A astrologia é uma das pseudociências mais antigas da história da humanidade. Apesar de seus 5 mil anos de existência sustentarem-se sem quaisquer evidências empíricas, a astrologia ainda é extremamente popular – e entretente – pelo seu grau de convencimento. Eis algumas razões pelas quais a astrologia não faz o menor sentido:
- “A influência gravitacional dos astros é responsável pela personalidade.”
Tanto a teoria gravitacional de Einstein e Newton quanto o Eletromagnetismo de Maxwell mostram, matematicamente, que a atração gravitacional entre os astros e os humanos são muito desprezíveis. Para você ter uma ideia, a atração gravitacional entre duas pessoas próximas conversando é 6 vezes maior que a atração de Marte e alguém aqui na Terra.
- “Existe uma força não conhecida pela ciência que independe da distância.”
Ora, por que então só os astros visíveis na terra são responsáveis por influenciar a nossa personalidade? Por que objetos e eventos astronômicos muito maiores e mais fascinantes (Como buracos negros, galáxias, supernovas e etc.) não nos influenciam?
- Existe uma Constelação do zodíaco extra.
Os astrônomos e cientistas descobriram uma constelação do zodíaco chamada Ofiúco muito depois do surgimento da astrologia. Por acaso você já viu alguém deste signo?
- Estudo de Silverman¹
O cientista Bernie Silverman analisou milhares de relacionamentos entre pessoas de signos “compatíveis” e “incompatíveis”. Conclusão: As pessoas casam-se e divorciam-se na mesma frequência, independente do signo.
- Estudo de John A.P. ²
Neste estudo, 23 mil pessoas de vários signos foram analisadas. Conclusão: Não havia nenhuma correlação em suas personalidades.
- O movimento de precessão da Terra.
Por volta de 4200 a.C., quando surgiram os primeiros escritos sobre os astros, a astrologia e a Astronomia eram uma só. Enquanto a Astronomia se desenvolveu a partir do método científico, a astrologia manteve-se estagnada. Assim, os dados astrológicos também permaneceram inalterados, e é ai onde a precessão entra!
O movimento de precessão terrestre é um fenômeno causado pelas forças exercidas pelo Sol e pela Lua na Terra que fazem com que o planeta tenha uma inclinação de aproximadamente 23,5° em relação ao eixo com o Sol. A cada 26 mil anos, uma volta completa é dada entorno desse eixo.
Esse movimento por se dar no polo do planeta, acaba “mudando de lugar” as estrelas. A cada ano, a terra sofre um movimento de precessão de cerca de 20 minutos (0°20’). Porém, em cerca de 2160 anos, a mudança já é de um mês de seu lugar de origem, ou seja, se hoje o dia 30 de março é considerado pertencente a Áries, daqui a 2000 anos será pertencente a Peixes, e assim sucessivamente até completar uma volta completa. Ou seja, o seu signo está errado!
- Inúmeros outros estudos acadêmicos ³⁴⁵⁶⁷
Mas por que então a astrologia é tão convincente ao nos detalhar tão adequadamente?
Em 1948, o cientista Bertram Forer deu um papel para cada estudante seu descrevendo-o a sua personalidade de maneira detalhada e pediu para que avaliassem de 0 a 5 o quanto que aquele texto o descrevia. A média da sala foi de 4,26.
No entanto, todos os textos eram exatamente iguais!
Assim, percebeu-se um efeito psicológico de identificação que certos textos causavam nas pessoas. Tal fenômeno foi batizado de Efeito Forer. ⁸
O texto na íntegra que o Forer entregou aos seus alunos pode ser lido aqui.
Referências
- Silverman, B.I Studies of Astrology. The Journal of Psychology. 1971, 77, 141-149.
- Innumeracy, Paulos J.A.
- Introversion-Extraversion:astrology versus psychology, Jan J.F. Van Rooij, Person. Individ . Diff. Vol. 16. No. 6, 985-988,1994.
- A Double Blind Test of Astrology, S Carlson, 1985, Nature, Vol 318, p. 419.
- Carlson S. Astrology. Experientia, Volume 44(4), 15 Abr, 1988, Páginas 290-297.
- Suitbert Ertel. Geoffrey Dean; Are personality differences between twins predicted by astrology? Personality and Individual Differences, vol, 21, no. 3, pp, 449-454, 1996.
- Roger Culver e Philip Lanna. Astrology: True or False, (1988, Prometheus Books).
- Forer, B.R (1949). “The fallacy of personal validation: A classrom demonstration of guilibility”. Journal of Abnormal and Social Psychology (American Psychological Association) 44 (1): 118-123.