Taxonomia é o campo de pesquisa da biologia que tem como objetivo identificar, descrever e classificar a diversidade de seres vivos.
O próprio trabalho de Darwin só foi possível graças ao inventário disponibilizado pelos taxonomistas anteriores a ele. E também o prosseguimento, e o desenvolvimento de sua teoria se deram em grande parte pelo trabalho contínuo de descrição e classificação que veio depois dele, sempre corroborando para a teoria.
E toda ciência, ao longo de seu desenvolvimento, mas principalmente no início, precisa acumular um certo número de fatos e descrições de modo a dar subsídio para respostas de como os sistemas e objetos de estudo dessa ciência funcionam.
A taxonomia é uma prática muito antiga, já que sempre foi necessária para se prevenir dos perigos e saber das propriedades dos alimentos e das plantas com propriedades medicinais. Alguns registros de classificação de seres vivos datam de 3000 AC anos na china, e alguns desenhos de plantas são encontrados a partir de 1500 AC no Egito.
A taxonomia agrupa os seres vivos de acordo com determinados caracteres em comum escolhidos arbitrariamente de modo subjetivo.
Táxon é uma unidade da classificação de seres vivos. É um grupo que pode estar situado em qualquer nível de um sistema de classificação, por exemplo, Reino, Família, ou Espécie.
Estes grupos, a partir de Lineu e até pouco antes de Darwin eram arbitrários, se utilizando de critérios de certo interesse em particular para classificar as espécies. O critério usado era geralmente morfológico já que é mais evidentes do que outros como o embriológico, por exemplo. A partir de Darwin e da teoria da evolução, passa-se então, paulatinamente a se utilizar o critério do ancestral comum – o grau de parentesco (filogenia) entre as espécies para classificá-las.
A taxonomia teve dois momentos de especial interesse em sua história, sendo o primeiro com Aristóteles por volta de 330 AC. Tal interesse está ligado à disponibilidade de espécimes que eram trazidos a Aristóteles graças à expansão do Império de Alexandre Magno, que por sua vez era aluno de Aristóteles.
Outro momento notável que a taxonomia experimentou, de crescimento exponencial de espécies descritas, foi com Carl von Lineu no século XVIII. Graças às grandes navegações de exploração e graças a ação de exploradores individuais, Lineu teve acesso a um sem fim de espécimes esperando por serem descritas e classificadas.
Assim, desde Aristóteles a taxonomia experimentou dois grandes momentos de ouro e dois grandes declínios.
Taxonomia e Sistemática
Com o lançamento de A Origem das Espécies 1859, a classificação do mundo vivo ganhou um novo significado que despertou novamente o interesse dos taxonomistas, que agora tinham a missão não só de identificar, descrever e classificar novas espécies, mas fazê-lo de modo a remontar sua história natural a partir da elaboração de uma Árvore da Vida que usasse um critério objetivo e talvez o único que seja natural: a origem das espécies e a relação entre elas. Esse novo componente amplia o escopo da pesquisa, que passa a se chamar SISTEMÁTICA.
Portanto, Sistemática é um conceito mais amplo do que a taxonomia, largamente adotado pelos biólogos após a publicação da teoria de Darwin. Esse conceito inclui fazer a comparação do maior número de caracteres possível de modo a encontrar a precisa relação evolutiva entre as espécies.
A sistemática adota como critério a relação de parentesco entre as espécies para classificá-las
Posto que Filogenia é o conceito que estabelece o parentesco evolutivo entre as espécies, o argumento fundamental que recomenda essa prática diz que a hierarquia filogenética existe independente dos métodos que usamos para descobri-la.
Devido a ampla aceitação da teoria da evolução, como mecanismo da formação das espécies, recomenda-se que os grupos taxonômicos sejam monofiléticos, ou seja, classificar toda a diversidade natural com base no ancestral comum em grupos de nível hierárquico cada vez maiores de modo que todos os seres vivos tenham sua origem rastreada até um único ancestral em comum.
O profissional que lida com a Taxonomia é o Taxonomista, enquanto o profissional da Sistemática é o Sistemata. Claro que muitas vezes um poderá adentrar no campo de pesquisa do outro, e eventualmente o especialista de uma área totalmente distinta também o fará.
Os Sistematas argumentam que a Filogenia é o único critério natural para agrupar as espécies
Mesmo que não haja consenso sobre as técnicas utilizadas na inferência de uma determinada relação filogenética, é sempre possível recorrer a mais fontes ainda não utilizadas. E mesmo que não se resolva a questão, e mesmo que não se descubra uma determinada relação filogenética, ela ainda assim existe independentemente do nível de conhecimento atingido até um dado momento.
Por isso, a Sistemática adota como princípio que os organismos sejam classificados de acordo com as suas relações evolutivas, ou seja, duas espécies devem ser classificadas de acordo com o quão recente é o seu ancestral comum. De forma que duas espécies que possuem um ancestral comum mais recente serão agrupadas em um mesmo grupo, de grau mais baixo do que o de duas espécies que possuem um ancestral comum mais distante. Quanto mais distante for o ancestral comum a duas espécies, maior será a distância entre o os seus respectivos táxons. O objetivo último da Sistemática é realizar a classificação tanto de espécies vivas quanto de fósseis de forma continua, até que todas as espécies estejam contidas em um único grupo com o mais distante ancestral comum à vida, e contendo todos os descendentes dele.
O principal método de classificação usada pela Sistemática chama-se Cladística
A Filogenia é o único critério de classificação usado na Sistemática, enquanto a Cladística é o principal método de classificação usado pelos Sistematas. A sistemática clássica, anterior a revolução molecular se utilizava da anatomia comparada, fisiologia, embriologia e paleontologia para determinar relações filogenéticas.
Um dos passos na realização da análise cladística é identificar qual o estado de um caracter de uma espécie em relação a um caracter de outra espécie. Ou seja, identificar a polarização de um caracter em relação a outro.
Plesiomorfia x Apomorfia
- Plesiomorfia é um caracter ancestral em relação a um outro caracter. Ou seja, é um caracter mais antigo que deu origem a um outro mais recente.
- Apomorfia é um caracter derivado de um caracter ancestral. Em outras palavras, é um caracter que evoluiu de um caracter mais antigo.
*A Sistemática utiliza apenas caracteres apomórficos em suas análises, pois a plesiomorfia não é confiável para determinar relações filogenéticas dentro dos grupos.
Sinapomorfia x Autapomorfia (conceitos mais amplos que os anteriores, e que se utilizam do conceito de apomorfia)
- Sinapomorfia é um conceito mais restrito a medida que utiliza o conceito de apomorfia em sua definição. Sinapomorfia é um caracter em comum a dois grupo “e” que seja derivado de um caracter ancestral. Ou seja, para satisfazer o conceito de sinapomofia, o caracter deve obedecer a duas condições.
- Autapomorfias são caracteres derivados de um ancestral mas que ocorrem em um único grupo, e por isso não são utilizados para determinar a relação filogenética entre grupos pois não responde a nenhuma questão neste contexto.
*Importante destacar que os conceitos definidos acima, envolvem sempre uma relação entre caracteres, ou seja, não é possível afirmar algo sobre um caracter sem analisar um outro caracter.