Traduzido por Julio Batista
Original de James R. Riordon para a Science News Magazine
O Universo primordial se transforma de uma paisagem inexpressiva em uma teia complexa em uma nova simulação de supercomputador dos anos de formação do cosmos.
Uma animação da simulação mostra nosso Universo mudando de uma nuvem de gás fria e tênue para a dispersão irregular de galáxias e estrelas que vemos hoje. É a reprodução mais completa, detalhada e precisa da evolução do Universo já produzida, relataram pesquisadores em novembro na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Esse vislumbre virtual do passado do cosmos é o resultado do CoDaIII, a terceira iteração do Projeto Cosmic Dawn, que traça a história do Universo, começando com a “idade das trevas cósmica” cerca de 10 milhões de anos após o Big Bang. Nesse ponto, o gás quente produzido no início dos tempos, cerca de 13,8 bilhões de anos atrás, havia esfriado em uma nuvem sem características marcantes e sem luz, disse o astrônomo Paul Shapiro, da Universidade do Texas em Austin, EUA.
Cerca de 100 milhões de anos depois, pequenas ondulações no gás que sobrou do Big Bang fizeram com que essas nuvens se aglutinassem. Isso levou ao surgimento de filamentos longos que formaram uma teia de matéria onde nasceram galáxias e estrelas.
À medida que a radiação das primeiras galáxias iluminou o Universo, ela arrancou elétrons de átomos nas nuvens de gás outrora frias durante um período chamado de época de reionização, que continuou até cerca de 700 milhões de anos após o Big Bang.
CoDaIII é a primeira simulação a explicar totalmente a complexa interação entre a radiação e o fluxo de matéria no universo, disse Shapiro. Ela abrange o tempo desde a idade das trevas cósmicas até os próximos bilhões de anos, à medida que a distribuição da matéria no Universo moderno se formou.
A animação da simulação, disse Shapiro, mostra graficamente como a estrutura do Universo primitivo está “impressa nas galáxias hoje, que lembram sua juventude, seu nascimento ou seus ancestrais desde a época da reionização”.