Publicado no Futurism
A evidência anedótica durante a maior parte da história humana “provou” a existência do paranormal e sobrenatural. De testemunhos oculares dos poderes dos médiuns (tão surpreendente quanto um mágico), a pé-grandes, Monstro do Lago Ness, alienígenas e fantasmas: a história humana é repleta de histórias fantásticas do “inexplicável”. Mas por que a ciência não provou a existência destes fenômenos? São cientistas cegos por suas teorias científicas antiquadas, recusando-se a aceitar a realidade sobrenatural em que vivemos?
Um dos principais argumentos contra qualquer ideia nova que opõe-se a comunidade científica em geral, é o de “aceitar que essa nova ideia atrapalharia (desafiaria) a visão de mundo realizada pelos cientistas em questão”. Há alguma verdade para este tipo de declaração? Afinal, somos todos humanos (pelo menos , até onde eu sei), os cientistas podem dedicar grande parte de suas vidas na busca de uma determinada ideia ou teoria. Além disso, este abre dois outros pontos além do paranormal – a aceitação de teorias alternativas (digamos, a Dinâmica Newtoniana Modificada sobre a Matéria Escura) e o financiamento da pesquisa científica (devemos continuar a investigação das medicinas alternativas que não foram provadas para usá-las em ambientes “tradicionais” de trabalho).
Para analisar esta questão, precisamos olhar para a resposta da comunidade científica para alegações extraordinárias. Um fantástico exemplo disso pode ser encontrado a partir de um estudo que foi publicado por Daryl J. Bem, professor da Cornell University, alegando ter encontrado evidências da existência de poderes psíquicos. Bem, ele não foi jogado para fora da comunidade científica, sua pesquisa não foi censurada pela comunidade científica (em outras palavras, seu estudo foi publicado em um periódico científico). Em vez disso, suas reivindicações foram levadas a sério e outras equipes de pesquisa procuraram reproduzir seus resultados. Fazer repetíveis testes, é um dos aspectos mais importantes do método científico. Para qualquer afirmação ser validada em ciência, o cientista precisa fazer uma predição testável e essa predição precisa ser repetida em condições científicas (em outras palavras, em ambientes com condições controladas). Se outros pesquisadores não conseguirem repetir os resultados do estudo original utilizando a mesma metodologia, significa que algo estava errado com o estudo original.
Para encurtar a história, as outras equipes de pesquisa não obtiveram os mesmos resultados do estudo original de Daryl J. Bem, com isso a validação científica dos poderes psíquicos escapou mais uma vez. Os defensores psíquicos foram rápidos em afirmar que o estudo foi “refutado” por cientistas que tinham como objetivo desacreditar quaisquer alegações de poderes psíquicos. O único problema é que o próprio Daryl J. Bem parabenizou as outras equipes de pesquisa e afirmou que tinha “feito um esforço competente de boa fé para replicar os resultados de uma das minhas experiências sobre precognição” e continuou a dizer que ele tinha saltado para conclusões muito rapidamente.
No reino da ciência, vamos considerar a notícia do “neutrino mais rápido que a velocidade da luz”. Permitam-me definir o cenário para vocês. Era 23 de setembro de 2011, quando o mundo acordou com uma notícia impossível: “cientistas descobrem que os neutrinos viajam mais rápido do que a velocidade da luz”. Manchetes em todo o mundo diziam: “Einstein estava errado?“, “Mais rápido do que a luz, os neutrinos podem contestar a relatividade”, “Físicos estão preocupados com a relatividade”, e afins. De repente, parecia que os avanços científicos do século iriam ruir à nossa volta. A maior parte destas histórias deixa a impressão de que os resultados estavam certos, mas o que eles não disseram é que estes resultados tinham sido ocorrências únicas e que eles não haviam sido confirmados por outros pesquisadores.
A maioria da comunidade científica em geral tentou acalmar a tempestade jornalística desta “descoberta”, dizendo coisas como “a atitude correta é perguntar a si mesmo o que deu errado? Minha reação é que se trata de um alarme falso”. A relatividade é um dos pilares da ciência moderna, por isso, refuta-la seria um grande negócio. A comunidade científica começou a analisar o experimento para determinar se ele era, de fato, válido. No final, eles descobriram que a relatividade desafiava os neutrinos e que estes seriam apenas o resultado de alguns erros simples de medição.
Os cientistas são exploradores do mundo natural. O processo de revisão por pares é uma excelente defesa contra preconceitos humanos. Em ciência, existem basicamente duas maneiras de fazer um nome para si mesmo. Você provar que alguém está errado ou você descobrir algo novo. Einstein será sempre lembrado pela descoberta da relatividade. Copérnico, Kepler e Galileu serão sempre lembrado pelos avanços no heliocentrismo (entre outras coisas). Se eu definitivamente refutasse a evolução amanhã, eu entraria para a história da ciência e provavelmente estaria a um passo de ganhar o Prêmio Nobel.
Por que a ciência não provou a existência do paranormal? Simplesmente porque há pouca ou nenhuma evidência de apoio para a sua existência. Se massagear sua “aura” curasse doenças, a comunidade médica iria sucumbir ao método. Se os médiuns (videntes) pudessem prever com precisão o futuro, falar com os mortos ou ver coisas distantes, as pessoas que trabalham com busca e salvamento iriam empregar essas pessoas “talentosas” como se não houvesse o amanhã.
Do ponto de vista financeiro, há muito dinheiro e uma grande variedade de problemas científicos para combater. Quando uma ideia científica tem alguma credibilidade, os recursos são dedicados ao seu estudo. Até agora, ainda não foi provado quaisquer alegações de apoio ao sobrenatural e não é uma forte área de estudo devido à falta de provas (embora, o estudo ainda é realizado em diferentes campos do “sobrenatural”). Por que isto acontece? Não é porque os cientistas se recusam a olhar para as evidências, é porque a evidência simplesmente não está lá.