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Viajante espacial ‘inesperado’ desafia teorias sobre a origem do Sistema Solar

Traduzido por Julio Batista
Original de Jeff Renaud para a Universidade de Ontario Ocidental

Pesquisadores da Universidade de Ontario Ocidental mostraram que uma bola de fogo que se originou na borda do sistema solar provavelmente era feita de rocha, não de gelo, desafiando crenças antigas sobre como o Sistema Solar foi formado.

Bem na borda do nosso Sistema Solar e a meio caminho das estrelas mais próximas, há uma coleção de objetos gelados navegando pelo espaço, conhecida como Nuvem de Oort. As estrelas passageiras às vezes empurram esses viajantes gelados em direção ao Sol, e nós os vemos como cometas com longas caudas. Os cientistas ainda não observaram nenhum objeto diretamente na Nuvem de Oort, mas tudo o que foi detectado até agora vindo de sua direção era feito de gelo.

Teoricamente, a própria base para entender o início do nosso Sistema Solar é construída sobre o fundamento de que apenas objetos de gelo existem nesses confins externos e, certamente, nada feito de rocha.

Isso mudou no ano passado, quando uma equipe internacional de cientistas, incluindo astrônomos profissionais e amadores liderados por físicos de meteoros, capturaram imagens e vídeos de um meteoroide rochoso que voou pelos céus sobre o centro de Alberta como uma bola de fogo deslumbrante. Desde então, os pesquisadores concluíram que todos os sinais apontam para a origem do objeto bem no meio da Nuvem de Oort.

As descobertas foram publicadas na Nature Astronomy.

(Créditos: Universidade de Ontario Ocidental)

“Esta descoberta apoia um modelo totalmente diferente da formação do Sistema Solar, que sustenta a ideia de que quantidades significativas de material rochoso coexistem com objetos gelados dentro da nuvem de Oort”, disse Denis Vida, pesquisador de pós-doutorado em física de meteoros. “Este resultado não é explicado pelos modelos de formação do Sistema Solar atualmente preferidos. É uma virada de jogo completa.”

Todas as bolas de fogo rochosas anteriores chegaram de muito mais perto da Terra, tornando este corpo – que claramente viajou grandes distâncias – completamente inesperado. As câmeras de última geração do Observatório Global de Bolas de Fogo (GFO, na sigla em inglês), desenvolvidas na Austrália e administradas pela Universidade de Alberta, Canadá, observaram um meteoroide rochoso do tamanho de uma toranja (aproximadamente 2 kg). Usando ferramentas da Rede Global de Meteoros, desenvolvidas após a bola de fogo de Winchombe, pesquisadores ocidentais calcularam que ela estava viajando em uma órbita normalmente reservada apenas para cometas gelados de longo período da Nuvem de Oort.

“Em 70 anos de observações regulares de bolas de fogo, esta é uma das mais peculiares já registradas. Ela valida a estratégia do GFO estabelecida há cinco anos, que ampliou a ‘rede de pesca’ para 5 milhões de quilômetros quadrados de céu e reuniu cientistas especialistas de todo o mundo”, disse Hadrien Devillepoix, pesquisador associado da Universidade Curtin, Austrália, e principal investigador do GFO.

“Ela não apenas nos permite encontrar e estudar meteoritos preciosos, mas é a única maneira de ter a chance de capturar esses eventos mais raros que são essenciais para a compreensão do nosso Sistema Solar”.

Durante seu sobrevoo, a bola de fogo de Alberta desceu muito mais fundo na atmosfera do que objetos gelados em órbitas semelhantes e se quebrou exatamente como uma bola de fogo lançando meteoritos rochosos – a evidência necessária de que era, de fato, feita de rocha. Por outro lado, os cometas são basicamente bolas de neve fofas misturadas com poeira que vaporizam lentamente à medida que se aproximam do Sol. A poeira e os gases dentro deles formam a cauda distinta que pode se estender por milhões de quilômetros.

“Queremos explicar como esse meteoroide rochoso acabou tão longe porque queremos entender nossas próprias origens. Quanto melhor entendermos as condições em que o Sistema Solar foi formado, melhor entenderemos o que foi necessário para gerar vida”, disse Vida.

“Queremos retratar, com a maior precisão possível, esses primeiros momentos do Sistema Solar que foram tão críticos para tudo o que aconteceu depois.”

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.