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Pesquisadores debatem sobre alternativas à construção de novas hidrelétricas na Amazônia

 

Um grupo de pesquisadores dos EUA, do Brasil e do Reino Unido publicaram no periódico Biodiversity and Conservation um artigo sobre como a construção de barragens e hidrelétricas na Amazônia impacta a diversidade aquática e terrestre. Eles alertam para o fato das bacias hidrográficas da Amazônia e do Tocantins representaram 6% do potencial hidrelétrico global e que os noves países que compõe o bioma amazônico já construíram 191 barragens e pretendem desenvolver mais 264 barragens adicionais.

O artigo diz que “A Amazônia ultimamente tornou-se sinônimo de desenvolvimento de barragem” por conta de toda a água drenada pelos 6,8 milhões de quilômetros de bacia que corresponde a 18% dos rios mundiais. Atualmente, estão em construção a usina de Guri da Venezuela, com capacidade de 10.325 megawatts (MW) e a de Belo Monte, no Xingu, com a capacidade de 11.233 MW.

Segundo o trabalho, a diversidade de peixes beta foi afetada por conta de barragens que influenciaram no transporte de sedimentos e favoreceu espécies aquáticas invasoras. Além disso, as regras operacionais para se instalar uma barragem não levam em consideração as necessidades ecológicas dos ecossistemas, reduzindo muito os ciclos naturais e mascarando ou eliminando as condições ambientais necessárias para o início da desova de peixes .

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Em a), região do Xingu conhecida como Big Bend. Projeto da hidrelétrica deixará essa parte com apenas 20% do seu fluxo atual. Em b), uma espécie não descrita que vive no fundo do Big Bend. Em c), passagem da Usina Hidrelétrica Santo Antônio do Brasil no Rio Madeira do Brasil em 2012. Em d), trecho que pode ser inundado com a construção da barragem de Jamanxim, no Pará. Em e), um peixe acari zebra se escondendo de espécie invasora nas rochas do Xingu. E em f), andorinhões escuros no Sul do Pará que podem perder seu habitat nas paredes de cachoeiras no Pará.

Os nichos de muitas espécies de peixes são constantemente removidos por conta da construção de barragens; as hidrelétricas aumentam a extensão dos ambientes de água doce, mas estes novos ambientes são de péssima qualidade para os organismos aquáticos. A Ciência desconhece cerca de 30 a 40% da fauna total de água doce neotropical e grande parte dessa fauna pode desaparecer antes que tenhamos consciência de sua existência.

“O Brasil tem melhores opções de geração de energia e dispõe de um enorme potencial em outras fontes renováveis, como a eólica e a solar”, diz Phillip Fearnside, um dos autores do artigo e pesquisador do Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA). Os autores também argumentam que a construção de grandes usinas em partes baixas dos grandes afluentes podem ser evitadas através da construção de usinas menores em trechos intermediários dos rios.

A diversificação da matriz energética brasileira e dos países vizinhos da Amazônia reduz a dependência de hidrelétricas, reduz perdas de energia e moderniza ou repotencializa as usinas antigas.

Veja o artigo na íntegra: http://bit.ly/1Rqn6bd

Leia mais: http://bit.ly/1UObNiT

Yara Laiz Souza

Yara Laiz Souza

Estudante de Ciências Biológicas na Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Divulgadora Científica nas redes sociais, escreve para diversos sites e revistas online, tem uma modesta página no Facebook (Ciência em Pauta - Por Yara Laiz Souza) e, nas horas vagas, cultua fotos do Benedict Cumberbatch no celular.