km atingiu a superfície de Plutão e isso teria criado a bacia da Planície Sputnik. Em resposta a isso, as camadas do interior se soergueram para preencher esse vazio. Contudo, a camada de gelo de nitrogênio não foi suficiente para dar à Planície Sputnik a anomalia de massa observada. Um material mais denso teria que ter se movido para explicar a distribuição de peso de Plutão.

“Esse cenário necessita de um oceano líquido”, disse Johnson. “Essa camada de oceano teria no mínimo 100 quilômetros de espessura. É realmente espetacular, pensar que temos um objeto tão distante no Sistema Solar, com um oceano de água líquida”.

Normalmente, a sugestão de água líquida gera a expectativa de um ambiente potencial para a vida. Essa possibilidade ainda não está sendo cogitada para Plutão, mas os cientistas já estão muito felizes por aprender cada dia mais sobre o nosso vizinho mais distante. Talvez, Plutão não seja tão diferente da própria Terra.

Sergio Sancevero

Sergio Sancevero

Graduado em Geofísica pela Universidade de São Paulo (1999), mestrado em Ciências e Engenharia do Petróleo pela Universidade de Campinas (2003) e doutorado em Geociências pela Universidade de Campinas (2007). Atuou na empresa ROXAR entre os anos de 2007 e 2011 como consultor especializado na área de modelagem de reservatórios, participando ativamente das atividades da empresa em toda América do Sul. Atualmente trabalha na Landmark como especialista em Geologia voltado exclusivamente para buscar soluções que respondam às atuais demandas do mercado brasileiro. Tem experiência na área de Geociências com ênfase em Geofísica Aplicada.