Ormezinda Fernandes, pesquisadora do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), está trabalhando em um estudo interessante que visa desenvolver remédios para problemas cardiovasculares a partir do potencial farmacológico de fungos e bactérias da região amazônica.
A pesquisadora separou em vários substratos, tais como água, solo e ar, bactérias e fungos que pudessem produzir proteases capazes de atuar diretamente desfazendo coágulos sanguíneos, característicos em quadros de doenças cardiovasculares. Cerca de 150 microrganismos participaram da triagem.
A pesquisadora comenta que 30% dos microrganismos estudados contém ação fibrinolítica, ou seja, desfazem os coágulos. “Esse é o primeiro passo para chegarmos ao medicamento. Temos que ter o microrganismo produtor do material e as condições prévias para essa produção. Isso já estamos fazendo. O próximo passo serão os ensaios clínicos, testar em pequenos animais, ou seja, estimular um coágulo sanguíneo e testar a enzima para saber de que forma ela está agindo”, diz a pesquisadora.
Ormezinda salienta que, além de desenvolver a medicação, o estudo também tem como objetivo baratear o tratamento para doenças cardiovasculares, uma vez que o custo desses remédios será bem menor do que os que estão no mercado atualmente. “O que queremos mostrar é que a biodiversidade amazônica tem esse potencial de investimento biotecnológico, tanto que estamos encontrando esses microrganismos produtores dessas enzimas e, quando vamos relacionar com o que é encontrado na literatura com outros microrganismos de outras regiões, e de países, em alguns casos, nossa produção é bem melhor que a deles”, finaliza a pesquisadora.
Via site da Fapeam.