Por Michelle Starr
Publicado na ScienceAlert
Uma região de manchas solares ativa no Sol está super revoltada: em 31 de março às 17:27 UTC (14:27 no Horário de Brasília), AR2975 entrou em erupção na classe mais poderosa de erupções de que nosso Sol é capaz, uma classe X com período de X1.3.
É a mais poderosa de uma série de erupções emitidas pela região. No momento da escrita desse artigo, o AR2975 emitiu 36 erupções: uma pequena erupção de classe B, 29 erupções medianas de classe C, 9 das mais poderosas erupções de classe M e este monstro de classe X.
Cada classe de erupções é dez vezes mais poderosa que a anterior, com vários graus dentro da classe. A erupção mais poderosa já registrada que atingiu a Terra foi uma erupção X28 que ocorreu em novembro de 2003.
Quando as erupções solares e suas ejeções de massa coronal (EMCs) associadas são desencadeadas na direção geral da Terra, uma baderna espacial generalizada pode acontecer. Uma explosão maciça de partículas solares é lançada no espaço interplanetário; quando essas partículas colidem com o campo magnético e a atmosfera da Terra, as tempestades geomagnéticas são desencadeadas.
Na maioria das vezes, elas passarão mais ou menos despercebidas por nós, habitantes da superfície. Elas podem causar alguns apagões de rádio e navegação, talvez algumas flutuações na rede elétrica e auroras espetaculares iluminando os céus polares à medida que partículas, aceleradas ao longo das linhas do campo magnético da Terra, são depositadas nos polos, onde interagem com a atmosfera.
No caso em questão: uma EMC maciça associada a duas das erupções de classe M de AR2975 deve ter chegado à Terra nos últimos dias, desencadeando uma forte tempestade geomagnética. A menos que você estivesse tirando fotos de auroras, você provavelmente não notou muita coisa.
A erupção da classe X e a subsequente e poderosa erupção M9, emitida por AR2975, de fato ocorreu no lado do Sol voltado para a Terra, mas isso não é garantia de tempestades geomagnéticas. A região está atualmente girando para longe da Terra, e quaisquer partículas solares lançadas no espaço podem dar apenas uma raspada no planeta.
Como analistas não identificados da NOAA citados pela Spaceweather disseram: “A EMC associada à erupção X1 foi modelada e é improvável que tenha impactos significativos na Terra”. No entanto, a chance de aurora é alta nos primeiros dias de abril.
Se você acha que tem ouvido muito sobre a inquietação do Sol ultimamente, você não está errado. Nossa estrela tem sido super turbulenta, com erupções todos os dias desde meados de janeiro e muita atividade antes disso. Isso é bem normal. O Sol passa por ciclos de atividade a cada 11 anos, com um mínimo claramente definido (com atividade mínima de manchas solares e erupções) e máximo.
O mínimo ocorre quando o campo magnético solar está mais fraco. É quando o campo magnético se inverte, com os polos solares trocando de lugar. A partir desse ponto, o campo magnético fica mais forte e a atividade das manchas solares e das erupções aumenta.
Desde que o mínimo solar mais recente ocorreu em dezembro de 2019, atualmente estamos vendo uma atividade crescente. Ciclos solares anteriores mostram níveis semelhantes de atividade no mesmo estágio.
O máximo solar deve ocorrer por volta de julho de 2025, e temos olhado de forma sem precedentes para o Sol. A Solar Orbiter da Agência Espacial Europeia e a Parker Solar Probe da NASA estão se aproximando muito de nossa estrela, mais perto do que qualquer sonda já esteve. Com o máximo solar se aproximando, esperamos obter algumas informações de tirar o fôlego sobre por que o Sol se comporta dessa maneira.